Em decisão histórica, a Organização Mundial da Saúde (OMS) aprovou nesta quarta-feira, 6, a primeira vacina contra a malária, doença que é transmitida por um mosquito e que mata mais de 400 mil pessoas por ano, principalmente crianças na África. Segundo a OMS, a cada dois minutos uma criança morre de malária no mundo.
Conhecida desde a antiguidade, a doença manifesta-se principalmente por meio de febre, dores de cabeça e incômodos musculares. Há ainda outros sintomas cíclicos, como calafrios, aumento da temperatura corporal e sudação.
"É um momento histórico. A tão esperada vacina contra a malária para crianças é um avanço para a ciência, para a saúde infantil e para a luta contra a malária", disse em comunicado o diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom. “Usar esta vacina, além das ferramentas existentes para prevenir a malária, pode salvar dezenas de milhares de vidas de crianças a cada ano”, acrescentou.
Fabricada pela gigante farmacêutica britânica GSK, a RTS (S/AS01) é uma vacina que atua contra o parasita mais letal transmitido pelos mosquitos, o Plasmodium falciparum. Ao todo, a doença é causada por cinco espécies de parasitas do tipo Plasmodium, todos transmitidos por picadas de mosquitos. O Plasmodium falciparum é o mais patogênico e o responsável por casos fatais.
Para a África, onde a malária mata mais de 260 mil crianças menores de cinco anos a cada ano, a aprovação da vacina é sinônimo de esperança, especialmente porque há temores de que a malária se torne cada vez mais resistente aos tratamentos.
“Durante séculos, a malária assolou a África Subsaariana e causou um imenso sofrimento pessoal”, disse Matshidiso Moeti, diretor regional da OMS para a África. “Há muito esperamos por uma vacina eficaz contra a malária e agora, pela primeira vez, temos uma recomendada para uso generalizado.”
Desde 2019, um programa piloto foi realizado em três países da África Subsaariana, Gana, Quênia e Malaui, introduzindo a vacina em várias áreas. Mais de duas milhões de doses foram administradas.
A RTS é a primeira vacina, e a única até agora, que se mostrou eficaz na redução significativa do número de casos de malária, incluindo os graves e fatais, em crianças.
De acordo com a OMS, os ensaios clínicos de fase 3 demonstraram que a vacina, quando administrada em quatro doses, previne, no geral, quatro em cada dez casos de malária e três em cada dezes casos da variante mais letal.
Os resultados do teste piloto mostraram que o imunizante "reduz significativamente a malária em sua forma grave em 30%", disse Kate O'Brien, diretora do departamento de vacinação da OMS.
Formas de financiamento e outros avanços na luta contra a malária
Logo após o comunicado publicado pela OMS, a Vaccine Alliance (Gavi), iniciativa da Fundação Bill e Melinda Gates, anunciou que examinará "se e como financiar um novo programa de vacinação contra a malária nos países da África Subsaariana".
O ano de 2021 foi marcado por grandes avanços na luta contra a malária, doença para a qual as empresas farmacêuticas e as pesquisas durante anos deram pouca atenção.
Um protótipo de vacina desenvolvido pela Universidade de Oxford, Matrix-M, aumentou as esperanças em abril, com uma eficácia incomparável de 77% em testes de fase 2. O imunizante pode ser aprovado em dois anos.
Em julho, o laboratório alemão BioNTech indicou que queria aplicar à malária a tecnologia de RNA mensageiro, usada em sua vacina contra o covid-19. A OMS espera que sua recomendação incentive os cientistas a desenvolver outras vacinas.
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