Após 26 dias sem publicar nas redes sociais, o vereador Carlos Bolsonaro (PSC-RJ), filho do presidente Jair Bolsonaro, voltou ao Twitter. O parlamentar reapareceu na rede social a três dias do prazo final dado pela empresa para que ele retornasse sem perder a conta. Na foto de perfil, o vereador segura um fuzil de assalto 7.62, que no Brasil é exclusivo das Forças Armadas e de algumas forças policiais.
Na manhã deste domingo, 8, ele postou um GIF do chef turco Nusret Gökçe, conhecido como Salt Bae, dono da rede de steakhouses Nusr-Et - e nada disse.
Na pequena biografia, há um link para uma página com seus dados e atuação parlamentar, onde o destaque é o pai, Jair Bolsonaro. Há um link para conhecer "Alguns grandes feitos do governo em menos de um ano" e outro para "Quem é Jair Bolsonaro", além de acesso ao "blog família Bolsonaro", que diz trazer informações "exclusivas".
Pouco mais de uma hora após a publicação, a mensagem já tinha mais de 800 compartilhamentos e 3,5 mil curtidas.
Como mostrou o jornal O Estado de S. Paulo, Carlos havia sumido das redes sociais desde 11 de novembro, em uma tentativa de se preservar após ter o nome envolvido na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) Mista das Fake News e ver assessores voltarem a prestar depoimento na investigação sobre a morte da vereadora Marielle Franco (PSOL). O "sabático" forçado incomoda o segundo filho do presidente, mas era recebido com alívio por ministros e aliados de Bolsonaro.
Na semana passada, em entrevista ao Estado, o ministro-chefe da Secretaria de Governo, general Luiz Eduardo Ramos, comemorou o "momento feliz". Desde janeiro, não faltaram críticas abertas às posições de Carlos por parte de autoridades do Planalto, mas quem o recriminou acabou perdendo força no núcleo do governo.
Interlocutores do presidente dizem que a decisão havia sido tomada pelo próprio vereador, sem interferência do pai - Carlos, no entanto, conversa com Bolsonaro por telefone quase todos os dias. Um amigo garantiu à reportagem que ele estava se "coçando" para voltar a postar.
Durante o sabático, o vereador não usou a rede nem mesmo para reagir a ataques. A intenção era reverter a pecha de que sua atuação nas redes engessa o Planalto. A aliados próximos, Bolsonaro reclama que os opositores tentam empurrar seu filho para o centro das investigações.
O afastamento havia sido recomendado pelos advogados por conta dos trabalhos da CPI das Fake News. O "02" de Bolsonaro foi citado em praticamente todos os depoimentos ouvidos pela comissão, acusado de comandar o "gabinete do ódio", instalado no Palácio do Planalto, de onde partiriam ataques a adversários da família.
Um dos responsáveis por administrar as contas do presidente na internet, Carlos criou problemas políticos para o governo por suas postagens.
Em 17 de outubro, por exemplo, a conta oficial de Twitter do presidente publicou uma defesa da prisão após condenação em segunda instância e da Proposta de Emenda à Constituição sobre o tema que tramita na Câmara. No mesmo dia, o post foi apagado e Carlos pediu desculpas pelo gesto, interpretado como tentativa do Executivo de interferir em outros Poderes.
Carlos tem mais de 1 milhão de seguidores no Twitter. Pelas normas da empresa, ele teria até o dia 11 deste mês para reativar o perfil, sob risco de perder os dados. Antes da postagem deste domingo, assessores informaram que ele não havia desativado em definitivo a conta nem apagou o histórico de interações.
Política
Carlos Bolsonaro volta ao Twitter após período 'sabático' nas redes
O parlamentar reapareceu na rede social a três dias do prazo final dado pela empresa para que ele retornasse sem perder a conta.
Por Estadão Conteúdo
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