*Josenildo Melo
O Papa Francisco visitou o Parlamento Europeu, terça-feira, 25 de novembro de 2014, e pediu aos eurodeputados para manterem viva a democracia. É a segunda vez que um Papa discursa em sessão plenária. O primeiro foi João Paulo II em 1988. O emprego, a educação e a imigração foram alguns dos temas abordados. O Papa foi recebido pelo Presidente do Parlamento Europeu, Martin Schulz. Juntos assistiram a uma cerimônia de boas-vindas durante a qual foi içada a bandeira do Vaticano e foram ouvidos os hinos da União Europeia e do Vaticano.
Em seu discurso na sessão plenária, o Papa sublinhou a importância dos direitos humanos e da dignidade. Enviou a todos os cidadãos europeus uma mensagem de esperança e de encorajamento. Elogiou o empenho da União Europeia para promover os direitos humanos e defender a dignidade.
Trechos do discurso: «Dignidade» é a palavra-chave que caracterizou a recuperação após a Segunda Guerra Mundial. A nossa história recente caracteriza-se pela inegável centralidade da promoção da dignidade humana contra as múltiplas violências e discriminações que não faltaram, ao longo dos séculos, nem mesmo na Europa. A percepção da importância dos direitos humanos nasce precisamente como resultado de um longo caminho, feito também de muitos sofrimentos e sacrifícios, que contribuiu para formar a consciência da preciosidade, unicidade e irrepetibilidade de cada pessoa humana. Esta tomada de consciência cultural tem o seu fundamento não só nos acontecimentos da história, mas, sobretudo no pensamento europeu, caracterizado por um rico encontro cujas numerosas e distantes fontes provêm «da Grécia e de Roma, de substratos celtas, germânicos e eslavos, e do cristianismo que os plasmou profundamente», dando origem precisamente ao conceito de «pessoa».
Hoje, a promoção dos direitos humanos ocupa um papel central no empenho da União Europeia que visa promover a dignidade da pessoa, tanto no âmbito interno como nas relações com os outros países. Trata-se de um compromisso importante e admirável, porque persistem ainda muitas situações onde os seres humanos são tratados como objetos, dos quais se pode programar a concepção, a configuração e a utilidade, podendo depois ser jogados fora quando já não servem porque se tornaram frágeis, doentes ou velhos.
Realmente que dignidade existe quando falta a possibilidade de exprimir livremente o pensamento próprio ou professar sem coerção a própria fé religiosa? Que dignidade é possível sem um quadro jurídico claro, que limite o domínio da força e faça prevalecer a lei sobre a tirania do poder? Que dignidade poderá ter um homem ou uma mulher tornados objeto de todo o gênero de discriminação? Que dignidade poderá encontrar uma pessoa que não tem o alimento ou o mínimo essencial para viver e, pior ainda, o trabalho que o unge de dignidade?
Promover a dignidade da pessoa significa reconhecer que ela possui direitos inalienáveis, de que não pode ser privada por arbítrio de ninguém e, muito menos, para benefício de interesses econômicos. É preciso, porém, ter cuidado para não cair em alguns equívocos que podem surgir de um errado conceito de direitos humanos e de um abuso paradoxal dos mesmos.
De fato, há hoje a tendência para uma reivindicação crescente de direitos individuais, que esconde uma concepção de pessoa humana separada de todo o contexto social e antropológico. Ao conceito de direito já não se associa o conceito igualmente essencial e complementar de dever, acabando por afirmar-se os direitos do indivíduo sem ter em conta que cada ser humano está unido a um contexto social, onde os seus direitos e deveres estão ligados aos dos outros e ao bem comum da própria sociedade.
O Jesuíta Papa Francisco mais uma vez sai em defesa dos mais fracos e menos favorecidos na sociedade. A voz dos pequenos chegou mais uma vez ao parlamento; desta vez ao parlamento Europeu. O ser humano é o maior dom de Deus e sua dignidade humana deve ser defendida!
*Josenildo Melo é Católico, Assistente Social, Jornalista e Estudante de Direito
Imagem: DivulgaçãoJornalista Josenildo Melo
Nesta altura do campeonato os céticos devem estar a proliferar o discurso de qual a importância e necessidade da visita de um Papa a um parlamento, sobretudo o Europeu. Antes mesmo de ser um grande líder espiritual o Papa é o chefe de um país; chefe do Estado do Vaticano. Como chefe de Estado o Papa foi convidado e em atenção ao convite fez questão de enfatizar a necessidade de maior atenção à dignidade da pessoa humana. Fez diplomaticamente a defesa dos injustiçados!O Papa Francisco visitou o Parlamento Europeu, terça-feira, 25 de novembro de 2014, e pediu aos eurodeputados para manterem viva a democracia. É a segunda vez que um Papa discursa em sessão plenária. O primeiro foi João Paulo II em 1988. O emprego, a educação e a imigração foram alguns dos temas abordados. O Papa foi recebido pelo Presidente do Parlamento Europeu, Martin Schulz. Juntos assistiram a uma cerimônia de boas-vindas durante a qual foi içada a bandeira do Vaticano e foram ouvidos os hinos da União Europeia e do Vaticano.
Em seu discurso na sessão plenária, o Papa sublinhou a importância dos direitos humanos e da dignidade. Enviou a todos os cidadãos europeus uma mensagem de esperança e de encorajamento. Elogiou o empenho da União Europeia para promover os direitos humanos e defender a dignidade.
Trechos do discurso: «Dignidade» é a palavra-chave que caracterizou a recuperação após a Segunda Guerra Mundial. A nossa história recente caracteriza-se pela inegável centralidade da promoção da dignidade humana contra as múltiplas violências e discriminações que não faltaram, ao longo dos séculos, nem mesmo na Europa. A percepção da importância dos direitos humanos nasce precisamente como resultado de um longo caminho, feito também de muitos sofrimentos e sacrifícios, que contribuiu para formar a consciência da preciosidade, unicidade e irrepetibilidade de cada pessoa humana. Esta tomada de consciência cultural tem o seu fundamento não só nos acontecimentos da história, mas, sobretudo no pensamento europeu, caracterizado por um rico encontro cujas numerosas e distantes fontes provêm «da Grécia e de Roma, de substratos celtas, germânicos e eslavos, e do cristianismo que os plasmou profundamente», dando origem precisamente ao conceito de «pessoa».
Hoje, a promoção dos direitos humanos ocupa um papel central no empenho da União Europeia que visa promover a dignidade da pessoa, tanto no âmbito interno como nas relações com os outros países. Trata-se de um compromisso importante e admirável, porque persistem ainda muitas situações onde os seres humanos são tratados como objetos, dos quais se pode programar a concepção, a configuração e a utilidade, podendo depois ser jogados fora quando já não servem porque se tornaram frágeis, doentes ou velhos.
Realmente que dignidade existe quando falta a possibilidade de exprimir livremente o pensamento próprio ou professar sem coerção a própria fé religiosa? Que dignidade é possível sem um quadro jurídico claro, que limite o domínio da força e faça prevalecer a lei sobre a tirania do poder? Que dignidade poderá ter um homem ou uma mulher tornados objeto de todo o gênero de discriminação? Que dignidade poderá encontrar uma pessoa que não tem o alimento ou o mínimo essencial para viver e, pior ainda, o trabalho que o unge de dignidade?
Promover a dignidade da pessoa significa reconhecer que ela possui direitos inalienáveis, de que não pode ser privada por arbítrio de ninguém e, muito menos, para benefício de interesses econômicos. É preciso, porém, ter cuidado para não cair em alguns equívocos que podem surgir de um errado conceito de direitos humanos e de um abuso paradoxal dos mesmos.
De fato, há hoje a tendência para uma reivindicação crescente de direitos individuais, que esconde uma concepção de pessoa humana separada de todo o contexto social e antropológico. Ao conceito de direito já não se associa o conceito igualmente essencial e complementar de dever, acabando por afirmar-se os direitos do indivíduo sem ter em conta que cada ser humano está unido a um contexto social, onde os seus direitos e deveres estão ligados aos dos outros e ao bem comum da própria sociedade.
O Jesuíta Papa Francisco mais uma vez sai em defesa dos mais fracos e menos favorecidos na sociedade. A voz dos pequenos chegou mais uma vez ao parlamento; desta vez ao parlamento Europeu. O ser humano é o maior dom de Deus e sua dignidade humana deve ser defendida!
*Josenildo Melo é Católico, Assistente Social, Jornalista e Estudante de Direito
*** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do GP1
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