No dia Internacional da Mulher, comemorado nesta sexta 8 de março, o promotor de Justiça Francisco de Jesus falou sobre a quantidade de processos de violência contra a mulher em tramitação. De acordo com o promotor, apenas em Teresina são aproximadamente 13 mil processos.
Os processos são de agressão física, psicológica, ameaças, tentativas de feminicídio e feminicídio. Para o promotor, o número é “assustador”. A declaração foi dada durante uma Roda de Conversa no auditório do Tribunal de Justiça do Piauí (TJ-PI).
- Foto: Marcelo Cardoso/GP1 Promotor Francisco de Jesus
“Aqui em Teresina temos aproximadamente treze mil processos que envolvem violência contra a mulher, que vai desde a violência psicológica, ameaças, tentativas de feminicídio e o próprio feminicídio. Esse número é assustador, estarrecedor. O Judiciário, o Ministério Público e a rede de proteção tem que dar uma resposta imediata à sociedade”, cobrou o promotor.
Mulheres negras
O promotor chamou atenção especial para as mulheres negras, que segundo ele, fazem parte da maior parcela das vítimas de violência. Além dos números, Francisco de Jesus aproveitou a oportunidade para questionar o espaço da mulher negra na sociedade.
“Hoje dos treze mil processos que se encontram em tramitação no sistema de Justiça, 70% das vítimas são mulheres negras que tem suas vidas ceifadas por agressões e são discriminadas. Se você olhar o recorte são poucas mulheres que ocupam espaço de poder e são menos ainda as mulheres negras que ocupam espaço de poder no âmbito executivo, legislativo e no próprio poder judiciário. Nós queremos corrigir essa situação”, declarou.
Empoderamento
“Se somos 80% de uma população negra, onde estão essas mulheres? As mulheres negras sempre foram educadas para serem donas de casa, para cuidar dos filhos alheios sem cuidar dos próprios filhos. Então temos que resgatar essa história trazendo essas mulheres para ocupar esses espaços de poder e o espaço de política”, continuou o promotor.
Denúncia
Francisco de Jesus avalia a violência contra a mulher como uma “questão de saúde pública” e entende que a data comemorativa serve apenas como simbologia, tendo em vista a violência diária sofrida.
“Queremos que as mulheres continuem denunciando. A questão de violência contra a mulher é uma questão de saúde pública e tem que ser trazida para os espaços públicos. O 8 de março é apenas uma simbologia, a mulher sofre violência todos os dias e todos os dias temos que enfrentar essa violência”, concluiu o promotor.
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