O Conselho Nacional do Ministério Público (CNPM) determinou o afastamento do promotor Maurício Verdejo Gonçalves Júnior , acusado de exigir propina de R$ 3 milhões para arquivar investigação contra o empresário Junno Pinheiro Campos Sousa . Ele ficará afastado de suas funções por 90 dias, conforme determinação proferida nessa quinta-feira (8) pelo corregedor nacional do Ministério Público Ângelo Fabiano Farias da Costa.
Maurício Verdejo foi alvo da Operação Iscariotes, deflagrada na quarta-feira (7), pela Polícia Federal e o Ministério Público do Estado do Piauí . Foi cumprido um mandado de busca e apreensão na residência do promotor em Teresina, onde a PF apreendeu aproximadamente R$ 900 mil em espécie.
Em nota, o Ministério Público do Piauí informou que o corregedor também proibiu o promotor de acessar, até outra deliberação, qualquer prédio ou instalações órgão, exceto para participação em atos instrutórios determinados pela Procuradoria-Geral de Justiça ou pela Corregedoria-Geral.
“A Corregedoria-Geral do MPPI realizará correição extraordinária na Promotoria de Justiça titularizada pelo investigado e em outras Promotorias em que tenha oficiado nos últimos anos”, consta na nota do Ministério Público.
Pedido de prisão do promotor
Nessa quinta-feira (8) o promotor João Malato Neto, subprocurador de Justiça Jurídica do Ministério Público, pediu a prisão preventiva do promotor suspeito de cobrar propina. O pedido está nas mãos do desembargador Ricardo Gentil Eulálio Dantas.
Leia a nota do Ministério Público na íntegra:
O Ministério Público do Estado do Piauí, por meio da Procuradoria-Geral de Justiça e da Corregedoria-Geral, está atuando em conjunto com a Corregedoria Nacional do Ministério Público para adoção de providências relativas à Operação Iscariotes, deflagrada em desfavor de promotor de Justiça investigado por recebimento de vantagem indevida para arquivar procedimento investigatório criminal.
O Conselho Nacional do Ministério Público instaurou reclamação disciplinar contra o promotor de Justiça. Em decisão proferida nessa quinta-feira, 08 de agosto, o corregedor nacional do Ministério Público, conselheiro Ângelo Fabiano Farias da Costa, determinou o afastamento do investigado das suas funções pelo prazo de 90 dias e a proibição de seu acesso, até outra deliberação, a qualquer dos prédios e instalações do MPPI, exceto para participação em atos instrutórios determinados pela PGJ ou pela Corregedoria-Geral.
A Corregedoria-Geral do MPPI realizará correição extraordinária na Promotoria de Justiça titularizada pelo investigado e em outras Promotorias em que tenha oficiado nos últimos anos.
Todas as medidas constantes na decisão do CNMP foram prontamente cumpridas pelo MPPI, sem prejuízo das investigações criminais já em curso no âmbito desta instituição. O MPPI reafirma o compromisso com a aplicação da lei, o esclarecimento dos fatos e a apuração de responsabilidades.
Operação Iscariotes
A investigação teve início após o empresário Junno Pinheiro relatar à Polícia Federal que foi abordado pelo promotor em um restaurante, onde foi exigido o pagamento para cessar a investigação.
Em depoimento à PF, Junno Pinheiro relatou que o promotor disse ter “apoio e muita força” no âmbito do Poder Judiciário. Segundo o empresário, Maurício afirmou que “não importa quais recursos eu movimente, todos ‘iriam parar’ em desembargador ou em juiz ‘ligado’ a ele”.
Entrega de propina foi gravada
Um vídeo registrou o empresário Junno Pinheiro entregando um bolsa com dinheiro ao promotor, em um condomínio de luxo em Teresina.
O registro mostra o momento em que Junno Pinheiro estaciona seu carro, uma SW4 preta, e desce do veículo. Em seguida, o promotor sai de uma casa de luxo e vai em direção ao empresário; eles chegam a se cumprimentar. As imagens ainda mostram o empresário pegando uma bolsa com dinheiro no banco traseiro do carro e entregando-a a Maurício. Em seguida, os dois entram na casa.