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Política

Juiz determina transferência de Sérgio Cabral para prisão federal

Durante o interrogatório houve troca de farpas entre o juiz e o ex-governador.

O juiz Marcelo Bretas acolheu, nesta segunda-feira (23), o pedido de transferência do ex-governador Sérgio Cabral (PMDB) para um presídio federal, feito pelo Ministério Público Federal (MPF) durante o interrogatório do político. A defesa deve entrar com um habeas corpus no Tribunal Regional Federal 2 (TRF-2) ainda nesta segunda.

  • Foto: Estadão Conteúdo Sérgio CabralSérgio Cabral

Segundo o G1, o depoimento foi sobre a compra de joias para a ex-primeira-dama Adriana Ancelmo com dinheiro de propina. O ex-governador citou supostos negócios da família do juiz no ramo de bijuterias, além da concretização da delação de Renato Pereira (ex-marqueteiro do PMDB) e informações do andamento do processo.


"Durante o interrogatório do senhor Sérgio Cabral, ele mencionou expressamente que, na prisão, recebe informações inclusive da família desse magistrado, o que denota que prisão no Rio não tem sido suficiente para afastar o réu de situações que possam impactar nesse processo", afirmou o procurador Sérgio Pinel.

Bretas acolheu o pedido, afirmando que este tipo de declaração é incomum.

"Será que representa alguma ameaça velada? Não sei, mas fato é que é inusual", questionou.

"É no mínimo inusitado que ele venha aqui trazer a juízo, numa audiência gravada, a informação de que recebe ou acompanha a rotina da família do magistrado. Deixa a informação de que apesar de toda a rigidez (do presídio no Rio), que imagino que haja, aparentemente tem acesso privilegiado a informações que talvez não devesse ter", disse o juiz.

O advogado Rodrigo Rocca, que defende o ex-governador, criticou a decisão. Ele afirmou que não houve nenhuma ameaça por parte de Cabral.

"Se meus familiares mexem com pastel ou outro ramo não tem importância alguma para criar embaraço à Vossa Excelência ou a quem quer que seja, além de inusitado (o fato de aceitar a denúncia) violaria preceitos constitucionais", disse.

Para ele, a decisão é também arbitrária. “Os presos entram e saem de lá e dizem coisas que nem sempre condizem com a verdade. Presumo que é verdadeira. Não diria que (a decisão) foi infeliz, diria que foi desnecessário”

Discussão durante interrogatório

O interrogatório de Sérgio Cabral (PMDB) ao juiz Marcelo Bretas foi marcado por discussões nesta segunda-feira (23). O ex-governador disse que o Ministério Público Federal (MPF) faz um teatro, que está sendo injustiçado e chegou a dizer que Bretas — através da denúncia — busca projeção pessoal. O magistrado rebateu.

Com o clima quente, o interrogatório foi suspenso por cinco minutos e recomeçou mais calmo. Antes, Cabral resumiu a denúncia como "um roteiro mal feito de corta e cola".

"Eu estou sendo injustiçado. O senhor (juiz) está encontrando em mim uma possibilidade de gerar uma projeção pessoal, e me fazendo um calvário, claramente", reclamou o ex-governador.

Às primeiras perguntas, sobre a suposta compra de joias com dinheiro de propina, disse que o magistrado conhecia o assunto por ter familiares atuando no ramo de bijuterias.

"Não quero que o senhor conte história da minha família ou o que aferiu a meu respeito", replicou Bretas. Na sequência, o juiz acabou aceitando o pedido do MPF para a transferência do ex-governador para um presídio federal.

Em outro momento, o ex-governador chegou a dizer que o magistrado falava dele de maneira desdenhosa. "Aqui não há desdém", rebateu.

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