O Jornal Pequeno, do Maranhão, teve acesso, com exclusividade, a dois vídeos, nos quais Shirliano Graciano de Oliveira, o “Balão”, 27 anos, um dos acusados de envolvimento no assassinato do jornalista Décio Sá, 42 – ocorrido em abril do ano passado – conta em detalhes tudo o que sabe tanto sobre esse crime, e ainda sobre a execução do negociante de carros Fábio dos Santos Brasil Filho, o “Fabinho”, 33, que aconteceu Teresina (PI), três semanas antes do homicídio que vitimou o jornalista.
“Balão” está foragido, com prisão preventiva decretada. Foi indiciado pela polícia e denunciado pelo Ministério Público à Justiça, junto a outras 11 pessoas, mas nunca chegou a ser preso. O JP apurou que Shirliano estaria em Teresina, usando nome falso e circulando pela cidade num Golf.
Para Cutrim, suposta ‘armação’ deve ser investigada
Ouvido no fim da semana pelo Jornal Pequeno, o deputado estadual e ex-secretário de Segurança do Maranhão, Raimundo Cutrim (PSD), afirmou que novas investigações do “caso Décio Sá” devem ser realizadas, mas não mais pela Polícia Civil, e sim pela Polícia Federal. Para Cutrim, a Secretaria de Segurança Pública do Maranhão (SSP-MA) “não tem mais credibilidade, nem condições morais e profissionais para aprofundar as investigações”.
O deputado quer ver especialmente apurado um suposto acordo feito entre o pistoleiro Jhonathan de Sousa Silva e delegados da SSP que investigaram o caso, para que seu nome fosse citado pelo pistoleiro em seu primeiro depoimento à polícia. O depoimento não foi acompanhado pelo Ministério Público, conforme o deputado.
O acordo, segundo o que Cutrim descreveu numa representação enviada à Procuradoria-Geral de Justiça do Maranhão em outubro do ano passado, envolveria a soltura de Gleyson Marcena de Sousa, 26 anos (primo de Jhonathan, preso com ele, por tráfico de drogas no dia 5 de junho de 2012). Gleyson seria solto em troca da menção, por parte de Jhonathan, ao nome do deputado no depoimento à polícia. O primo de Jhonathan fugiu pelo teto da Delegacia de Roubos e Furtos de Veículos (DRFV, na Vila Palmeira) no dia 20 de outubro de 2012.
Na representação, Raimundo Cutrim afirma que um preso, de nome Robert (que hoje está na Delegacia de Bequimão) teria ouvido de Gleyson – quando ambos estavam na mesma cela da DRFV – a confirmação do acordo.
O JP apurou que outros dois detentos – um cujo primeiro nome é Clóvis e outro, de apelido “Jameca”, ambos até hoje presos na DRFV – também teriam ouvido de Gleyson a mesma história.
Num breve vídeo ao qual o JP teve acesso, Clóvis confirma que Gleyson lhe falou sobre o suposto acerto. “O primo do Jhonathan me falou que o que fizeram com o Cutrim foi só armação do secretário”, diz Clóvis no vídeo de 35 segundos.
‘Imundície’ – Falando por telefone ao JP na tarde de sexta-feira (7), a delegada-geral de Polícia Civil do Maranhão, Maria Cristina Resende Meneses, negou com veemência a possibilidade de ter havido qualquer acordo entre um acusado de homicídio e a Polícia Civil do Maranhão.
“Não há esse tipo de prática na nossa polícia. Eu, que tenho uma longa carreira na instituição, na qual inclusive fui corregedora por vários anos, não admitiria essa imundície”, disse a delegada ao JP. Ela afirmou ainda que as buscas a Gleyson “nunca cessaram”.
*** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do GP1
Ver todos os comentários | 0 |