* Por Arthur Teixeira Júnior
"Assim que desembarcaram no Brasil nos idos de 1500, os portugueses encontraram nas novas terras um povo selvagem mas dócil, amantes e parceiros da natureza, que dela tiravam, sem destruí-la, tudo que precisavam para sua sobrevivência. Os chamaram, erroneamente, de índios, pois julgavam estar nas paragens da Índia.
Com o intuito de criarem laços de amizade com este povo ingênuo, os presentearam com toda sorte de bugigangas: espelhinhos, escovas, canivetes, tinturas para a pele e muito álcool, na forma de uma bebida fermentada de laranja apodrecida nos porões de suas caravelas.
Como não poderia deixar de ser, este povo ignorante muito feliz ficava com as quinquilharias ofertadas e se esbaldavam na bebida que nunca haviam conhecido.
Pouco tempo se passou, e os gentis colonizadores saquearam as riquezas naturais das terras de Pindorama, violentaram suas adolescentes, escravizaram seus homens, roubaram-lhes a liberdade e a dignidade. Este povo praticamente foi extinto, escapando somente aqueles poucos indivíduos que se refugiaram nas matas, onde os portugueses tinham preguiça de ir buscá-los, preferindo escravizar o povo negro e indefeso da África.
Neste último Natal antes das próximas eleições municipais, a história repete-se mais de 500 anos depois.
Políticos oportunistas, com largo poder econômico, presenteiam o povo pobre do interior do Piauí com bonequinhas sem cabelo e bolas plásticas, rejeitos da indústria chinesa, promovem shows com farta distribuição de bebida aos pais destas crianças (que não são muitos, já que a maioria destas crianças desconhecem seus pais), tudo de olho no butim que promoverão nos próximos anos: obras superfaturadas, escolas sem professores qualificados, sucateamento do patrimônio público, servidores fantasmas (parentes destes políticos) com salários astronômicos, ausência de hospitais e outros serviços públicos, lixo pelas ruas.
Quando aquele ingênuo povo se der conta do quanto lhe custou aquelas bugigangas doadas, será tarde demais.
Mas dizem os entendidos, que é assim que se faz política no interior do Piauí.
Hoje leio que o Brasil tornou-se a 6ª economia mundial, deixando para trás o Reino Unido. Será que vale a pena? Um sul maravilha pujante, enquanto que nosso povo sofre a míngua trocando votos por brinquedinhos de 50 centavos."
*Arthur Teixeira Júnior é articulista e escreve para o GP1
Imagem: Reprodução
Arthur Teixeira Júnior
Arthur Teixeira Júnior"Assim que desembarcaram no Brasil nos idos de 1500, os portugueses encontraram nas novas terras um povo selvagem mas dócil, amantes e parceiros da natureza, que dela tiravam, sem destruí-la, tudo que precisavam para sua sobrevivência. Os chamaram, erroneamente, de índios, pois julgavam estar nas paragens da Índia.
Com o intuito de criarem laços de amizade com este povo ingênuo, os presentearam com toda sorte de bugigangas: espelhinhos, escovas, canivetes, tinturas para a pele e muito álcool, na forma de uma bebida fermentada de laranja apodrecida nos porões de suas caravelas.
Como não poderia deixar de ser, este povo ignorante muito feliz ficava com as quinquilharias ofertadas e se esbaldavam na bebida que nunca haviam conhecido.
Pouco tempo se passou, e os gentis colonizadores saquearam as riquezas naturais das terras de Pindorama, violentaram suas adolescentes, escravizaram seus homens, roubaram-lhes a liberdade e a dignidade. Este povo praticamente foi extinto, escapando somente aqueles poucos indivíduos que se refugiaram nas matas, onde os portugueses tinham preguiça de ir buscá-los, preferindo escravizar o povo negro e indefeso da África.
Neste último Natal antes das próximas eleições municipais, a história repete-se mais de 500 anos depois.
Políticos oportunistas, com largo poder econômico, presenteiam o povo pobre do interior do Piauí com bonequinhas sem cabelo e bolas plásticas, rejeitos da indústria chinesa, promovem shows com farta distribuição de bebida aos pais destas crianças (que não são muitos, já que a maioria destas crianças desconhecem seus pais), tudo de olho no butim que promoverão nos próximos anos: obras superfaturadas, escolas sem professores qualificados, sucateamento do patrimônio público, servidores fantasmas (parentes destes políticos) com salários astronômicos, ausência de hospitais e outros serviços públicos, lixo pelas ruas.
Quando aquele ingênuo povo se der conta do quanto lhe custou aquelas bugigangas doadas, será tarde demais.
Mas dizem os entendidos, que é assim que se faz política no interior do Piauí.
Hoje leio que o Brasil tornou-se a 6ª economia mundial, deixando para trás o Reino Unido. Será que vale a pena? Um sul maravilha pujante, enquanto que nosso povo sofre a míngua trocando votos por brinquedinhos de 50 centavos."
*Arthur Teixeira Júnior é articulista e escreve para o GP1
*** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do GP1
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