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"Cunha é poderoso, mas não é Deus", diz deputado Marcelo Castro


Na Veja.com:

Acostumado a contar com seus aliados para emparedar o Palácio do Planalto, o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), sofreu pela primeira vez uma derrota na noite desta terça-feira: duas de suas principais bandeiras na reforma política foram derrubadas com ampla margem de votos.
Imagem: Luiz Xavier/Agência Câmara/VEJAMarcelo Castro(Imagem:Luiz Xavier/Agência Câmara/VEJA)Marcelo Castro

Para garantir a votação da reformulação do sistema político em um tempo recorde - o tema patina no Congresso há décadas -, o peemedebista engavetou a votação em duas comissões e destituiu o relator Marcelo Castro (PMDB-PI). Pior: disse que faltava "inteligência política" ao colega de bancada. Agora, após o resultado da votação, Castro rebate o chefe da Câmara: "O Eduardo precisa saber que é poderoso, mas não é Deus. Ele não pode tudo. A regra básica número um da convivência é o respeito ao próximo. Ele é presidente, mas antes de ser presidente, é um deputado igual a qualquer outro", disse ao site de VEJA.

O desgaste sobre a reforma política veio a público quando Castro foi pressionado a incorporar em seu relatório o chamado "distritão". Contrário ao sistema, o relator cedeu à pressão, mas anunciou que votaria contra o próprio parecer. A comissão acabou enterrada por Cunha sem sequer votar o relatório.

O sistema defendido por Cunha foi derrotado por 267 votos contrários e 210 favoráveis. "Foi uma euforia total porque fomos vitoriosos de uma maneira avassaladora. Foi um negócio humilhante: quem esperava ter mais de 308 votos, teve apenas 210", comemorou Marcelo Castro. "Houve uma dissonância muito grande para quem dizia que sabia o que o plenário pensava e, por isso, não deixou a comissão votar porque o relatório não expressava o sentimento do plenário."

Ex-aliados - Apesar da troca de farpas, o relator e Eduardo Cunha são conhecidos aliados na Câmara dos Deputados. Castro foi um dos principais articuladores da campanha de Cunha à presidência da Casa, inclusive nas viagens pelo país, e era vice-líder da bancada do PMDB no ano passado, comandada pelo atual presidente. "Para atingir os objetivos dele, que eu não sei quais são, Cunha passa por cima de qualquer um. Não respeita ninguém, não considera ninguém, nem uma amizade de tantos anos. Onde ele quer chegar com isso? Não consegui captar", disse o deputado do Piauí.

"Isso é muito próprio do ser humano quando assume uma posição de poder. Ele hipertrofia o seu ego, a sua autoestima, fica se sentindo muito superior", continuou Castro.

*** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do GP1

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