Nayrana Meireles
Brunno Suênio
A Justiça expediu na tarde dessa terça-feira (26), mandado de prisão temporária em desfavor de Wanderson Luiz da Anunciação Rocha, de 19 anos, por um homicídio ocorrido no dia 11 de julho de 2022, no bairro Macaúba, zona sul de Teresina. Wanderson já foi condenado por assassinar o estudante Rayron Holanda em 2018 durante um assalto e foi preso em flagrante ontem, em virtude de outros crimes.
O pedido de prisão temporária foi expedido pela Justiça a pedido da delegada Fernanda Iris Artur Novaes, do Departamento de Homicídio e Proteção à Pessoa (DHPP) e cumprido no mesmo dia, visto que Wanderson Luiz foi preso em flagrante pela Força Tarefa da Secretaria de Segurança (SSP-PI) por associação criminosa.
Segundo o DHPP, no dia 11 de julho de 2022, a vítima estava andando na Rua Porto, bairro Macaúba, juntamente com outra pessoa não identificada, quando foi abordada por Wanderson, que estava pilotando uma motocicleta e que indagou João se ele pertencia a uma determinada facção criminosa.
A vítima teria então negado e continuou caminhando pela rua, momento em que Wanderson teria retornado e abordado a vítima, efetuando vários disparos de arma de fogo contra ela, que morreu no local do crime.
Prisão de Wanderson
Wanderson Luiz foi preso em flagrante por receptação e associação criminosa na noite dessa terça-feira (26), na Avenida Barão de Gurguéia, durante a Operação São Cristóvão, deflagrada pela Força Tarefa da Secretaria de Segurança Pública em parceria com a Diretoria de Inteligência da Polícia Militar.
Em entrevista ao GP1 na manhã desta quarta-feira (27), o major Audivam Nunes, comandante da Força Tarefa, informou a Operação São Cristóvão foi deflagrada a pedido o secretário de Segurança Rubens Pereira e terminou com um saldo muito positivo.
“Ontem, por determinação do secretário de Segurança, nós fizemos a Operação São Cristóvão, operação integrada entre a Força Tarefa e a Diretoria de Inteligência da Polícia Militar. Tivemos êxito na prisão de cinco pessoas, dois veículos roubados recuperados e uma quantia de 36.500 e três armas de fogo, foi um saldo muito positivo para a Segurança Pública do Estado. Tiramos de circulação indivíduos de alta periculosidade, de ficha extensa no mundo do crime. Ontem nós colocamos um ponto final nas atividades dele, o mandado de prisão dele saiu, ele está preso, foi autuado em flagrante delito por receptação e associação criminosa e se encontra agora na Central de Flagrantes à disposição da Justiça”, informou o major Audivam.
Segundo o major Audivam Nunes, Wanderson Luiz estava com outros dois indivíduos em um veículo pronto para cometer mais crimes, quando foi interceptado pelos policiais da Força Tarefa.
“Interceptamos o veículo que ele andava, ele e mais dois parceiros. Esperamos ele passar na região da Tabuleta, eles estavam saindo da zona sul para a zona norte para pegar dois veículos roubados, uma Toro e uma Sandero, inclusive esse veículo Toro foi o mesmo utilizado em um homicídio no sábado a noite, na zona norte de Teresina, onde os bandidos trocaram tiros com equipe da PM. Tínhamos informações do Serviço de Inteligência da Polícia Militar que na noite de ontem teria um derramamento de sangue na zona norte de Teresina e no momento em que ele estava passando nós interceptamos ele na Barão de Gurguéia, fizemos a abordagem dele e depois conseguimos localizar os dois veículos que eles iriam utilizar”, relatou Audivam Nunes.
Celular apreendido
O major Audivam Nunes informou ainda que os policiais também conseguiram apreender o celular de Wanderson Luiz, que pode ajudar a identificar quais os homicídios praticados por ele na Capital.
“Wanderson é acusado de vários homicídios, matou o estudante de Medicina, roubou a arma de um sargento, roubou a arma de um policial penal, foi preso pela PRF e tem áudios dele dizendo que matou várias pessoas. Temos informações que ele tem envolvimento no bairro Cidade Nova, inclusive ele falava isso em seu celular, apesar da pouca idade é um individuo em alto grau de periculosidade e não pode ficar solto no seio da sociedade. Ontem nós o prendemos, entregamos na Central de Flagrantes e o magistrado assinou o mandado de prisão dele. Nós fazemos o nosso papel constitucional que é prender e apresentar para a autoridade policial judiciária. Nós esperamos que ele não fique solto, mas se ele ficar solto, pode ter certeza que a Policia Militar vai prender ele e apresentar novamente para a Justiça do Estado do Piauí”, finalizou o coordenador da Força Tarefa.
Homicídio no Cidade Nova
Wanderson Luiz também é apontando como um dos executores de Rafael Castelo Branco da Silva, 24 anos, morto com vários tiros na madrugada da última sexta-feira (22), no bairro Cidade Nova, zona sul de Teresina.
O delegado Danúbio Dias, do Departamento de Homicídio e Proteção à Pessoa (DHPP), disse em entrevista ao GP1 nesta quarta-feira (27), que Caio, irmão de Rafael, pediu o carro do padrasto dizendo que iria pegar um lanche, no entanto, ele saiu para pegar outros três comparsas, entre eles Wanderson, com o intuito de matar o irmão. Ao retornar, Caio bateu no portão, o padrasto abriu e em seguida os quatro puxaram Rafael para o terraço da residência, onde aconteceu a execução.
"O Caio morava em uma residência ao lado e na noite do crime ele pediu o carro emprestado para o padrasto para buscar o suspeito, Wanderson e outros dois indivíduos, cujas identidades estamos tentando confirmar. Ele saiu no veículo do padrasto por volta de 23h e retornou por volta de 1h da madrugada. Ele enganou o padrasto para entrar na casa e quando entrou, os três que estavam com ele armados invadiram a casa e Caio, Wanderson e outros dois indivíduos foram até o quarto, arrancaram Rafael de dentro e o executaram”, relatou o delegado Danúbio.
De acordo com Danúbio Dias, Rafael foi executado com cerca de 16 disparos de arma de fogo na frente dos pais e dos quatro irmãos, todos crianças, de 3, 4, 7 e 10 anos.
O delegado Danúbio Dias garantiu que não restam dúvidas quanto ao envolvimento de Wanderson Luiz no assassinato de Rafael e frisou que vai pedir que seja expedido um mandado de prisão contra ele em virtude desse crime.
“Wanderson vai ser indiciado. Estamos providenciando o mandado dele. Não resta dúvida que ele tenha envolvimento com esse homicídio, pois ele é bastante conhecido”, completou Danúbio Dias.
Morte de Rayron Holanda em 2018
O estudante de medicina da Universidade Federal do Piauí (UFPI), Antônio Rayron Soares de Holanda, de 22 anos de idade, foi morto com um tiro no peito nas primeiras horas do dia 25 de novembro de 2018, após reagir a um assalto próximo a uma estação de ônibus, na Avenida Miguel Rosa, na zona sul de Teresina.
O jovem estava deslocando para a parada de ônibus, por volta de 6h da manhã, quando foi abordado por um indivíduo a pé. Antônio Rayron morreu no local do crime.
Prisões e processos contra Wanderson
A mais recente prisão de Wanderson foi realizada na noite dessa terça-feira (26), pela Força Tarefa da Secretaria de Segurança Pública (SSP-PI). Somente no mês de julho, é a terceira vez que Wanderson é preso. A primeira prisão aconteceu no dia 11 de julho, quando ele foi preso em uma perseguição policial realizada pela Polícia Rodoviária Federal (PRF), na zona leste de Teresina.
Após três dias, no dia 14 de julho, foi capturado pela Força Tarefa da Secretaria de Segurança Pública, sob suspeita de ter roubado a arma de um policial penal.
No início deste ano, mais precisamente no dia 27 de janeiro, o acusado havia sido preso pelo Grupo de Repressão ao Crime Organizado (GRECO), quando as equipes policiais o capturaram portando uma arma de fogo. Nas diligências, a Polícia Civil prendeu Wanderson e outros comparsas, que eram suspeitos de planejar um assalto a uma loja de peças automotivas no bairro Primavera. Na época, a Justiça chegou a decretar prisão preventiva dele.
Condenação com soltura
Com uma extensa ficha criminal, Wanderson foi condenado pela Justiça em maio deste ano, após a prisão do Greco. O acusado foi condenado a 3 anos de prisão, porém, foi permitido que cumprisse a pena em liberdade.
Infrações arquivadas
Dos 16 processos aos quais Wanderson já responde na Justiça, 14 deles foram abertos quando ele ainda era menor de idade e por isso foram arquivados. Os outros dois estão ainda em andamento, que correspondem aos crimes ocorridos neste ano.
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