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Ontem, 19/01, acompanhamos com muita atenção a Operação Geleira, desencadeada pela Polícia Federal contra prefeitos e ex-prefeitos do Piauí, acusados de diversas maracutaias durante suas gestões. Tenho certeza que durante todo o dia, vários prefeitos e ex-prefeitos tiveram muita dor de barriga e insônia, tremendo-se todo com qualquer batida na porta e se escondendo de qualquer carro preto que passava pela rua. Passaram a noite as custas de calmantes.

Já os presos passaram a noite em presídios estaduais, alguns na Penitenciária Major César (Altos), outros na Irmão Guido (Teresina) e as mulheres recolhidas ao Presídio Feminino. Viram o sol nascer quadrado e tomaram café na canequinha de alumínio.

Mas todos nós sabemos que esta situação não vai durar muito tempo, pois todos, sem exceção, possuem recursos (certamente desviados dos cofres públicos) para bancarem caríssimos advogados que em breve conseguirão libertar seus clientes através de habeas corpus. Mesmo porque os réus possuem residência fixa, são primários e exercem ocupação lícita. Vão responder um longo processo em liberdade, vão gastar parte da fortuna amealhada nas fraudes das quais participaram pagando seus advogados e, talvez, tenham um ou outro automóvel velho leiloado pela Justiça. E só. Isto inclusive já estava previsto quando da roubalheira: desviam 10 reais, mas guardam 3 para pagarem os advogados que vão livrá-los das conseqüências. Lucram 7 líquido.

O consolo é que isto não acontece com a raia miúda: os gestores, testas de ferro, tesoureiros, diretores, secretários, e outros. Esta massa de manobra, que é utilizada pelos prefeitos e demais tubarões para assinarem os papéis, botarem seus nomes nas fraudes elaboradas pelos chefões, enfim, fazerem o trabalho sujo de fato, são presos sem qualquer cobertura da imprensa, sem alarde, sem IBOPE. Pobres coitados, fizeram a fortuna de seus chefes em troca de migalhas e, quando em apuros, são abandonados, descartados, esquecidos pelos antigos patrões, sem dinheiro para pagar qualquer advogadozinho porta-de-cadeia. Apodrecem nas celas, perdem seus bens e arrasam suas famílias.

Se você é um destes que assinam licitações fraudulentas, atestam obras que nunca foram concluídas, dão recebimento em materiais que nunca foram entregues, percebem o superfaturamento e não denunciam, recebem as notas frias, enfim, prepare-se: quando você for preso, só sua família ficará sabendo. Teu antigo chefinho vai te desconhecer e dizer que não sabia de nada. Você vai virar mulherzinha de bandido preso.

*Arthur Teixeira Junior é articulista


*** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do GP1

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