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Colunista Feitosa Costa
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Wellington Dias assume posições que lembram os velhos caciques políticos


Deposto em outubro de 1945, o presidente Getúlio Vargas voltou para a sua estância no Rio Grande do Sul para levar uma vida primitiva, campeando junto com seus peões e almoçando com seu capataz enquanto pequenos aviões pousavam e decolavam na região levando a bordo líderes políticos que buscavam a sua sabedoria. Vargas, na realidade, executava mais uma estratégia política: recolhia-se para que o povo julgasse o seu longo período de governo e pesasse as coisas ruins e as boas que fizera desde quando comandara o movimento chamado "revolucionário" que o levara a comandar o Brasil. Ele estava certo: a população o reconduziu ao poder.

Exemplos como esse parecem não sensibilizar a maioria dos políticos de hoje, independentemente de sua origem. O apego exagerado ao poder, a conciliação com práticas condenadas num passado não tão distante e a hesitação são ingredientes para destruir, irreversivelmente, biografias de toda ordem, até mesmo aquelas construídas em meio a lutas marcadamente populares.

Para a tristeza daqueles que pensam um Piauí democrático, livre dos preconceitos, da concentração exagerada de renda, dos privilégios de clãs familiares e aberto para a participação de todos os seus filhos capazes de contribuir com um Estado melhor, uma das maiores esperanças políticas desta Terra Querida, tem dado seguidos tiros no próprio pé e equivocadamente optado por um caminho conhecido por gerar "coronéis” da política e não líderes incontestes de seu povo.

Dono de um histórico talhado para conquistar a confiança do seu povo, o Senador Wellington Dias parece não perceber que os seus últimos movimentos sugerem ter se despido das vestes simples do "indiosinho" que portava o estandarte da esperança pelas veredas piauienses para vestir o jaquetão dos "caciques" do atraso político mesmo que tenha de recorrer de quando em vez a um alfaiate para fazer alguns ajustes.

Oriundo do movimento sindical onde atuou com muita determinação, o Wellington Dias de hoje faz silêncio quando a categoria dos professores, uma das bases do seu crescimento político e eleitoral, se digladia com o governo para conquistar o que é de direito; instado a falar sobre as vítimas da barragem de Cocal, desconversa e não assume que tudo ocorreu no seu Governo.
Imagem: Bárbara Rodrigues/ GP1Senador Wellington Dias (Imagem:Bárbara Rodrigues/ GP1)Senador Wellington Dias
Mesmo que tenha sacrificado candidatos do seu partido em beneficio do atual Governador, o senador já tem tempo para compreender que o seu futuro só pode ser construído com base na defesa de princípios e não com uma pífia estratégia de tolerância que o remete para uma negativa comparação com os políticos carreiristas e oportunistas.

A verdade é geralmente muito perigosa, mas um líder de envergadura não pode deixar de dizê-la.

Aos líderes não é dado o direito de silenciar.

Em recente reunião para apresentar o seu mais novo "projeto" pessoal, Wellington Dias propôs a alguns companheiros de partido ser candidato a prefeito e ter Elmano Ferrer como vice. Mais uma vez, a exemplo de quando estava prestes a deixar o Governo do Estado, muda de ideia e atira no próprio pé porque gera a imagem de um político que pode mudar de opinião a qualquer momento desde que a situação lhe seja conveniente.

Desde o início do processo de discussão sobre a eleição de Teresina o senador Wellington Dias fez declarações enfáticas de que não seria candidato embora tenha permitido que sua mulher, Rejane, se lançasse. Agora, numa reunião que pediu para ser secreta (Tancredo dizia que encontro com mais de três pessoas era comício), sugeriu ter recebido orientação de Lula para ser candidato a prefeito de Teresina.

Wellington Dias tem o direito de ser candidato e eu sempre achei que ele seria. O que não soa muito bem nos ouvidos dos mortais que raciocinam é a desculpa apresentada para a mudança.

Na realidade as suas escaramuças no atual processo eleitoral não me preocupam tanto. O que pesa muito contra o seu futuro é a completa ausência de opinião sobre o certo e o errado.

*** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do GP1

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