"O que o governo vai fazer por vocês? Nada, o governo não vai fazer nada. Vocês têm de se virar." Esse foi o início do discurso do ministro da Educação, Abraham Weintraub, na manhã desta quinta-feira, 26, durante a abertura do Fórum Nacional do Ensino Superior. A resposta foi direcionada ao presidente do Semesp, entidade que representa os donos de faculdades particulares, que havia perguntado sobre a política do governo para recuperar o Financiamento Estudantil (Fies).
"O Fies foi um crime do ponto de vista financeiro. Metade dos alunos financiados está inadimplente, é uma bomba que vai ter de ser desatada. Muitos de vocês aqui estão com esse problema nas mãos", disse o ministro. Em uma fala de 20 minutos, Weintraub também voltou a atacar as universidades federais, os professores dessas instituições e a nova proposta que está sendo debatida para o Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação Básica (Fundeb).
Ele defendeu o projeto Future-se, que propõe uma alternativa de financiamento para as universidades federais, e a autorregulação das faculdades privadas. "Pela primeira vez em cem anos, o País tem um liberal na presidência e à frente do MEC. Aproveitem essa oportunidade, aproveitem que nós não ficamos criando problema para vender solução", disse.
O ministro defende afrouxar as regras de fiscalização e credenciamento para a abertura de novos cursos e faculdades privadas. Segundo ele, o mercado pode se autorregular e cobrou que o setor é quem deve apresentar a proposta de autorregulação para o MEC. "Vamos dar liberdade e cobrar responsabilidade (das entidades de ensino privado). Quem pisar fora da linha, vai ter de lidar com o juiz Sérgio Moro", disse.
O tom agressivo de Weintraub com diversas críticas ao setor privado, até então uma das poucas áreas da Educação que não havia sido atacada pelo ministro, causou desconforto na plateia, composta por donos e dirigentes das principais faculdades particulares do País. Weintraub também criticou a cor do painel do evento, que era vermelha, e sugeriu à organização que mudasse o slogan ("Uma nova forma de pensar a educação"). "Tem que tirar educação e pôr ensino. A gente não tem de dar educação, mas sim ensino. Quem educa é a família", afirmou.
Em seguida, o ministro defendeu a ausência do Estado e disse que o principal problema do MEC é "gastar uma fortuna com um grupo pequeno de pessoas", os professores de universidades federais. "Eu tenho que ir atrás da zebra mais gorda, que está na universidade federal trabalhando em regime de dedicação exclusiva para dar só 8 horas de aula por semana e ganhar R$ 15 mil, R$ 20 mil."
Apesar das críticas ao evento e de dizer que "o governo não vai fazer nada para o setor", o ministro pediu o apoio dos donos de faculdades privadas para defender o Future-se e rejeitar a atual proposta do Fundeb. "A gente precisa do apoio de vocês para o Future-se, que vai desafogar o ministério, e para um Fundeb correto. A atual proposta vai quebrar o governo e aí não vai haver financiamento para o setor privado", disse.
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