Quem não se lembra do programa Topa Tudo Por Dinheiro ? Era um programa de televisão do Brasil, veiculado pelo SBT e apresentado pelo empresário e apresentador Sílvio Santos. "Quem quer dinheiro?" foi um bordão muito utilizado, nas décadas de 80 e 90, quando o programa foi transmitido. Era exibido aos domingos.
Na verdade, a brincadeira consistia em esconder uma câmera num lugar público. Então, um dos atores colocavam os transeuntes em situações bizarras. Mas porque lembrar e associar o Brasil, e o povo brasileiro a este antigo programa que fazia das suas supostas "vítimas" motivo de risos e deboches.
Ao observarmos a posição do governo em relação à crise moral do Congresso, às denúncias de corrupção, aos atos secretos, e à defesa dos velhos políticos já há muito conhecidos do povo brasileiro, constatamos que sempre o presidente Lula minimiza o fator ético do Congresso, expondo como argumento legítimo e preponderante aos valores morais, a questão econômica, comercial e financeira do país.
Com efeito, não é bom alvitre concitar o povo brasileiro a valorizar questões de ordem material, sobrepondo-as às de valores mínimos de ética e conduta; mormente em se tratando de questões que envolvem o Erário público. Todos sabem que o Congresso nacional passa por uma crise extremamente séria envolvendo corrupção, mordomias, escândalos, e jamais questões de ordem econômica poderão justificar o injustificável no âmbito ético e moral.
A afirmação do presidente de que "o aumento de mais de cem mil empregos é uma coisa (positiva), mas a manchete é o emprego no Senado. É uma perda de valor", denota a inversão de valores propugnado pelo presidente. Topar tudo por dinheiro, não é uma vocação brasileira, tampouco o povo deve ser achocalhado pelo Congresso que, mimificando as câmeras do antigo programa, faz o Brasil vivenciar o drama do constrangimentoe da vergonha. Subtrair a essência da moral e dignidade do povo, dando-lhe uma nova roupagem de licenciosidade permissiva afrouxando os valores éticos, é no mínimo um ato reprovável.
Soube que antigo programa durou dez anos, tempo suficiente para fazer o povo dar muitas risadas na época. Contudo nossa nova fase de "tudo por dinheiro" não deverá durar. A resposta à crise do Congresso deverá ser dada por meio do voto; mas enquanto os valores de um povo estiverem à margem do aceitável, minimizados e preteridos numa onda inversional de valores, prevalecerá a máxima :" Quem quer dinheiro ?" E todos se reelegerão novamente permanecendo o ciclo nada virtuoso para o povo brasileiro.
*Fernando Rizzolo é Advogado, Pós Graduado em Direito Processual, Professor do Curso de Pós- Graduação em Direito da Universidade Paulista (UNIP), Coordenador da Comissão de Direitos e Prerrogativas da Ordem dos Advogados do Brasil, Secção São Paulo, e membro efetivo da Comissão de Direito Humanos da OAB/SP, Articulista Colaborador da Agência Estado, e Editor do Blog do Rizzolo - www.blogdorizzolo.com.br
*** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do GP1
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