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Política

Com Onyx enfraquecido, cresce possibilidade de reforma ministerial

Com demissões de Vicente Santini e Fernando Moura, órgão está enfraquecido após ofensiva de ministros de fora do Planalto contra o titular da pasta.

As mudanças anunciadas pelo presidente Jair Bolsonaro na Casa Civil são vistas por integrantes do Palácio do Planalto como um prenúncio de uma minirreforma ministerial.

Segundo fontes do Planalto, há uma ofensiva interna capitaneada pela ala militar, mas com apoio de ministros de fora do palácio, contra o ministro-chefe da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, que se intensificou após ele entrar em férias. Dois de seus principais auxiliares foram demitidos durante a sua ausência: Vicente Santini, que fez "voo particular" com avião da Força Aérea Brasileira (FAB), e Fernando Moura, que ficou apenas um dia como interino. Com as mudanças, a Casa Civil está por ora sem comando.


Oficialmente, o ministro volta ao trabalho na próxima segunda, 3. Uma saída estudada seria transferi-lo para um ministério da área social, retirando ele do Palácio do Planalto, onde despacha o chefe da Casa Civil, assim como o presidente.

A ofensiva contra Onyx também teria outro foco, o ministro da Educação, Abraham Weintraub, que vem acumulando desgastes recentes depois da identificação de erros graves no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). Abraham e o irmão, Arthur, que é assessor especial da Presidência, foram apresentados ao presidente justamente por Onyx.

O MEC apresenta problemas desde o início da gestão Bolsonaro. Abraham não é o primeiro ministro a assumir a pasta. O antecessor, Ricardo Vélez Rodríguez, foi demitido após gestão marcada por controvérsias e recuos.

Nesta quinta-feira, 30, o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia, criticou Weinraub e também o ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles. "Quanto ao Salles, eu acredito que ele radicalizou no ano passado, mas é um ministro que tem qualidade. Já o ministro da Educação atrapalha o Brasil, tem visão ideológica e brinca com o futuro de milhões de crianças", disse Maia.

Na semana passada, Bolsonaro deu indícios de que pensa em mudanças nos ministérios. Durante conversa com jornalistas, o presidente afirmou que se arrepende de não ter dado status de ministério à Secretaria da Pesca.

"A Secretaria da Pesca, por exemplo, eu confesso a você que, se fosse hoje, eu deixaria Ministério, porque o Brasil é um mar nessa área, é um dos países que mais têm água do mundo. Até pela característica, pelo empenho do Jorge Seif Jr., que se dedica de corpo e alma à sua função, merecia isso para lhe dar um status maior para melhor divulgar, difundir e estimular a pesca, a aquicultura no Brasil", disse na ocasião.

Bolsonaro também chegou a dizer que estuda a possibilidade de recriar o Ministério da Segurança Pública, atualmente sob o comando de Sérgio Moro, mas recuou após repercussão negativa de que a medida enfraqueceria o superministro.

"Ministro-zumbi"

Com a transferência do Programa de Parcerias de Investimentos (PPI) para o Ministério da Economia, o presidente Jair Bolsonaro deixou a Casa Civil totalmente esvaziada. No Palácio do Planalto, a avaliação é de que a pasta se tornou "obsoleta" após sucessivas mudanças em sua estruturação.

Um dos primeiros apoiadores de Bolsonaro no período pré-eleitoral, Onyx Lorenzoni foi o responsável por coordenar a transição do governo no final de 2018. Depois, na Casa Civil, acumulava a articulação política e a Subchefia de Assuntos Jurídicos (SAJ), por onde passam as principais decisões do governo.

Na metade do ano passado, Bolsonaro decidiu fazer uma reestruturação e tirou a articulação de Onyx, que passou para a Secretaria de Governo, sob o comando de Luiz Eduardo Ramos. A SAJ, por sua vez, acabou transferida para a Secretaria-Geral da Presidência, com Jorge Oliveira. Considerado um "prêmio de consolação", Onyx ganhou o Programa de Parceria e Investimentos. Agora, ele acaba de perder o PPI para a Economia.

Além disso, o ministro da Casa Civil teria, em teoria, a missão de coordenar a atuação de todas as pastas da Esplanada, mas há reclamações nos bastidores de que isso não vem ocorrendo. Um sinal de que Bolsonaro não está satisfeito com o trabalho foi o fato de ter passado a coordenação do Conselho da Amazônia, anunciado no início deste ano, para o vice-presidente, Hamilton Mourão.

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