A diretora da ONG Pacto Social & Carcerário , Luciene Neves Ferreira , alvo de investigação da Polícia Federal, participou de uma audiência na Câmara dos Deputados e recebeu R$ 1,1 mil em passagens pagas pelo Governo Federal no ano de 2016, além de R$ 4,6 mil em auxílio emergencial entre 2020 e 2021. A organização, presidida por ela, foi alvo de investigação da Polícia Federal , suspeita de ligação com o Primeiro Comando da Capital (PCC). Já em 2023, Luciene Neves, teve outro acesso à Câmara Federal, para mais um evento.
O pagamento das passagens aéreas de Luciene Ferreira foi realizado para cobrir sua participação como delegada da 4ª Conferência Nacional de Políticas para as Mulheres, em 2016. Ela viajou de São Paulo a Brasília no dia 10 de maio daquele ano e retornou três dias depois. O evento tinha o objetivo de debater com a sociedade civil propostas para a formulação de políticas públicas.
Já o auxílio emergencial de R$ 4,6 mil foi pago entre junho de 2020 e outubro de 2021, distribuído em 10 parcelas: cinco de R$ 600 e três de R$ 150. Luciene foi incluída como beneficiária extra do Cadastro Único (CadÚnico), responsável por identificar famílias de baixa renda no Brasil.
Em 30 de agosto de 2023, Luciene participou de uma audiência pública na Comissão de Direitos Humanos, Minorias e Igualdade Racial da Câmara dos Deputados. Durante o encontro sobre “condições dos cárceres, prevenção e combate à tortura”, ela afirmou: “Meu companheiro é graduado e pós-graduado. Eu também sou acadêmica. Minhas filhas, que foram geradas no sistema prisional, são acadêmicas também. Nós temos uma bandeira, nós temos uma causa.”
Entenda o caso
A Polícia Federal deflagrou na última quarta-feira (15) a Operação Scream Fake e prendeu 12 pessoas acusadas de associação com o PCC. Entre os detidos estão o presidente e o vice-presidente da ONG Pacto Social & Carcerário.
A apuração teve início com a apreensão de cartões de memória e manuscritos de um visitante de um presídio. O material revelou que o PCC organizava suas atividades em setores como “gravatas”, “saúde”, “financeiro” e “reivindicações”, sendo que a ONG, supostamente, atuava na promoção de manifestações e denúncias com o objetivo de desestabilizar o sistema de justiça criminal. A organização nega envolvimento.
ONG envolvida em atividades suspeitas
A investigação revelou, conforme relatado pela colunista Mirelle Pinheiro, do Metrópoles, que o PCC planejava ações além de manifestações pacíficas. Durante a operação, a polícia apreendeu armas, coletes balísticos e radiocomunicadores, que seriam utilizados em atividades coordenadas pela facção criminosa com o apoio da ONG Pacto Social & Carcerário. Esses materiais eram aparentemente empregados para promover atos judiciais e populares conforme os interesses da organização criminosa.