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Teresina - Piauí

Tenho medo da próxima matéria ser sobre minha morte, diz estudante Victória Soares

A vítima contou os detalhes do namoro abusivo de 7 meses que viveu com o Matheus Alencar.

A estudante de Direito, Victória Aparecida Soares Batista, que expôs nas redes sociais e formalizou denúncia acerca das agressões que sofreu nas mãos do namorado, Matheus Vitor da Silva Alencar, filho do delegado Sérgio Alencar, revelou nesta quinta-feira (11) os detalhes do relacionamento abusivo e da violência que viveu.

Ao lado da mãe, Victória Soares foi até a Delegacia da Mulher Sudeste nesta quinta-feira para prestar depoimento sobre o caso. Em entrevista ao GP1, a vítima manifestou que teme pela própria vida e pela possibilidade do acusado Matheus Alencar ficar impune, mesmo após a denúncia e repercussão sobre o caso. "Aconteceu [violência doméstica] comigo né? Aí o medo é de na próxima matéria sair 'a jovem morreu'. Aí ele continua solto e minha vida?!", desabafou a Victória.


Foto: Alef Leão/GP1Victória Soares mostra marcas da agressão sofrida
Victória Soares mostra marcas da agressão sofrida

A jovem detalhou como teve início a sequência de fatos, ocorridos na madrugada do dia 10 de maio de 2023 no restaurante Play Point Bar, no bairro São João, zona leste de Teresina, que culminaram em graves agressões e provocaram um corte na sobrancelha e outros ferimentos em partes do corpo dela.

"Ele [Matheus Alencar] estava armado dizendo que iria atirar em todo mundo, tentou me colocar à força no carro, depois ficou me segurando pra eu não sair [do restaurante Play Pont], perseguiu o uber e tudo. Quando começou tudo isso no restaurante, que falaram que iam chamar a polícia, ele pegou a arma e deu para um gerente ou foi garçom, tipo assim 'esconde minha arma', depois ele saiu com o veículo, porque o homem não escondeu e sim ficou com medo, ele pegou o veículo dele e saiu, acho que para deixar a arma em casa que era perto de lá, depois ele voltou e ficou bebendo", narrou Victória.

Em seguida, a vítima continuou: "ele já tinha me esculhambado horrores, me xingado e tudo, me ameaçado e tudo, já tinha me trancado no banheiro, já tinha tentado me colocar à força no carro", lamentou Victória com lágrimas nos olhos.

Além da violência verbal e física, Victória Soares Batista comentou que Matheus Alencar tentou fazer chantagens emocionais para que ela não denunciasse o crime. "Na madrugada ele mandou 'você tá de brincadeira comigo? você sabe que foi sem querer, como que você faz uma coisa dessas?!', mas como que a pessoa arrebenta a porta da casa de uma pessoa aleatória sem querer? Dizer que vai dar tiro em todo mundo sem querer?", indagou a vítima. "Isso é um absurdo, sem falar nas mensagens depois do ocorrido dizendo que me ama, que eu sou a pessoa mais importante da vida dele", expressou a jovem.

Foto: Reprodução/InstagramVictória Soares e o agressor Matheus
Victória Soares e o agressor Matheus

Outras agressões

Conforme o relato da vítima, a situação de violência doméstica já havia sido denunciada anteriormente, no dia 02 de abril de 2023, quando Victória Soares registrou o primeiro Boletim de Ocorrência contra Matheus Vitor da Silva Alencar.

"Não foi a primeira vez. Duas vezes em menos de um mês eu registrei [Boletim de Ocorrência] as outras vezes eu via como um ciúmes de quem gosta, natural sentir ciúmes mas eu não percebi que o ciúmes dele era doentio. Eu demorei a perceber", relatou ela.

Foto: Alef Leão/GP1Victória Soares, estudante de Direito
Victória Soares, estudante de Direito

"No primeiro Boletim ele efetuou disparos contra mim e meus primos, no condomínio dele. Inclusive, todos os moradores ficaram revoltados com isso. Até onde eu sabia estava tendo um baixo assinado contra ele como morador, e os vizinhos comentando que estavam com medo, que ouviram os disparos e pensaram que era foguete, depois perceberam que era tiro", relembrou.

A estudante de Direito frisou que a polícia foi acionada e esteve presente após as agressões que sofreu na primeira vez que registrou Boletim de Ocorrência, mas segundo ela, os policiais se esquivaram de efetuar a prisão de Matheus Alencar.

"Tinham três viaturas na hora do ocorrido, tinham policiais lá dentro e não ia dar em nada. Ele não foi preso em flagrante nem nada, não fizeram nada, apenas foram embora devagarinho, uma viatura por uma. Se fosse eu seria diferente né?", pontuou Victória.

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