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*Por Deusval Lacerda de Moraes

Imagem: AscomClique para ampliarDeusval Lacerda(Imagem:Ascom)Deusval Lacerda
Revendo a trajetória política do governador Wilson Martins de 2002 – em que os petistas Lula e Wellington Dias se elegeram Presidente da República e Governador do Piauí - até os dias atuais, apresenta alguns fatos contraditórios. Só para lembrar, antes os tucanos exerciam confortavelmente o poder da União e da Prefeitura Municipal de Teresina e, nesse diapasão, Wilson Martins desempenhava conformadamente as funções de deputado na Assembleia Legislativa do Piauí e de Presidente Regional do PSDB. Parlamentar vibrante, não pensava em deixar a agremiação vitoriosa para se aventurar em experiência noutra sigla partidária, pois a dele já estava de bom tamanho.

Tanto que, como presidente da legenda, selou a coligação tucana com a oligarquia em 2002, quando o seu partido indicou o vereador Fernando Said para vice-governador na reeleição do pefelista Hugo Napoleão. Com o petismo no poder, achava que não passava de chuva de verão e que logo voltaria a triunfar. E para mostrar serviço, mesmo sem motivo, defendeu na Casa Legislativa o impeachment do governador Wellington Dias. Mas observando os feitos e consciente dos avanços viu que os dois governantes petistas se reelegeriam em 2006, e aí cuidou deliberadamente de abandonar os seus companheiros do Palácio da Cidade e filiar-se em partido da base aliada do Lula e do Wellington Dias, no caso o PSB.

Como médico neurologista e por ter nascido no interior, assumiu a Secretaria de Estado de Desenvolvimento Rural e, em 2006, elegeu-se vice-governador na chapa do governante petista reeleito. Numa queda de braço como vice-governador, conquistou alguns coligados e integrantes do PT dizendo-se que, como sucessor do governo petista, daria continuidade aos programas governamentais realizadores de Wellington Dias e seria defensor contumaz da obra do presidente Lula e do governo Dilma no Piauí. Além de persuadir os políticos governistas de que ninguém sofreria qualquer solavanco com a sua investidura no governo do Estado.

Ledo engano. O primeiro a sofrer abalo sísmico foi o próprio PT que, em 2012, o governante lançou a candidatura Beto Rêgo para prefeito de Teresina em desarmonia com a postulação de Wellington Dias. No segundo turno, os pessebistas se debandaram para lados opostos, fato que ensejou a saída do candidato socialista do partido por apoiar os tucanos. Mas o governador depois da posse de Firmino se reaproximou da PMT como se os tivesse apoiado no pleito eleitoral, o que culminou com a exoneração do Superintendente de Desenvolvimento Rural indicado por Beto Rêgo para nomear correligionário das lideranças que aderiram ao Palácio da Cidade.

No esforço concentrado para sair candidato à sucessão de Wellington Dias em 2010, exagerava nos elogios dos seus dois mandatos, e da gestão Lula nem falar, pois se regozijava ser o coordenador do Plano de Aceleração do Crescimento (PAC) no Piauí. Mas disse em solenidade realizada em Parnaíba que em 2011 pegou o Estado quebrado (Jornal Diário do Povo de 19 de outubro de 2013). Lembra-se apenas que o governador assumiu o Karnak no dia 1º de abril de 2010 e passou pelo processo de reeleição no mesmo ano e que alardeava ao mundo político piauiense que a sua caneta teria carga cheia como eventual governante-candidato na disputa reeleitoral.

Apesar de ter dito no dia 21 de junho nos festejos de São João do Piauí – que inclusive causou a saída do senador Wellington Dias do governo - que o seu candidato sucessor seria do PMDB, agora disse em Parnaíba não saber se apoia Zé Filho (PMDB), Sílvio Mendes (PSDB) ou Wellington Dias (PT). Portanto, ao contrário do que afirmam as lideranças peemedebistas, o governante disse que não há nada acertado e que ainda vai avaliar os cenários. Disse também que o seu coração está dividido meio a meio, entre ficar e sair do governo.

Ainda sobre o seu dilema de sair ou não do governo, ora diz que vai ficar para concluir a sua administração que diz que o povo lhe confiou até 31de dezembro de 2014. Ora diz que amanhã a política pode ser diferente, e pode mudar de ideia, isto é, pode deixar o governo para disputar a eleição do Senado Federal. E diz também que a decisão de renunciar para concorrer às eleições ou permanecer no governo vai depender das pesquisas de opinião e que as consultas serão realizadas antes do fim do ano. Diz igualmente que vai ouvir o governador de Pernambuco Eduardo Campos e o seu partido sobre a decisão a tomar (Jornal Diário do Povo de 12 de outubro de 2013).

No dia 22 último, a Assembleia Legislativa concedeu o título de cidadão piauiense ao governador de Pernambuco Eduardo Campos, presidente da sigla de Wilson Martins e pré-candidato ao Planalto nas eleições de 2014, mas só que após um ano de aprovado. Tal fato ocorreu, talvez, para o governador piauiense proferir discurso enaltecendo as qualidades do presidenciável e decantar os seus feitos pelo Piauí, em proveito do seu atual momento político adverso, na tentativa de animar os correligionários locais ao criar factoide político através da retórica, uma vez que o homenageado sequer merecia a distinção por não ter feito absolutamente nada pelos piauienses.

Pelo visto, as contradições existiram. O Piauí precisa urgentemente de lideranças e governantes com elevado grau de previsibilidade e segurança político-administrativa para que o Estado percorra encarrilhadamente o trilho do desenvolvimento em todos os setores da atividade pública e para todos os segmentos da sociedade.

*Deusval Lacerda de Moraes é Pós-Graduado em Direito

*** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do GP1

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