Durante a transmissão de cargo, o novo ministro da Educação, Abraham Weintraub, fez um discurso duro e direto contra a disputa interna na pasta entre grupos “olavistas” e grupos militares. O ministro disse que chega para “pacificar”, mas estava decretando “um novo rumo” dentro da instituição e que, “quem não ficar satisfeito”, será retirado.
“A gente vai pacificar o MEC. Como funciona a paz? A paz a gente está decretando a partir de agora, que o MEC tem um rumo e uma direção. E quem não estiver satisfeito com ela, por favor, avise que vai ser retirado”, afirmou o ministro.
- Foto: Dida Sampaio/Estadão ConteúdoAbraham Weintraub
O discurso durou pouco mais de oito minutos e teve um tom constante de crítica às disputas internas na pasta. O Estado mostrou que a disputa entre grupos olavistas e militares contribuiu para a queda do ex-ministro Ricardo Vélez Rodríguez. Em grupos privados e nas redes sociais, integrantes do grupo do filósofo e escritor Olavo de Carvalho acusaram militares de tentarem expurgá-los do Ministério da Educação para frear as investigações da “Lava Jato da Educação”, um pente-fino anunciado pelo governo nos contratos firmados nas gestões passadas.
Os “olavistas” acusavam coronéis e generais da reserva com cargos na pasta de isolarem o então ministro Vélez Rodríguez e “sabotaram” ações no setor defendidas na campanha de Jair Bolsonaro. Em seu breve discurso, o novo ministro afirmou que não haverá espaço para contestar as diretrizes do governo Bolsonaro.
“Eu posso ter posição diferente do presidente Bolsonaro. Eu tenho duas alternativas: ou eu obedeço ou eu caio fora”, afirmou o ministro. “A pessoa pode ter a convicção pessoal que for. Eu tenho as minhas convicções pessoais. Mas a partir do momento que eu entro no governo, eu tenho que me pautar pelas convicções que são feitas pelo topo”, completou.
Para o ministro, a pasta deve haver só uma direção: “Não existe hipótese que aqui dentro vai ter discordância”.
Antes dele, ex-ministro Vélez Rodréguez defendeu sua gestão a frente da pasta e criticou a imprensa. Em um discurso de 20 minutos, Vélez afirmou que “organizou a casa” e deixou um caminho a ser trilhado pelo novo titula. O ex-ministro afirmou que pagou um preço por propor mudanças profundas no MEC.
“O senhor vai encontrar a casa em ordem. As cinco secretarias funcionando a contento”, afirmou completando: “Paguei um preço, mas não me arrependo. Nunca esmoreci para tirar do MEC as más práticas”.
O ex-ministro fez questão de ressaltar que a Lava Jato da Educação anunciado pelo governo no início do ano, mas que até o momento não apresentou resultados práticos está “ativo” e que as primeiras remeças de documentos e nomes foram remetidos ao Ministério da Justiça.
O discurso foi marcado pela defesa dos um dos poucos mais de três meses que esteve na pasta. Velez citou cada um dos generais que faz parte do corpo do MEC e foi interrompido apenas uma vez.
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