A campanha é curta e Aécio Neves precisa buscar uma diferença de 8,4 milhões de votos em 25,8 milhões de eleitores que não votaram nem nele e nem em Dilma. Deste contingente eleitoral, Aécio precisa conquistar 67% dos votos para se eleger. Ou seja: de cada três votos que não foram dados a ele ou à petista, o tucano deve conquistar dois. Isto considerando-se que os votos dados em ambos no primeiro turno não serão mudados pelo eleitor.
Em nossa opinião, para conseguir tal feito, a campanha de Aécio Neves deverá ter foco. Investir onde ele pode efetivamente ampliar a sua votação. Separamos, acima, estados que consideramos ouro, prata e bronze. Levam ouro aqueles estados que demonstraram, no primeiro turno, que há uma propensão a votar em Aécio e no PSDB, em relação à eleição anterior. Prata são estados importantes e também merecem atenção. E bronze são aqueles estados em que Marina e Aécio tiveram um desempenho razoável. Por fim, os estados em branco são caso perdido e não merecem atenção, pois dificilmente Aécio terá um desempenho muito superior.
Imagem: ReproduçãoAécio Neves
Estados que levam ouro
MINAS GERAIS
Em Minas Gerais, Dilma venceu, mas caiu. Aécio perdeu, mas subiu. Explico: em 2010, a petista alcançou 46,98% dos votos no estado. Em 2014, baixou para 43,48%. Marina, da mesma forma, viu seu percentual baixar de 21,25% para 14,00%. E os tucanos subiram de 30,76% com Serra em 2010 para 39,75% com Aécio, agora. Claro que o resultado foi péssimo. Mas o que se pode esperar do estado natal do tucano, com muito trabalho, é que ele recupere terreno no segundo turno, abrindo uma vantagem de no máximo 1 milhão de votos sobre a petista. Já será um feito e tanto!
RIO DE JANEIRO
Ontem Merval Pereira dizia que o “Aezão” foi uma fiasco no Rio. Não é o que os números dizem. Em 2010, Serra fez 22,53% dos votos no estado. Agora Aécio fez 26,93%. Marina Silva manteve praticamente o mesmo percentual de 31% que tinha obtido na eleição anterior. Quem caiu foi Dilma, que passou de 43,76% para 35,62% da última eleição para esta. Isso significou cerca de 1 milhão de votos a menos para a petista. O Rio de Janeiro pode ser tão decisivo para Aécio quanto Minas Gerais. Se ele buscar os votos de Marina poderá abrir uma vantagem de 1 milhão de votos no estado no segundo turno.
SÃO PAULO
São Paulo não foi surpresa pelo desempenho tucano. Aécio atingiu 44%, 10% acima dos 40% obtidos por Serra em 2010. Pode-se creditar muito deste trabalho ao vice Aloysio Nunes, a Fernando Henrique Cardoso, além do apoio da máquina partidária. Isto representou uma vantagem de 4,2 milhões de votos sobre Dilma. A petista, por sua vez, desabou em relação a 2010, quando teve 37,31%. Agora alcançou sofríveis 25,82%, o segundo pior índice em todo o Brasil, justamente no maior colégio eleitoral. Isto é trágico para a campanha petista. Marina, por sua vez, também subiu de uma patamar de 20% para 25%. Aécio e Marina fizeram 70% dos votos do estado. Se Aécio fizer 65% dos votos paulistas, pode subir em mais 3 milhões de votos a sua vantagem em São Paulo, que já foi de 4 milhões.
PERNAMBUCO
Em 2010, Dilma fez 61,74% dos votos no estado. Agora baixou para 44,42%. Perdeu cerca de 1 milhão de votos. Aécio também caiu em relação a 2010. Passou de 17% para cerca de 6%. Perdeu cerca de 600 mil votos. Marina ampliou sua votação da casa dos 20% em 2010 para 48% nesta eleição. Existe aí o fator Eduardo Campos. Como a família de Campos irá apoiar Aécio, ele pode levar grande parte dos votos de Marina. Um empate no estado já seria ótimo, impedindo que, a exemplo de 2010, Dilma tire uma diferença de mais de 2 milhões de votos nestes colégio eleitoral.
Estados que levam prata
RIO GRANDE DO SUL, SANTA CATARINA, PARANÁ, GOIÁS, DISTRITO FEDERAL, MATO GROSSO E MATO GROSSO DO SUL
Neste conjunto de estados, Aécio cresceu em todos. E Dilma caiu em todos. Há, portanto, uma grande chance de buscar de volta os votos de Marina Silva, abrindo uma grande vantagem. Especialmente no Rio Grande do Sul, onde haverá segundo turno e um dos concorrentes é justamente o apoiador de Marina e de seu vice gaúcho, Beto Albuquerque. A região representa cerca de 21% dos votos do país. Marina fez 3,8 milhões de votos nestes estados. Aécio Neves buscando 60% dos votos destas duas regiões (Sul e Centro-Oeste), o que é bem viável, pode abrir 3,5 milhões de votos de diferença sobre Dilma.
Estados que levam bronze
AMAZONAS, PARÁ E BAHIA
A Bahia é importante porque é um reduto petista onde existe apoio para o PSDB. Em 2010, Dilma tirou uma diferença de 2,8 milhões de votos. Como Marina e Aécio tiveram votações praticamente idênticas, é possível reduzir esta diferença. Perder por menos também é ganhar, no caso do Nordeste.
Amazonas é um estado onde o PSDB dobrou a votação em relação a 2010. Marina também teve boa votação lá. Somados os dois candidatos, é possível chegar a um empate técnico com Dilma, o que seria espetacular, haja vista que na última eleição, a petista fez uma diferença de quase 1 milhão de votos.
O Pará é governado por um tucano, tem segundo turno e no primeiro a votação foi decepcionante. Aécio fez apenas 27% dos votos, contra 37% de Serra em 2010. O governador tucano, por sua vez, fez 48% dos votos, ficando claro que não transferiu o seu prestígio. Dilma fez 53% dos votos no estado. É preciso buscar no mínimo um empate, para repetir 2010 e não deixar a petista tirar diferença em estado governado pelo PSDB.
E quanto aos demais estados?
Não adianta perder tempo. Eles representam pouco e são nitidamente petistas. São os bolsões e grotões do Bolsa Família. Representam cerca de 25% do eleitorado. Ali o PT abre 10 milhões de votos de diferença. Nos demais estados, temos que buscar esta diferença. Não será fácil. Será voto a voto.
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*** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do GP1
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