Uma fonte do alto escalão da Secretaria de Segurança Pública do Piauí confidenciou à Coluna que logo depois de transferir R$ 90 mil da conta do empresário Antônio Francisco dos Santos Sousa e matá-lo, as donas do prostíbulo Balde Azul, Kalina Sampaio e Maria Pereira se dirigiram a um pai de santo para pedir proteção espiritual. A consulta ao Pai Anderson, preso na última sexta-feira (24) por envolvimento no crime , custou R$ 5 mil, e o pagamento foi feito com parte do dinheiro retirado da conta da vítima.

O caso, que vem sendo descortinado pelo Departamento de Homicídio e Proteção à Pessoa (DHPP), já chegou a 8 pessoas, quatro delas já foram presas: as donas do prostíbulo, a faxineira do estabelecimento e, mais recente, o pai de santo.

Foto: Carlos Augusto
Pai Anderson sendo conduzido pelos policiais do DHPP

Donas do Balde Azul tinham costume de dopar clientes

Durante depoimento, testemunhas relataram que as proprietárias do Balde Azul tinham costume de dopar alguns frequentadores do local para obter vantagem dos clientes e viram no empresário Antônio Francisco uma pessoa vulnerável, com recurso financeiro vultuoso (R$ 90 mil), que poderia ser furtado com facilidade, dada a fragilidade do momento.

Ao perceberem que a ideia de ter matado a vítima em função do furto dos R$ 90 mil fora uma medida extrema, Kalina Sampaio e Maria Pereira resolveram procurar o pai de santo e confidenciaram o crime. Para tanto, Pai Anderson cobrou R$ 5 mil e as disse que ficassem tranquilas, pois não sofreriam nenhum tipo de reprimenda.

Rapidinhas

Parlamentares conhecem bem o Pai Anderson

Em épocas de eleição dois conhecidos deputados da Assembleia Legislativa do Piauí (Alepi) procuram o Pai Anderson para buscar orientações. Tem até vereador da capital, tal é a influência do pai de santo entre os parlamentares.

Empresário é condenado a prisão por se recusar a filmar casamento homoafetivo

O juiz Teófilo Rodrigues Ferreira, respondendo pela 1ª Vara Criminal da Comarca de Teresina, condenou o empresário Ismaily Rosendo de Brito a 1 ano e 6 meses de prisão por crime de homofobia. A sentença foi dada no dia 3 de maio deste ano.

Conforme a denúncia, no dia 9 de janeiro de 2021 Cindy Manuela Martins de Andrade através do Whatsapp, entrou em contato com a empresa “Eu e Você Filmes”, solicitando orçamento do serviço de filmagens para o seu casamento.

Na ocasião, ela foi atendida por Ismaily Rosendo, dono da empresa, que de pronto perguntou o nome do noivo e a data do evento. Ao obter a resposta de que não havia uma data ainda definida e que não existia um noivo, mas sim uma noiva, de nome Ludmila, Ismaily respondeu que não poderia agendar sem um dia marcado e que, além disso, sua empresa não fazia casamentos homoafetivos.

Casal procurou a polícia

Após isso, as tratativas foram encerradas, em razão do descontentamento da vítima com a empresa, que registrou o ocorrido na Polícia Civil, resultando na abertura de inquérito policial.

Caso foi parar na Justiça

Contrário ao Ministério Público, o juiz Teófilo Rodrigues Ferreira concluiu que, no dia do fato, após conversa com Cindy Manuela por aplicativo de mensagens, o acusado Ismaily Rosendo de Brito praticou o crime previsto no art. 20, da Lei nº 7.716/89, devendo, por isso, sofrer as reprimendas do tipo penal, razão pela qual foi condenado a 01 ano e 06 meses de reclusão, em regime aberto, pagamento de 30 dias-multa, cada um sob o valor de 1/30 (um trinta avos) do salário-mínimo vigente à data dos fatos e suspensão dos direitos políticos.

Acusado alegou ser cristão protestante

Durante o interrogatório em Juízo, o empresário Ismaily Rosendo declarou que a acusação se dá apenas em razão de uma escolha de não prestação de serviços. Argumentou ainda que, por ser cristão protestante, recusou a prestação de serviços e que, durante o contato com a vítima Cindy Manuela, saber o gênero do casal que está procurando o serviço é fundamental.

*** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do GP1