Na manhã desta quarta-feira (16), 100 mil imóveis ainda permaneciam sem energia elétrica na região metropolitana de São Paulo, conforme informado pela Enel . O caos energético já se arrasta por cinco dias, após o temporal que ocorreu na sexta-feira (11).
Segundo boletim atualizado por volta das 9h de hoje, a companhia trabalha para restabelecer o fornecimento para os milhares de clientes impactados. “As equipes atuam, desde os primeiros momentos da tempestade de sexta-feira (11), no restabelecimento de energia para os clientes que tiveram o serviço afetado e para aqueles que ingressaram com chamados de falta de luz ao longo dos últimos dias”, ressaltou a empresa, em nota.
Prejuízos do apagão em São Paulo chegam a R$ 1,65 bilhão
A crise energética já causou prejuízos bilionários. Segundo levantamento da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (Fecomércio-SP), a falta de eletricidade, que já dura quatro dias, gerou prejuízo de R$ 1,65 bilhão nos setores de varejo e serviços na cidade de São Paulo, principalmente devido à paralisação de atividades comerciais e industriais. O levantamento considera as perdas acumuladas desde a última sexta-feira (11), quando um temporal causou danos significativos à rede elétrica.
“Esses dados foram compilados levando em conta que, aos fins de semana, o comércio de São Paulo tende a faturar, em média, R$ 1,1 bilhão por dia, enquanto os serviços têm receitas de R$ 2,3 bilhões. O valor deverá ser maior, porque a empresa responsável pela distribuição de energia, a Enel, ainda não forneceu respostas concretas sobre o retorno do serviço à totalidade dos imóveis que dependem da rede”, disse um comunicado da empresa divulgado na madrugada desta terça-feira (15).
Além disso, o temporal também provocou a queda de centenas de árvores na capital, sendo uma das principais causas do apagão. A prefeitura registrou 386 ocorrências de quedas de árvores desde a última sexta-feira, e 49 delas ainda aguardam a intervenção da Enel para que as equipes municipais possam atuar na remoção.
A prefeitura de São Paulo responsabilizou a Enel pela demora no restabelecimento do fornecimento e ingressou com uma ação civil pública no Tribunal de Justiça, solicitando que a empresa restabeleça imediatamente a energia, sob pena de multa diária de R$ 200 mil. Segundo a administração municipal, as ações da empresa não têm sido suficientes para atender a demanda.
Disputa política
O prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB), exigiu que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) interfira diretamente para romper o contrato com a Enel. O ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira (PSD), no entanto, acusou Nunes de propagar desinformação sobre a renovação do contrato e destacou que uma ruptura dependeria de um processo legal.
"Somados às distribuidoras CPFL, Enel, EDP, ISA CTEEP, Eletrobras, Light, Energisa, que estão aqui hoje, nós estamos ampliando de 1.400 [funcionários da Enel] para 2.900 profissionais, além de mais de 200 caminhões para apoiar essas equipes, fora os caminhões de própria Enel, e mais de 50 equipamentos", disse o ministro.
O contrato da Enel, que vai até 2028, já estava sob escrutínio, devido a outros dois apagões em São Paulo nos últimos 12 meses. Em novembro de 2023, um temporal deixou 3,7 milhões de pessoas sem luz, e a empresa levou até seis dias para restabelecer o serviço em algumas áreas. Em março de 2024, um novo apagão afetou o centro da capital, incluindo a Santa Casa de São Paulo.
Governador de São Paulo defende fim de concessão da Enel
O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), disse que “é claro” que a concessionária Enel deveria “sair do Brasil”, em momento com jornalistas após a Solenidade Comemorativa ao 54º Aniversário da Rota e Outorga da Medalha “Rondas Ostensivas Tobias de Aguiar”, na manhã dessa terça-feira (15).
Está claro que ela é incompetente, está claro que ela não se preparou para fazer investimento, é claro que ela não se preparou para fazer distribuição de energia na cidade de São Paulo, tá claro que ela tem que sair daqui. Ela tem que sair do Brasil
Ações de contingência e força-tarefa
Em resposta às críticas, o ministro Alexandre Silveira anunciou uma força-tarefa nacional envolvendo outras concessionárias de energia para ajudar a Enel a restabelecer o fornecimento. Durante coletiva de imprensa na segunda-feira (14), Silveira criticou a empresa por não oferecer uma previsão clara para a retomada dos serviços, afirmando que a Enel "beirou a burrice" ao reduzir sua mão de obra.
O plano de emergência envolve a ampliação do número de funcionários de 1.400 para 2.900 profissionais e a utilização de mais de 200 caminhões de apoio, além dos já existentes.
Pressão e auditoria
Diante das críticas, a Enel também enfrenta uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) na Assembleia Legislativa para investigar sua conduta. O Tribunal de Contas do Município (TCM-SP) apontou "graves falhas" no cumprimento das metas de investimento e qualidade de atendimento da concessionária. Em nota técnica, o TCM sugeriu a realização de auditorias externas e mais transparência nos indicadores de desempenho da empresa.
Com a reunião entre o governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) e prefeitos da região metropolitana marcada para esta terça-feira (15), o impasse sobre a responsabilidade e as soluções para a crise energética em São Paulo promete continuar, sem previsão imediata de resolução.
Contatos
Por ora, a Enel diz que os canais mais recomendados pela empresa para o contato dos usuários são os seguintes: SMS: envie gratuitamente mensagem de texto do seu celular para o número 27373 com a palavra luz e o número da instalação que está sem energia. Exemplo: luz 012345678.
Pelo aplicativo da Enel, site enel.com.br e WhatsApp: (21) 99601-9608.