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Deusval Lacerda de Moraes *

Imagem: ReproduçãoClique para ampliarDeusval Lacerda de Moraes(Imagem:Reprodução)Deusval Lacerda de Moraes
A representação política é oriunda do processo democrático. E a palavra política tem vários significados. Um deles é o ato de governar, administrar e cuidar das instituições públicas, ou seja, daquilo que compete ao Estado fazer em proveito da sociedade. O povo paga impostos e esse dinheiro deve ser aplicados para o bem comum, sobretudo promover a saúde, a educação, a segurança publica, construir estradas, casas etc. Como sabemos que as atribuições do Estado brasileiro, nas suas esferas municipal, estadual e federal, ampliam e sofisticam-se cada vez mais, ou melhor, à medida que o País vai crescendo e a demanda da população vai aumentando é natural que para exercer o poder político requer também cada vez mais preparo da nossa classe política.

Se volvermos à historiografia política brasileira, veremos que a nossa classe política sempre foi composta de sujeitos dos mais variados tipos, inclusive de alguns que não tinham nem têm absolutamente nada a ver com a política. Talvez isso explique porque a nossa população sempre foi e é cética com os nossos dirigentes. Mas existe uma verdade: a nossa máquina estatal é muito complexa, abrangente e moderniza-se, daí exigirmos práticas políticas executadas por bons gestores, por líderes competentes e que respeitam as regras morais, legais e dos bons costumes. É claro que vez por outra escapam alguns oriundos do pragmatismo político e assim desenvolvem as suas atividades públicas sem muita convivência com a cultura, a ciência ou o conhecimento técnico.

Daí a política precisar evoluir muito ainda no Brasil. E a julgar pelo levantamento do perfil dos 455.796 candidatos nas eleições municipais de outubro (sendo prefeitos 15.346 e vereadores 440.450) na matéria denominada Censo Eleitoral, publicada pelo Jornal Folha de São Paulo, de 19 de agosto de 2012, deixa patente que a nossa classe política ainda está aquém da expectativa. Primeiro pela avalanche de candidatos, porque muitos ainda veem a política como no passado imperial, coronelista e ditatorial, isto é, como meio de vida, em que no mandato está redimido de todos os pecados para fazer o que bem quiser e entender. Por isso, para conseguir o voto ainda são capazes de tudo, de exporem o Lula convalescendo de cirurgia, de adotarem a alcunha “Dilma” e “Lula” nos seus nomes e outros das sigas que fazem oposição ao governo federal adotarem o nome de “Mensalão”.

O atraso é arraigado, o nome Washington aparece nos registros de 11 maneiras, como “Uashington” e “Woshngton”. O nível de instrução escolar é medíocre: ler e escreve (prefeito 1% e vereador 3%); ensino fundamental incompleto (prefeito 7% e vereador 18%); ensino fundamental completo (prefeito 7% e vereador 15%); ensino médio incompleto (prefeito 3% e vereador 5%); e ensino médio completo (prefeito 27% e vereador 36%); superior incompleto (prefeito 7% e vereador 5%). Vemos com isso que o perfil da maioria dos candidatos do próximo pleito eleitoral reflete o despreparo de parte da classe política brasileira que tem a responsabilidade de mover uma máquina administrativa que, talvez por isso, depois de eleita prefere incorrer pelo caminho menos trabalhoso e lucrativo da corrupção e da malversação dos recursos públicos.

Assim, o perfil dos candidatos é basicamente o retrato da política brasileira em que alguns por falta de competência e compromisso público percorrerão os escaninhos da gestão pública. E entre tantos defeitos, um dos piores é não adequar a administração pública a uma política fiscal racional para adotar uma gestão eficiente, e assim livrar-se do endividamento. O Piauí, na atualidade, é um dos estados que mais se endividam. Só para ter uma idéia, a matéria “Dívidas dos Estados”, do jornalista Gustavo Machado, do Jornal Brasil Econômico, de 8 de agosto de 2012, diz que uma das variações do passivo mais alta é a do Piauí, que está na casa dos 40%, isto é, a nossa dívida líquida em 2000 era de R$ 2 bilhões e saltou em 2011 para R$ 2,8 bilhões, o que dá uma dívida per capita de R$ 900. Mas sabemos que em 2012 o governo piauiense já contraiu e ainda está contraindo mais dívidas, o que assim muitos piauienses ao nascer, por conta das incongruências dos seus governantes, já devem o que não podem pagar.

* Deusval Lacerda de Moraes é Pós-Graduado em Direito

*** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do GP1

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