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Colunista Herbert Sousa (in memory)
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Colunista da Veja critica comportamento do senador Wellington Dias


Na segunda-feira (22), o líder do PT no Senado, Wellington Dias (PI), afirmava que era contra a validade do projeto de lei que barra a transferência do tempo de televisão e dos recursos do fundo partidário aos novos partidos já para as eleições de 2014.  Ontem, o senador Wellington Dias mudou de idéia. O que fez o senador piauiense mudar radicalmente sua posição?
Imagem: Bárbara Rodrigues/GP1Senador Wellington Dias(Imagem:Bárbara Rodrigues/GP1)Senador Wellington Dias

O colunista da Veja, Reinaldo Azevedo, responde! Abaixo impecável texto, na íntegra
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Novos partidos: os viciosos de sempre agora falam em nome da virtude. Ou: Senadores do PT se mercadantizaram depressinha!

Na segunda, os senadores petistas Wellington Dias (PI) e Jorge Viana (AC) estavam cheios de espírito de justiça e hombridade. Prometeram resistir no Senado à proposta indecorosa que cria dificuldades para a criação de novos partidos. Muita gente estranhou. Eu também estranhei um tantinho. Mas agora tudo está no seu lugar. Espírito de justiça e hombridade, no petismo, são desvios de conduta que logo se corrigem, e as pessoas voltam depressa a andar na linha partidária… Os dois tiverem um teretetê nesta terça com Rui Falcão. Toda aquela coragem irrevogável de ontem se mercadantizou. Agora eles dizem que não têm mais certeza se dará para resistir. Se o partido fechar questão, afirmam, aí é outra coisa… Ah, bom!

Viana, que gosta de cultivar a fama de ilustrado e independente, é quem passa pelo maior vexame. Marina Silva, cujo partido (a tal Rede) pode ser prejudicado com a nova lei, é aliada histórica dos coronéis Viana… Ooops!, dos Irmãos Viana no Acre. Os aliados da ex-senadora têm cargos no governo, liderado por Tião. Se vergonha na cara tem limites, por que não os teria a lealdade?

Ontem, vejam post na home, o governo passou o rolo compressor na Câmara e aprovou a lei casuística, com o apoio do PT, do PMDB e, por incrível que possa parecer, do PSD, de Gilberto Kassab. O ex-prefeito parece mesmo disposto a arrostar com o PT num quesito ao menos: não ter limites nem compromisso com a coerência. A depender do lado do balcão em que esteja, tem uma opinião: quando ele queria criar o seu partido, defendia que os deputados levassem consigo tempo de TV e verba do fundo partidário. Agora que já criou, ele passou a ser contra. Há gente que valoriza esse tipo de esperteza…

O Planalto atuou para valer. Quanto menos candidatos houver disputando o primeiro turno em 2014, melhor para Dilma. No cenário dos sonhos do PT, realiza-se uma espécie de segundo turno já no primeiro: Dilma contra o candidato do PSDB.

Vocês sabem o que penso. Essa pletora de partidos no Brasil é um dos caminhos da nossa perdição. Democracias sólidas são, quase sempre, bipartidárias. E o governo fica com o centro ideológico de um partido mais à esquerda ou de um mais à direita. Ou por outra: centro-direita e centro-esquerda se alternam no poder.

Mas não me venham agora os viciosos de sempre falar em nome da virtude. Que história é essa? Então a formação de novos partidos era coisa boa até anteontem — e com que satisfação os petistas viram Kassab promover uma razia no DEM, não é mesmo? Agora, Gilberto Carvalho (secretário-geral da Presidência), sempre ele, resolveu defender mais seriedade. Tenham paciência!

PS – Uma correção histórica. Maria Silva disse ontem que o PT usa o mesmo “punhal enferrujado” com que os militares teriam tentado golpear o partido no passado, sugerindo que a ditadura, na sua fase moribunda, tentou criar dificuldades para a criação da legenda.

É má história. A verdade está no oposto. Golbery do Couto e Silva, cuja visão estratégica foi estupidamente superestimada, criou facilidades para a emergência do PT. Dificuldades foram criadas, isto sim, para Leonel Brizola, que perdeu o PTB para Ivete Vargas. Golbery já havia perdido, àquela altura, o pé da história. Ainda estava entre aqueles que achavam que Brizola representava um risco para o Brasil e coisa e tal. O PT foi visto como um fator de divisão da oposição.Os petistas, em suma, não enfrentaram nenhuma dificuldade que os outros partidos não tenham enfrentado também.

*** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do GP1

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