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Colunista Feitosa Costa
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Nota do TCE para justificar uso indevido de carros oficiais nega a atribuição do próprio órgão


Há cerca de dois anos um ator de pequena notoriedade nacional veio a Teresina para fazer parte de uma encenação. Bossal e esnobe, aproveitou a mordomia do hotel em que se encontrava para "tuitar" uma idiotice na rede de computadores, afirmando que se encontrava " no "C" do mundo".

As justas e ruidosas reações vieram em profusão mas a agressão, gratuita indiscutivelmente, serviu para motivar algumas poucas reflexões: "será que o Piauí está avançando no nível que a sua população merece ou está tão atrasado que um figurante de peça teatral qualquer se ache no direito de debochar do Estado tão valente e importante da Federação?", perguntaram jornalistas mais conscientes e menos bajuladores, preocupados com a desalienação de setores ainda não alcançados pelo conhecimento mais amplo.

A verdade é que o Piauí não é o "C" do mundo que o medíocre ator quis passar pela internet na sua deselegância gratuita e sem motivos.

Aqui e acolá, porém, surgem episódios ridículos, patrocinados geralmente por quem tem a obrigação de evitá-los, que servem para enriquecer o repertório de piadas de humoristas que eventualmente gostam de colocar o Piauí como exemplo nacional de atraso.

Graças a Deus, esses humoristas não tomaram conhecimento da verdadeira "peça" que foi a nota da assessoria de comunicação do Tribunal de Contas do Estado (TCE) para justificar o uso indevido de carros oficiais no transporte de "atletas" da instituição para participar, ai sim, de uma injustificável "1ª Olimpíada Interna do TCE".

Emitida na semana passada sem que seus artífices se dessem conta de que estavam assinando um atestado de que alguns setores da instituição não sabem distinguir o presumidamente legal do que é ético e correto, a nota do TCE justifica o flagrante de uma luxuosa camioneta do órgão estacionada num clube recreativo da zona leste, com a afirmação de que, "como parte das comemorações dos 114 anos de criação,o Tribunal de Contas do Estado realiza a 1ª Olimpíada interna. O evento esportivo mobiliza cerca de 200 servidores que disputam as modalidades esportivas".

Mais adiante, num ato extremo de falta de conhecimento do que seja austeridade, o redator, ou redatores, informam que o "uso do veículo do Tribunal foi autorizado como parte da estrutura de logística do evento".

Por fim, na mais clara demonstração de que o texto se destina mais a produzir gargalhadas do que qualquer outra coisa, diz o seguinte: "O TCE adota como exercício de suas atribuições, a fiscalização, seja pelo controle interno ou externo, com vistas a verificar a legalidade e legitimidade de atos e contratos, o que inclui o correto uso e gestão dos seus veículos".

*** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do GP1

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