Valendo além da taça, River e Fluminense-PI entram em campo neste sábado (15), pela final do Campeonato Piauiense, no estádio Albertão, em Teresina, às 16h. Caso leve o troféu, o Galo irá voltar os caminhos da glória, já que o time viveu momentos difíceis nos últimos três anos. Para o Fluminense-PI, ser campeão significa além do título, sua consolidação e hegemonia no futebol estadual. É com esse cenário, que o GP1 Esporte buscou a história das duas equipes.
No jogo de ida, no último domingo (09), o Fluminense-PI levou a melhor e venceu por 1 a 0, com gol de cabeça de Lucão. O embate foi na Arena do Guerreiro, em Pedro II, atual casa do Vaqueiro. Nesse primeiro duelo da decisão, as equipes não protagonizaram uma grande partida, gerando um embate sem emoções. Agora, o Galo terá que vencer por um gol de diferença, já que tem a vantagem do empate no placar agregado.
História do River: maior campeão do estado e busca por redenção
De acordo com o livro Memória do Futebol Piauiense, de Severino Filho (Buim), a reunião para criação do River aconteceu em 12 de março de 1948, em uma sexta-feira, na antiga sede do Partido Trabalhista Brasileiro (PTB). A iniciativa foi encabeçada por Afrânio Messias Alves Nunes, Aluísio Soares Ribeiro e Antilhon Ribeiro Soares. Porém, havia uma convergência na data de criação do clube, sendo ela em 1ª de março de 1946.
José Alves Nunes Neto, ex-presidente do clube, declarou anos depois que a data real de criação foi 12 de março de 1948, mas a fundação do River acabou sendo 1ª de março de 1946. O Galo optou por essa decisão para viabilizar sua autorização da Federação Piauiense de Futebol para participar do Campeonato Piauiense.
Na ocasião, Raymundo Ney Baumann, presidente da Federação Piauiense de Futebol na época, evocou o inciso I do artigo 12 do estatuto, para encontrar uma forma de agradar Botafogo-PI e Flamengo-PI, times que dominavam o cenário estadual no tempo. Segundo o inciso, o Galo teria que ter uma existência legal ou registro em cartório. Para tentar reverter e situação, o Tricolor Carijó colocou uma data retroativo em sua fundação, viabilizando o processo mais rápido.
Em relato ao GP1 Esporte, Severino Filho (Buim), afirmou que a ideia do Galo como mascote, foi de Afrânio Nunes, que era simpatizando do Atlético-MG, que tem como símbolo o animal. Com isso, acabou aderindo ao Galo.
A ideia do nome se deu por conta de seu primeiro uniforme, branco com a faixa diagonal vermelha, exatamente iguais a do River Plate, da Argentina. A camisa foi um presente de Dionísio Broxado, funcionário público federal. A priori, o nome River Plate foi parcialmente rejeitado. Porém, optaram por tirar o “Plate”, criando assim o River Atlético Clube. Com isso, o 12 de março de 1948 seria a fundação, e o 1ª de março de 1946, a reorganização.
Após o seu surgimento, o River passou a desbancar as forças do futebol piauiense na época, Botafogo-PI e Flamengo-PI. O Galo fez sua primeira participação no estadual em abril de 1948, sendo campeão logo de cara. Depois disso, levou os títulos até 1963, não conquistando apenas em 1949 e 1963, onde o Botafogo-PI levantou a taça. Esse feito representou a maior série de títulos consecutivos no Piauí.
Após esses anos de glória, o time sofreu com um jejum de títulos, conquistando apenas em 1973, onde venceu o Tiradentes. Isso deu um gás para o clube, que conquistou os Piauienses de 1975, 1977, 1978, 1980 e 1981. Essa época também marcou o melhor do momento do maior ídolo do River, o atacante Sima. Com a camisa do Galo, o jogador marcou 185 gols. Em 1975, o atleta foi artilheiro do Piauiense e todos os campeonatos estaduais do país, balançando as redes 33 vezes.
No mesmo ano, o time participou do Brasileiro Série A, onde goleou o América de Natal por 5 a 1, em jogo único no estádio Albertão. Entre 1982 e 1998, o time passou novamente por um hiato de títulos. Por questões financeiras não participou da edição de 1992. Voltou aos caminhos da glória em 1999, onde voltou a ser campeão. Além disso, também levou os títulos de 2000, 2001, 2002 e 2003.
O time voltava a ser o Eterno Campeão novamente, levando os títulos de 2007, 2014, 2015 e 2016. Em 2015, chegou na final da final do Brasileiro Série D, perdendo a taça para o Botafogo-SP, sob um estádio Albertão lotado. Porém, o River conseguiu para a terceira divisão e a torcida reconheceu o bom desempenho. No ano seguinte amargou um rebaixamento na competição nacional.
O rebaixamento de 2016 acabou tirando o gás do Galo, que voltou a vencer o Piauiense apenas em 2019. Entre 2020 e 2022, passou por anos difíceis, com problemas dentro e fora de campo. Durante esse período, não conseguiu chegar nem nas semifinais do estadual e enfrentou empecilhos internos entre os dirigentes.
Ao todo, o River conquistou 31 títulos do Campeonato Piauiense, se sagrando como o maior campeão da história do Piauí. Após três anos difíceis, o Galo se reergueu em 2023, chegando na final contra o Fluminense-PI.
História do Fluminense-PI: consolidação e ressurgimento no futebol piauiense
Sobre o Fluminense-PI, Severino Filho relatou ao GP1 Esporte que o time só veio se consolidar no futebol profissional do Piauí apenas de quatro anos para cá. Antes disso, participava das competições apenas como coadjuvante. De 2020 em diante, chegou em quatro finais em quatro anos seguidos. Buim também falou sobre do mascote da equipe, o Vaqueiro Belchior.
“Profissionalmente, a história do Fluminense-PI em relação a títulos, começa agora com a tutela de João Vicente. Antes disso, o Vaqueiro participava como mero figurante. Na época, o time tinha como gestor Belchior Barros. Os títulos foram agora, campeão do Campeonato Piauiense Série B, em 2020, vice-campeão da primeira divisão em 2021, e campeão em 2022, buscando agora o bicampeonato. Sobre o mascote, foi uma ideia de João Vicente. Ele escolheu um Vaqueiro, pois todo time tem um representante. Então ele optou por escolher um vaqueiro, um personagem típico da nossa terra. Ele carrega o nome de Belchior Barros, presidente e dono do time por muitos anos”, comentou Severino Filho.
O time teve sua fundação em 31 de janeiro de 1938, tendo como seu primeiro nome, Automóvel Esporte Clube. Durante a reunião, estavam presentes vários motoristas, daí a alcunha do clube. O presidente inicial foi Manoelzinho, um dos fundadores. Dentro de campo, o time não tinha muito expressão, mas teve papel importante na criação da Federação Piauiense de Futebol, atual Federação de Futebol do Piauí, ao lado de Botafogo-PI, Flamengo-PI e Terríveis, em novembro de 1941.
Como na década de 1940, Flamengo-PI e Botafogo-PI mandavam no cenário piauiense, o Automóvel Esporte Clube decidiu mudar o nome, tendo em vista a influência de times cariocas no Piauí. Então, Belchior Barros, presidente da equipe por vários anos, optou por mudar seu nome para Fluminense-PI, em reunião realizado em 05 de janeiro de 1949. Porém, a mudança não teve muitos efeitos, já que muitas pessoas já tinham adotado o River para torcer.
Em 04 de abril de 1975, o Fluminense-PI sofreu uma grande perca, já que Belchior Barros faleceu nesta data. Com a morte do ex-presidente, o time passou por dificuldades financeiras e fechou suas portas em 1978. Durante seu período de atividades, o clube conquistou a Série B do campeonato Piauiense, em 1967, e a Taça Cidade de Teresina em 1976.
Sob a tutela de João Vicente, o Fluminense-PI retornou suas atividades 20 anos depois, mas apenas com as categorias de base. Diferente dos anos anteriores no profissional, a base teve um melhor retrospecto, chegando em várias finais do Piauiense. Além disso, também acumula participações na Copa São Paulo de Futebol Junior, maior competição sub-20 do Brasil.
Retrospecto de River e Fluminense-PI no Campeonato Piauiense
Durante a primeira fase da competição, o River terminou na liderança com 31 pontos. Com a mesma pontuação, Fluminense-PI encerrou sua participação na etapa inicial do estadual na segunda colocação. Nas semifinais, o Galo deixou para trás o Parnahyba. Já o Vaqueiro despachou o Altos.
Ver todos os comentários | 0 |