A deputada federal Gleisi Hoffmann , presidente do PT, assumirá um cargo no Governo Lula após a reforma ministerial, prevista para ocorrer até março. A pasta destinada a ela será a Secretaria-Geral da Presidência, atualmente responsável pela interlocução entre o Palácio do Planalto e os movimentos sociais. A mudança exige um rearranjo interno no PT, que se prepara para as eleições diretas, previstas para julho deste ano. A decisão sobre o novo presidente do partido também dependerá da escolha do substituto de Gleisi, que passará pelo crivo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

A entrada de Gleisi no governo implica mudanças dentro do PT. A direção nacional do partido será temporariamente assumida por um vice-presidente até que as eleições internas se realizem em julho. Dois nomes estão sendo cogitados para essa função: José Guimarães, líder do governo na Câmara, e Humberto Costa, senador de Pernambuco. A escolha dependerá principalmente de uma articulação política entre Lula e as lideranças do PT. Nesse cenário, o presidente do partido será responsável por conduzir o Processo de Eleição Direta (PED), definindo o futuro da sigla

Foto: Lucas Dias/GP1
Deputada federal Gleisi Hoffmann

Em paralelo à movimentação no PT, a reformulação do ministério envolve também a questão do destino de Márcio Macêdo, atual ministro da Secretaria-Geral. Lula avalia substituir Macêdo para dar mais atenção à relação com os movimentos sociais, uma demanda crescente dentro do governo. Embora o presidente tenha uma relação de apreço com Macêdo, que foi tesoureiro da campanha de 2022, ele considera que a pasta precisa de um nome com maior proximidade dos grupos sociais organizados para enfrentar desafios políticos da segunda metade do mandato.

A reforma ministerial ocorre em meio a uma perda de popularidade do governo, conforme apontou uma pesquisa recente. A sondagem revelou que o governo perdeu apoio até mesmo em segmentos tradicionais de seu eleitorado, como as classes de baixa renda e o Nordeste, o que torna ainda mais relevante a troca de ministros e a busca por uma maior articulação com o centrão e outras forças políticas. Além disso, o presidente planeja utilizar a reforma para estabelecer uma base de apoio mais sólida para as eleições de 2026, caso decida não concorrer à reeleição.

Embora o PT esteja perdendo parte de seu espaço no governo, com a saída de alguns ministros como Cida Gonçalves do Ministério das Mulheres, o partido ainda deve manter o controle de algumas pastas-chave, como Educação e Casa Civil. Lula, inclusive, avalia que a pasta do Desenvolvimento Social, que engloba o Bolsa Família, deve continuar sob a responsabilidade do PT, com Wellington Dias permanecendo no cargo. No entanto, o PSD, partido de Gilberto Kassab, tenta emplacar o deputado Antônio Brito no Ministério do Desenvolvimento Social, buscando ampliar sua participação no governo.

A troca de Gleisi Hoffmann para o primeiro escalão também conjetura uma tentativa de aproximação do PT com um espectro político mais ao centro. Lula, que busca fortalecer o diálogo com outras correntes políticas, teria em Edinho Silva, ex-prefeito e ex-ministro, o nome ideal para suceder Gleisi na presidência do PT. A escolha de Edinho representaria uma mudança no partido, apontando uma tendência mais moderada no PT para o futuro. Entretanto, essa movimentação interna no PT ocorre em um momento de divisões internas sobre a condução do partido, o que pode dificultar a escolha do novo presidente.