O delegado Eduardo Monteiro, chefe da Delegacia de Repressão aos Crimes Cibernéticos (DELECIBER) da Polícia Federal, concedeu entrevista à imprensa nesta quinta-feira (28) e deu detalhes de como funcionava o esquema fraudulento envolvendo auxílio emergencial e operações bancárias eletrônicas contra a Caixa Econômica Federal no Piauí e no Maranhão. Até o momento, 11 pessoas foram presas, entre elas o PM do Maranhão, Gonçalo Matos de Aguiar Neto , o irmão dele Ricardo Rômulo e o pai João Neto e outros três alvos estão foragidos.

O grupo criminoso é composto por jovens de 20 a 40 anos e utilizava uma casa alugada em Teresina para planejar as fraudes. De acordo com o delegado Eduardo Monteiro, a organização usava chips de celular para entrar no aplicativo da Caixa Tem, com o intuito de acessar as contas bancárias das vítimas.

Foto: Alef Leão/GP1
Delegado Eduardo Monteiro

Como funcionava os golpes

“Eles tomavam conta de um chip de celular, cadastravam em nome da vítima e acessavam o aplicativo da Caixa Tem. A partir disso, eles passavam a pagar boletos com o valor que era depositado naquela conta pelo Governo. Os boletos eram pagos das contas dos beneficiários para a empresa de fachada e dessa empresa o dinheiro era transferido para a conta deles”, explicou o chefe da DELECIBER. Cerca de 2 mil chips de celular foram associados aos investigados.

Ainda conforme o delegado, o grupo utilizava fraudes de todos os tipos, possuindo uma cartilha de como realizar os golpes. “Eles pagavam oito pessoas no escritório do crime para ligarem diariamente para vítimas e tentarem aplicar golpes. Nesses golpes, eles utilizavam o que a gente chama de engenharia social, para obter dados da vítima e a partir disso se instalavam em programas no computador dos celulares da vítima e coletavam as senhas de acesso humano”, pontuou.

Investigação

De acordo com Eduardo Monteiro, a investigação ainda está apurando o prejuízo causado à Caixa Econômica Federal e às vítimas. No entanto, o delegado afirmou que o valor inicialmente é cerca de R$ 130 mil.

“O que a gente identificou no início da fraude, com o pouco que a gente tinha no começo, a um prejuízo fraco inicialmente de 130 mil reais, mas sabíamos que, pelo patrimônio deles e pela ausência de atividade lícita por parte deles, eles executavam fraudes maiores. Continuamos as investigações e recentemente conseguimos chegar a esse número de chips associados a eles [mais de 2 mil] que executaram fraudes na Caixa Econômica. Ainda processaremos esses telefones para identificar o valor exato do prejuízo causado à Caixa Econômica Federal”, declarou.

PM está entre os alvos

O GP1 obteve com exclusividade os nomes de três presos pela Polícia Federal durante a Operação Bazófia. Entre os alvos, estão um policial militar do Maranhão, identificado como Gonçalo Matos de Aguiar Neto, o irmão dele, Ricardo Rômulo de Sousa Matos, e o pai, João Neto Matos de Aguiar.

"A gente identificou a participação de um policial militar do Maranhão, que foi preso também na data de hoje. Ele, o pai e um irmão. A gente ainda não identificou qual processo da fraude em si eles estão identificados, mas na lavagem de dinheiro eles estão, porque eles receberam muito dinheiro oriundo das fraudes", disse Eduardo Monteiro