Levantamento revelou discrepâncias nos pagamentos de membros dos tribunais de contas estaduais . Foi identificado que, nos últimos dez meses, 68 conselheiros receberam remunerações superiores ao teto do funcionalismo público, atualmente fixado em R$ 44 mil. Em alguns casos, esses pagamentos alcançaram valores impressionantes, com uma média de R$ 100 mil mensais.

A pesquisa conduzida pelo jornal O Estado de S. Paulo em colaboração com a organização não governamental (ONG) Fiquem Sabendo , analisou 1.200 contracheques de 127 conselheiros de tribunais de contas de 13 estados, abrangendo um gasto total de R$ 54 milhões durante o período. A investigação revelou que, ao menos 60 conselheiros receberam acima de R$ 100 mil mensais, enquanto os valores pagos aos conselheiros mais bem remunerados superaram R$ 27 milhões — um montante que equivale a metade do custo anual dos tribunais analisados.

Em alguns tribunais, como os de Goiás e Tocantins, as justificativas para os supersalários foram relacionadas ao pagamento de 13º salário, enquanto em São Paulo os altos valores foram atribuídos a verbas indenizatórias, que variaram entre R$ 83 mil e R$ 101 mil. No Tribunal de Contas de Minas Gerais, as autoridades afirmaram que os valores incluem verbas indenizatórias, como auxílio saúde, alimentação e férias, conforme a legislação vigente.

Os dados revelam também a desigualdade entre os tribunais. O Tribunal de Contas de Roraima, por exemplo, registrou valores exorbitantes, com quatro conselheiros recebendo entre R$ 1,3 milhão e R$ 1,7 milhão de janeiro a setembro deste ano, uma média de R$ 180 mil por conselheiro. Já o Tribunal de Contas de Pernambuco, o segundo maior em remuneração média, atingiu R$ 60 mil mensais.

A ONG Fiquem Sabendo ainda destacou a falta de transparência em 14 unidades federativas, que não disponibilizam informações acessíveis sobre as remunerações, o que levou à exclusão desses dados da análise geral.