A Polícia Civil do Paraná, com apoio de forças policiais de mais quatro estados, deflagrou na manhã desta quarta-feira (19) uma operação que cumpriu 11 mandados de prisão preventiva e 29 mandados de busca e apreensão contra um grupo suspeito de transportar drogas em caminhões frigoríficos. Segundo a Divisão Estadual de Narcóticos (Denarc), o núcleo da organização, estabelecido no oeste do Paraná, pode ter movimentado mais de R$ 100 milhões em cerca de quatro anos. O uso de caminhões frigoríficos tinha como objetivo burlar a fiscalização, já que a violação dos lacres comprometeria o produto transportado.

Um dos alvos da operação é o jornalista carioca Ricardo Lyra Ribeiro, CEO do “Jornal Corporativo”, apontado pela polícia como responsável pela contabilidade e gerenciamento das contas bancárias da quadrilha. Além das prisões, foram determinados o sequestro de 17 veículos, entre caminhões e carros, e o bloqueio de bens, imóveis e ativos financeiros de 24 pessoas e 13 empresas. A ação aconteceu simultaneamente no Paraná, Rio de Janeiro, São Paulo, Minas Gerais e Santa Catarina, envolvendo 180 policiais.

Esta operação é a segunda fase da Operação 'Carga Fria', que teve início em agosto de 2023. Na primeira fase, 15 pessoas foram presas, 11 armas de fogo foram apreendidas e cerca de R$ 25 milhões em bens móveis, imóveis e dinheiro foram sequestrados. A investigação começou em março de 2023, com a apreensão de cerca de duas toneladas de maconha em um fundo falso de um caminhão frigorífico. Um bunker usado para armazenar drogas foi descoberto no subsolo de um chiqueiro de porcos, onde foram encontradas sete toneladas de drogas, três fuzis e 700 munições em Palotina, no oeste do Paraná.

As drogas distribuídas pelo grupo eram retiradas da região dos lagos de Itaipu, armazenadas em chácaras na região de Toledo, e posteriormente transportadas em fundos falsos de caminhões frigoríficos para outros estados. Recentemente, dois membros do grupo foram alvos de disparos em Marechal Cândido Rondon, resultando na morte de um e no ferimento grave de outro, um policial civil de São Paulo. A polícia suspeita que a violência interna no grupo se deve à prisão de um dos líderes na primeira fase da operação.

Entre os investigados está um policial civil de São Paulo, que foi afastado e preso na primeira fase da operação. Ele auxiliava na logística da distribuição e fornecia informações privilegiadas obtidas em razão de suas funções. A operação contou com o apoio da Polícia Federal e do Centro Integrado de Operações de Fronteira (CIOF) de Foz do Iguaçu, pois um dos alvos pode estar no Paraguai.