O desembargador do Tribunal de Justiça do Piauí , Ricardo Gentil Eulálio Dantas , prorrogou a medida cautelar do uso de tornozeleira eletrônica imposta ao promotor Maurício Verdejo Gonçalves Júnior , e ao ex-servidor do Ministério Público, André Ricardo Bispo Lima , por mais 90 dias. Os dois foram alvos da Operação Iscariotes, que apura a exigência do pagamento de propina de R$ 2.000.000,00 (dois milhões de reais) para arquivar um procedimento contra o empresário Junno Pinheiro Campo Sousa .

A decisão, assinada em 21 de fevereiro de 2025, atendeu, em parte, ao pedido um formulado pelo Ministério Público Estadual do Piauí, que havia solicitado um prazo maior, de 180 dias.

Foto: GP1 (imagem exclusiva)
Promotor titular da 6ª Promotoria de Picos, Maurício Verdejo Gonçalves Júnior

Na mesma decisão, o desembargador ratificou que não há dispositivo legal que limite o prazo das medidas cautelares diversas da prisão, as quais podem perdurar enquanto presentes os requisitos do artigo 282 do Código Penal. “Vislumbra- se que as medidas cautelares ainda se demonstram necessárias e adequadas para o regular trâmite investigatório, corroborando para a sua lisura e efetividade. Essas medidas se demonstram suficientes e adequadas para prevenir a reiteração criminosa e para resguardar a ordem pública”, destacou.

Portanto, estão mantidas a proibição de acesso e frequência às instalações do Ministério Público do Piauí; comunicação entre os investigados e com servidores do MP-PI, tendo em vista as investigações que ainda estão em curso.

Operação Iscariotes

No dia 7 de agosto de 2024, a Polícia Federal deflagrou a primeira fase da Operação Iscariotes quando cumpriu um mandado de busca e apreensão na residência do promotor em Teresina, ocasião em que foram apreendidos aproximadamente R$ 900 mil em espécie. A investigação teve início após o empresário Junno Pinheiro relatar à PF que foi abordado pelo promotor em um restaurante, onde foi exigido o pagamento para cessar a investigação.

Em depoimento à PF, Junno Pinheiro relatou que o promotor disse ter “apoio e muita força” no âmbito do Poder Judiciário. Segundo o empresário, Maurício afirmou que “não importa quais recursos eu movimente, todos ‘iriam parar’ em desembargador ou em juiz ‘ligado’ a ele”.

Assessor foi alvo da 2ª fase da Operação Iscariotes

O advogado André Ricardo Bispo Lima, alvo da segunda fase da Operação Iscariotes, deflagrada na manhã da quinta-feira, 15 de agosto, pela Polícia Federal. Dessa vez, foi dado cumprimento a cinco mandados de busca e apreensão em desfavor dos dois investigados, que terão que utilizar tornozeleira eletrônica como medida cautelar diversa da prisão.

André Ricardo Bispo Lima é advogado e, atualmente, estava trabalhando em home office na capital Teresina, atuando como assessor do promotor Maurício Verdejo na promotoria de Bom Jesus, onde o representante ministerial também respondia.

Depois da deflagração da primeira fase da Operação Iscariotes, que flagrou o recebimento da quantia em dinheiro de R$ 900 mil pelo promotor Maurício Verdejo, a investigação da Polícia Federal avançou e conseguiu identificar a participação do assessor André Ricardo Bispo Lima.

Em função disso, após representação do delegado titular da investigação, o Tribunal de Justiça do Piauí determinou o bloqueio de bens e valores, o afastamento do cargo público e o monitoramento eletrônico do promotor Maurício Verdejo e de seu assessor André Ricardo Bispo Lima, bem como outras medidas cautelares.