O programa Globo Rural deste domingo (14) apresentou uma reportagem falando sobre a nova fronteira agrícola, que compreende a região da "Mapitoba", que reúne a primeira sílaba dos estados que a compõem: Maranhão, Piauí, Tocantins e Bahia. A Mapitoba engloba áreas próximas à divisa destes estados.
A reportagem mostrou agricultores que foram os pioneiros na produção de grãos na região e mostra porque a região tem sido tão procurada. O programa também mostrou que a cidade de Bom Jesus no Piauí, vem sofrendo com um crescimento rápido.
Confira a reportagem na íntegra:
A região da "Mapitoba", reúne a primeira sílaba dos estados que a compõem: Maranhão, Piauí, Tocantins e Bahia. A Mapitoba engloba áreas próximas à divisa destes estados.
No município de Luís Eduardo Magalhães, na Bahia, basta um passeio pela zona rural para encontrar agricultor que fez história por lá.
Iris Basso é um deles. Em 1986, ele veio do Rio Grande do Sul com a mulher e dois filhos, um deles Ricardo, então com sete anos.
Ricardo já andava no trator para acompanhar os pais e hoje toca a fazenda junto com uma irmã e o pai. A área tem 1,8 mil hectares de soja, 1,5 mil de algodão e 100 hectares de arroz irrigado. 20% da fazenda foi preservado como reserva e áreas de proteção permanente, respeitando a legislação.
Este mês é época de colheita da soja, uma boa hora para conseguir emprego na lavoura. A colheitadeira some em meio à poeira. O tempo seco prejudicou a produção e Iris reclama.
A soja colhida vai direto para o armazém. Quase 100% dos grãos é vendido para multinacionais e exportado para os Estados Unidos. E Iris já está sofrendo assédio de uma empresa chinesa.
Nestes quase 30 anos, a fazenda prosperou. Com variedades mais adaptadas à região, o solo melhorado e muito trabalho, a produtividade foi subindo e tudo vem sendo reinvestido. Tem refeitório recém-construído, barracões novos, a primeira casa da família hoje é moradia de funcionários. Iris mora em uma casa nova.
Com o sucesso da lavoura, os filhos dos agricultores estão tendo mais oportunidades. Em uma escola de inglês, boa parte dos alunos é filho de fazendeiros.
Quase toda a arrecadação do município de Luis Eduardo Magalhães vem da agricultura: R$ 250 milhões por ano. O trabalho no campo promoveu o crescimento da cidade.
Até pouco tempo, Mimoso do Oeste era distrito de Barreiras. Luis Eduardo Magalhães só se emancipou e se tornou município no ano 2000. Nestes 13 anos, a população cresceu 300%.
Segundo o último censo do IBGE, hoje são 60 mil habitantes, principalmente pessoas que vieram de outras áreas do Brasil, mas o crescimento rápido cobrou um preço.
Na loja de material de construção, o construtor Paulo Brito da Silva reclama da dificuldade de achar bons trabalhadores. “Muita gente procura emprego, mas a qualificação é baixa”, diz.
A loja onde Paulo faz as compras está crescendo e deve ocupar mais um enorme galpão de quatro mil metros quadrados.
A venda de novos lotes é anunciada por todos os lados, mas apesar disso, o município não tem cartório de registro de imóveis.
Casas novas, bonitas, ficam em ruas de terra. Alguns moradores pagaram pela pavimentação e, por isso, o asfalto vai até certo ponto e acaba, no meio da rua. Em bairros simples, o lixo se acumula na esquina e o esgoto corre a céu aberto. O hospital da cidade não tem UTI, nem leitos suficientes.
O prefeito Humberto Santacruz, que está no segundo mandato, admite os problemas e põe tudo na conta do crescimento acelerado.
Luís Eduardo Magalhães convive bem de perto com a agricultura, às vezes perto demais.
Alguns agricultores que chegaram na década de 80, passado algum tempo, decidiram alçar novos voos. Foi o que aconteceu com a família do Fábio Lauck. Ele e o pai, no ano 2000, decidiram vender a fazenda e investir em outra área.
Agronegócio é responsável por ampliação
Seguindo rumo ao norte, com destino à Formoso do Rio Preto, quase na divisa da Bahia com o Piauí e Tocantins, hoje fica a sede da fazenda. O pai de Fábio, Jorge, está na colheitadeira e aproveita um período de estiagem para acelerar a colheita da soja.
Jorge já tinha implantado uma fazenda em Luís Eduardo Magalhães e começou na área do zero, de novo, sempre com o apoio do filho Fábio. Hoje são 12 mil hectares de plantio, tudo em soja, e eles se preparam para abrir mais áreas.
A colheita da soja este ano está atrasada. O grão sofreu com períodos de seca e na hora da colheita houve chuva. Apesar do resultado estar abaixo do esperado, Fábio e o pai continuam investindo. “O faturamento da fazenda hoje está em torno de R$ 45 milhões por ano, bruto. Em paralelo temos a transportadora, que trabalha junto, e tem faturamento em torno de R$ 17 milhões por ano”, diz.
É a transportadora própria da família que carrega os produtos da fazenda até Luís Eduardo Magalhães. Fábio considera que o grande gargalo para os agricultores são as estradas em péssimas condições, que dificultam e encarecem o escoamento da safra.
A nova fronteira agrícola continuou a se expandir mais para o norte. No município de Bom Jesus, no Piauí, as estradas que levam às fazendas, mais uma vez, são o desafio.
O presidente da Associação dos Produtores da Serra do Quilombo, Leivandro Fritzen, reclama da falta de infraestrutura.
São problemas antigos, do tempo em que o trator que veio na bagagem dos Manganelli, do RS, ainda funcionava.
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A reportagem mostrou agricultores que foram os pioneiros na produção de grãos na região e mostra porque a região tem sido tão procurada. O programa também mostrou que a cidade de Bom Jesus no Piauí, vem sofrendo com um crescimento rápido.
Confira a reportagem na íntegra:
Imagem: Reprodução TV GloboClique para ampliar
Nenhuma montanha à vista. Nem mesmo um pequeno desnível. Dias ensolarados. Tudo isso encheu os olhos dos agricultores e hoje, o que se vê são lavouras e mais lavouras de soja.A região da "Mapitoba", reúne a primeira sílaba dos estados que a compõem: Maranhão, Piauí, Tocantins e Bahia. A Mapitoba engloba áreas próximas à divisa destes estados.
No município de Luís Eduardo Magalhães, na Bahia, basta um passeio pela zona rural para encontrar agricultor que fez história por lá.
Iris Basso é um deles. Em 1986, ele veio do Rio Grande do Sul com a mulher e dois filhos, um deles Ricardo, então com sete anos.
Ricardo já andava no trator para acompanhar os pais e hoje toca a fazenda junto com uma irmã e o pai. A área tem 1,8 mil hectares de soja, 1,5 mil de algodão e 100 hectares de arroz irrigado. 20% da fazenda foi preservado como reserva e áreas de proteção permanente, respeitando a legislação.
Este mês é época de colheita da soja, uma boa hora para conseguir emprego na lavoura. A colheitadeira some em meio à poeira. O tempo seco prejudicou a produção e Iris reclama.
A soja colhida vai direto para o armazém. Quase 100% dos grãos é vendido para multinacionais e exportado para os Estados Unidos. E Iris já está sofrendo assédio de uma empresa chinesa.
Nestes quase 30 anos, a fazenda prosperou. Com variedades mais adaptadas à região, o solo melhorado e muito trabalho, a produtividade foi subindo e tudo vem sendo reinvestido. Tem refeitório recém-construído, barracões novos, a primeira casa da família hoje é moradia de funcionários. Iris mora em uma casa nova.
Com o sucesso da lavoura, os filhos dos agricultores estão tendo mais oportunidades. Em uma escola de inglês, boa parte dos alunos é filho de fazendeiros.
Quase toda a arrecadação do município de Luis Eduardo Magalhães vem da agricultura: R$ 250 milhões por ano. O trabalho no campo promoveu o crescimento da cidade.
Até pouco tempo, Mimoso do Oeste era distrito de Barreiras. Luis Eduardo Magalhães só se emancipou e se tornou município no ano 2000. Nestes 13 anos, a população cresceu 300%.
Segundo o último censo do IBGE, hoje são 60 mil habitantes, principalmente pessoas que vieram de outras áreas do Brasil, mas o crescimento rápido cobrou um preço.
Na loja de material de construção, o construtor Paulo Brito da Silva reclama da dificuldade de achar bons trabalhadores. “Muita gente procura emprego, mas a qualificação é baixa”, diz.
A loja onde Paulo faz as compras está crescendo e deve ocupar mais um enorme galpão de quatro mil metros quadrados.
A venda de novos lotes é anunciada por todos os lados, mas apesar disso, o município não tem cartório de registro de imóveis.
Casas novas, bonitas, ficam em ruas de terra. Alguns moradores pagaram pela pavimentação e, por isso, o asfalto vai até certo ponto e acaba, no meio da rua. Em bairros simples, o lixo se acumula na esquina e o esgoto corre a céu aberto. O hospital da cidade não tem UTI, nem leitos suficientes.
O prefeito Humberto Santacruz, que está no segundo mandato, admite os problemas e põe tudo na conta do crescimento acelerado.
Luís Eduardo Magalhães convive bem de perto com a agricultura, às vezes perto demais.
Alguns agricultores que chegaram na década de 80, passado algum tempo, decidiram alçar novos voos. Foi o que aconteceu com a família do Fábio Lauck. Ele e o pai, no ano 2000, decidiram vender a fazenda e investir em outra área.
Agronegócio é responsável por ampliação
Seguindo rumo ao norte, com destino à Formoso do Rio Preto, quase na divisa da Bahia com o Piauí e Tocantins, hoje fica a sede da fazenda. O pai de Fábio, Jorge, está na colheitadeira e aproveita um período de estiagem para acelerar a colheita da soja.
Jorge já tinha implantado uma fazenda em Luís Eduardo Magalhães e começou na área do zero, de novo, sempre com o apoio do filho Fábio. Hoje são 12 mil hectares de plantio, tudo em soja, e eles se preparam para abrir mais áreas.
A colheita da soja este ano está atrasada. O grão sofreu com períodos de seca e na hora da colheita houve chuva. Apesar do resultado estar abaixo do esperado, Fábio e o pai continuam investindo. “O faturamento da fazenda hoje está em torno de R$ 45 milhões por ano, bruto. Em paralelo temos a transportadora, que trabalha junto, e tem faturamento em torno de R$ 17 milhões por ano”, diz.
É a transportadora própria da família que carrega os produtos da fazenda até Luís Eduardo Magalhães. Fábio considera que o grande gargalo para os agricultores são as estradas em péssimas condições, que dificultam e encarecem o escoamento da safra.
A nova fronteira agrícola continuou a se expandir mais para o norte. No município de Bom Jesus, no Piauí, as estradas que levam às fazendas, mais uma vez, são o desafio.
O presidente da Associação dos Produtores da Serra do Quilombo, Leivandro Fritzen, reclama da falta de infraestrutura.
São problemas antigos, do tempo em que o trator que veio na bagagem dos Manganelli, do RS, ainda funcionava.
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