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Colunista Feitosa Costa
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Mulheres assumem o comando do tráfico no Piauí e usam "laranjas" para investir lucros em imóveis


As mulheres estão prestes a assumir a hegemonia do tráfico de drogas no Piauí.

É a conclusão a que se chega ao analisar as estatísticas dos julgamentos de traficantes dos últimos dois anos quando 50 por cento das condenações foram de mulheres. As traficantes já representam 70 por cento da população dos presídios femininos. Outra constatação surpreendente: elas têm demonstrado muito mais eficiência na administração do “negócio” do tráfico do que os homens, dando um formato de empresa às atividades que começam a controlar e implacáveis nas decisões.

“Está quase meio a meio; de cada 100 condenações praticamente 50 são de mulheres”, revela estarrecido o juiz da 6ª Vara, privativa de crimes sexuais e de tóxico, Almir Adib Tajra, para quem o trabalho de combate ao tráfico vem sendo feito de forma eficiente pelas policias Civil e Federal.

Ao longo de 2011, foram condenadas pelo menos 40 mulheres e este ano quase 15 do total do julgamento de 30 acusados de tráfico. Existe uma clareza nos setores do estado que tratam com o tráfico: as mulheres serão maioria nessa atividade e não vai demorar muito.

Esse fenômeno foi detectado há alguns anos quando se percebeu que mulheres de maridos presos pela prática do tráfico haviam assumido o controle dos “negócios” dos companheiros obtendo um desempenho até melhor. A maioria ingressou na atividade criminosa dessa forma e algumas delas permaneceram na chefia mesmo depois da volta dos parceiros dos presídios.

Geografia e perfil

As mulheres que controlam a atividade criminosa em Teresina têm entre 20 e 30 anos de idade e se caracterizam pela firmeza de decisões principalmente quando se trata de observar “a lei do tráfico”. Algumas são suspeitas de terem mandado executar membros de suas quadrilhas e de outras rivais.

O principal “quartel-general” do tráfico feminino está localizado na zona norte de Teresina, precisamente no bairro São Joaquim, onde também pontificam as quadrilhas comandadas por homens não só ali como em áreas adjacentes conhecidas como cenários da atividade e também de ajustes de contas.

Na geografia do tráfico, agora tanto feminino como masculino, vem em segundo lugar o bairro São Pedro, que detinha a hegemonia da atividade, perdida há cerca de cinco anos com a intensidade das operações policiais, responsável pelo desmantelamento de grupos tradicionais hoje em fase de rearticulação

Produto mais vendável

De acordo com o juiz Almir Adib Tájra, a droga mais procurada hoje junto aos traficantes é o crack, que conseguiu superar a preferência da maconha, a segunda na preferência dos consumidos e dos fornecedores.

A maior parte do crack consumido em Teresina vem do Estado de São Paulo, onde é produzido em larga escala. Já a maconha tem a sua principal fonte no Estado do Pernambuco e dependendo da sua qualidade pode ou não se transformar numa grande demanda para os traficantes, principalmente mulheres.

Investimentos

A eficiência das mulheres à frente do tráfico de drogas é percebida com facilidade. Foi na administração delas, pelo menos no Piauí, que as autoridades perceberam uma melhor aplicação dos lucros das “bocas/empresas”.

A compra de imóveis, colocados em nomes de “laranjas” de confiança, passou a ser o investimento principal das traficantes.Muitos imóveis estariam na zona leste de Teresina. Há indícios de que as chefes do tráfico começaram a fazer investimentos fora do Piauí, em cidades como Fortaleza e Recife.

*** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do GP1

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