A Infraero autorizou, no dia 17 de janeiro, que Leonardo Ferreira Lima, servidor concursado e acusado de ser o mandante do assassinato do cabo do Bope Claudemir Sousa, seja transferido de Teresina para a cidade de Campo Grande, no Mato Grosso do Sul. Ele foi solto, mas o juiz havia proibido que ele saísse da cidade de Teresina. O Ministério Público do Estado do Piauí, por meio do promotor Regis Marinho, já solicitou a revogação da liberdade concedida a Leonardo Ferreira.
- Foto: Facebook/Claudemir Sousa Claudemir Sousa
A família do cabo Claudemir está revoltada com a transferência de Leonardo. Segundo o advogado Tiago Vale, que representa a família do cabo, Leonardo aproveitou que foi solto e imediatamente solicitou sua transferência para Mato Grosso do Sul. Ele ainda estaria evitando ser oficialmente notificado sobre as medidas estabelecidas pelo juiz Antônio Nollêto que impede a sua transferência para outra cidade.
“O juiz estabeleceu condições, entre elas não se ausentar do distrito da culpa. A sentença foi publicada, os advogados notificados, mas os acusados não foram intimados. O Código de Processo Penal determina que ocorra a intimação pessoal. O que acontece é que Leonardo, no momento em que foi colocado em liberdade, imediatamente fez um requerimento para o órgão empregador dele e se ausenta do distrito da culpa e não informa o magistrado. Ele primeiro faz o requerimento, vai morar em outro estado, no Mato Grosso do Sul, e se ausentou do distrito. Hoje existe um prejuízo muito grave para o processo, pois está atrapalhando ele, pois o oficial de justiça tenta de todas as formas intimar o Leonardo sobre a sentença de pronúncia e não consegue. A família e a mãe dele informaram que não sabem onde ele está. Só após essa repercussão [na mídia] do sumiço dele é que informou ao juiz Nollêto”, afirmou o advogado em entrevista ao Jornal do Piauí.
- Foto: Divulgação/PC-PILeonardo Ferreira
Tiago Vale afirmou que o acusado não tem o direito de recomeçar sua vida em outra cidade e que precisa pagar pelo que fez. “A família ficou muito chateada, principalmente porque teve acesso a esse pedido para a Infraero e ele fala em recomeço. A família sente uma dor muito grande por ter perdido um ente. Ele não tem que ter um recomeço de vida, ele tem que pagar pelo que fez. Só após pagar é que ele deve se ressocializar”, disse.
O advogado destacou que já foi pedida a revogação da prisão. “O promotor da 1ª Vara do Júri, Regis, já se antecipou, porque ele é titular da ação penal e informou que não houve esse cumprimento dessas medidas que foram impostas, que ele se ausentou do distrito da culpa e que ele está se esquivando da sentença de pronúncia. Ele já pediu a prisão dele. Eu acredito que ele não está mais em Teresina. O oficial de justiça já fez várias diligências nos endereços que constam nos autos, mas ele não foi localizado”, explicou.
Relembre o caso
O cabo Claudemir Sousa, lotado no Batalhão de Operações Policiais Especiais (BOPE) da Polícia Militar, foi morto com vários tiros, no dia 6 de dezembro de 2016, na porta de uma academia na avenida principal do bairro Saci, zona sul de Teresina. Uma câmera de segurança da academia flagrou o momento em que o policial foi surpreendido por um criminoso.
Horas após o assassinato, cinco pessoas foram presas acusadas de terem arquitetado e executado o crime, dentre essas, um funcionário da Infraero acusado de ser o mandante do assassinato, e também um taxista, que foi o responsável por agenciar quatro homens para matar o policial militar. Na tarde do mesmo dia foi preso Flávio Willames, que havia saído há dois meses do Complexo de Pedrinhas, em São Luís-MA.
Em janeiro, o promotor Régis de Moraes Marinho denunciou oito acusados pela morte do policial: Maria Ocionira Barbosa de Sousa (ex-diretora administrativa do Hospital Areolino de Abreu), Leonardo Ferreira Lima (ex-funcionário da Infraero), Francisco Luan, Thaís Monait Neris de Oliveira, Igor Andrade Sousa, José Roberto Leal da Silva (taxista), Flávio Willame da Silva e Weslley Marlon Silva.
No dia 12 de junho de 2017, o juiz ouviu as testemunha no caso. No dia 30 de junho, os acusados de envolvimento na morte do cabo Claudemir de Sousa mudaram o discurso e negaram que tenham feito parte do plano para acabar com a vida do oficial do Batalhão de Operações Especiais (Bope) do Piauí.
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