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Colunista Feitosa Costa
GP1

Fernanda Lages tinha uma "sede de viver que eu nunca vi"


Raniel Pereira: "Ela era assim, não merecia ... "
Sarah furtado : "era assim mesmo Ni, do jeito que a gente estava falando sobre ela fim de semana passado lembra?! Super alegre, não fazia diferença entre ninguém"
Raniel Pereira: "verdade, com uma sede de viver que eu nunca vi igual"
Sarah Furtado:" sede de viver..."

Imagem: ReproduçãoClique para ampliarFernanda Lages(Imagem:Reprodução)Fernanda Lages
Este diálogo, mantido entre Raniel Pereira, que dividia apartamento com Fernanda Lages, e Sarah Furtado, amiga da estudante morta, aconteceu a partir das 20 horas do dia 26 de agosto,  pouco mais de 24 horas depois da morte e é um forte indicador de que Fernanda adorava a vida.

"O maior mistério que cerca a morte da estudante de direito Fernanda Lages Veras, encontrada no pátio posterior do prédio do Ministério Público Federal, na avenida João XXIII, ao amanhecer do  último dia 25 de agosto, é a sua chegada ao local, o acesso e a sua suposta desenvoltura dentro da área para quem estava ali pela primeira vez.
Como Fernanda sabia que entrando pela construção do edificio sede do TRT encontraria lá nos fundos, quase chegando num matagal e depois de percorrer pelo menos 100 metros, um acesso dificil, improvisado com duas tábuas?

E uma vez alcançando esse ponto, que dá para um pátio-quintal do prédio, conseguiria encontrar, no escuro, uma escada que dá acesso à cobertura cuja entrada está num ponto que até sob a luz do dia se tem dificuldade de achar?

Estas são perguntas que precisam ser respondidas pela investigação em torno da morte e que têm um peso muito forte para derrubar uma eventual tese de suicidio, levantada de forma precipitada três dias depois do encontro do corpo e sem que houvesse qualquer trabalho conclusivo da perícia técnica ou do legista que examinou por horas o corpo da garota, no IML. Como se isto não bastasse, não apareceu até aqui uma só pessoa que tenha detectado qualquer sinal, por menor que seja, de que Fernanda estava chateada com alguma coisa.Pelo contrário: "ela tinha sede de viver, como dizem dois de seus amigos num diálogo por uma rede social no dia seguinte ao encontro do corpo.

Pelo tempo que transcorreu entre o momento que o vigia Domingos Pereira da Silva Santos diz ter visto alguém entrar pelo portão de madeira da avenida João XXIII e o encontro do corpo é de se supor que a moça se movimentou como se conhecesse o terreno ou andasse com alguém que conhecia. "Por essas e outras constatações é que são muito fortes e justificáveis as reações a atos preparatórios para uma possivel conclusão de que houve suicidio", comenta um policial civil que acompanha à distância os acontecimentos dizendo-se bastante preocupado.

Pelo que este repórter conseguiu levantar ao longo dos últimos dias a estudante Fernanda Lages não conhecia a obra. Ela estava morando há pouco tempo no bairro São João, dividindo apartamento com o conterrâneo e amigo Raniel Pereira. Quem fez o transporte de alguns de seus pertences, inclusive uma cama box, para o novo local de morada, no mês de junho, foi o marido de sua tia. Então, se Fernanda não conhecia a área, como teria chegado ao pátio do prédio, em tão pouco tempo, percorrendo uma área cheia de pedras, de pedaços de tábuas, fragmentos de concretos, ferros e materiais de construção espalhados por todo canto? Vem daí a suposição de que alguém a conduziu.

Reprodução simulada

O delegado Paulo Nogueira e o diretor do departamento de polícia científica do Piauí, José Luis de Sousa Filho, estão fazendo esforços para realizar quinta ou sexta-feira desta semana, seguindo os mesmos horários dos acontecimentos, uma "reprodução simulada" de eventos sobre os quais não pairam nenhuma dúvida na investigação até aqui conduzida em torno da morte de Fernanda.

A reprodução consiste em repetir atos circunstanciais que possam explicar o episódio. A principio busca confirmar se aquilo que já se conhece bate com as informações prestadas  pelas testemunhas.

O trabalho poderá ser feito em três ambientes diferentes: um que pode ser chamado de externo, que é o trajeto feito pela moça a partir do bar do Pernambuco; e dois outros que podem ser rotulados de internos, que são a área da obra da construção do TRT e o perímetro que compreende o prédio do Ministério Público Federal em cujo pátio posterior a estudante foi encontrada.

*** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do GP1

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