Servidores do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística ( IBGE ) publicaram uma carta aberta nesta sexta-feira (20), criticando a gestão do presidente Marcio Pochmann , nomeado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em julho do ano passado. No documento, os funcionários afirmam que a escolha de Pochmann resultou em decisões “centralizadoras, arbitrárias e autocráticas”, prejudicando o funcionamento do IBGE. Eles pedem o fim do mandato de Pochmann e afirmam que “já não o consideram como presidente” da instituição.
A carta foi publicada por meio de um formulário on-line, convocando outros funcionários do órgão a se manifestarem, com espaço para preenchimento de nome, sobrenome e número do SIAPE. Os servidores destacaram quatro críticas principais: a criação sigilosa da fundação “IBGE+”, a reformulação do estatuto do IBGE, as “viagens excessivas” de Pochmann em um cenário de escassez de recursos e as mudanças no regime de trabalho dos funcionários.
Segundo os servidores, a fundação IBGE+, uma entidade de apoio de direito privado, foi criada de forma reservada ao longo de onze meses, sem diálogo com os trabalhadores. A entidade foi anunciada dois meses após ser oficializada em cartório, levantando dúvidas sobre sua finalidade e independência técnica e administrativa do instituto. A reformulação do estatuto do IBGE também foi questionada por estar sendo conduzida de forma pouco transparente, impactando a governança do instituto.
Os funcionários também criticaram as frequentes viagens de Pochmann, especialmente em um período de escassez financeira que levou o órgão a atrasar aluguel e comprometer pesquisas. Além disso, a possibilidade de transferência dos servidores do centro do Rio para o Horto Florestal, na zona norte da cidade, gerou insatisfação devido ao acesso precário e poucas linhas de transporte público.
O sindicato nacional dos servidores do IBGE, Assibge-SN, convocou os trabalhadores para um ato de protesto contra as “medidas autoritárias” de Marcio Pochmann. O ato está marcado para o dia 26, às 10h, em frente à sede do IBGE no Rio de Janeiro, localizada na Avenida Franklin Roosevelt.