Imagens de conversas entre o gabinete do ministro Alexandre de Moraes e o órgão de combate à desinformação do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) indicam que o ministro ou um juiz assessor escolhiam quem seria alvo da investigação. As informações são do veículo de informação Folha de S. Paulo.

Além disso, os diálogos mostram que a equipe ajustava os relatórios para ficar a seu contento e, em alguns casos, eram elaborados de modo a embasar uma ação pré-determinada, como multa ou bloqueio de contas e de redes sociais. Um exemplo de alvo foi a revista Oeste, conhecida por publicações de perfil de direita.

Foto: GP1
A troca de mensagens se deu no dia 06 de dezembro, conforme o meio de comunicação Folha de S. Paulo

A conversa que a Folha de S. Paulo obteve é entre Airton Vieira, juiz instrutor do gabinete de Moraes no STF; Marco Antônio Vargas, juiz auxiliar de Moraes durante sua presidência no TSE; e Eduardo Tagliaferro, então chefe da AEED (Assessoria Especial de Enfrentamento à Desinformação), órgão que era subordinado a Moraes na corte eleitoral.

Procurado pela imprensa, o gabinete de Moraes disse que "todos os procedimentos foram oficiais, regulares e estão devidamente documentados nos inquéritos e investigações em curso no STF, com integral participação da Procuradoria-Geral da República".

Continuação da conversa

A continuação da conversa se deu no dia seguinte, em 07 de dezembro de 2022, em um grupo entre Tagliaferro, Airton Martins e Marco Antônio Martins Vargas, juiz auxiliar de Moraes no TSE.

Por volta das 17h, Tagliaferro avisou que na revista Oeste encontrou apenas "publicações jornalísticas", que "não estavam falando nada" e perguntou o que, então, ele deveria colocar no relatório.

Airton Vieira respondeu em seguida. "Use a sua criatividade… rsrsrs." E completou: "Pegue uma ou outra fala, opinião mais ácida e… O Ministro entendeu que está extrapolando com base naquilo que enviou… ".

"Vou dar um jeito rsrsrs", disse Tagliaferro.