Após o caso de agressão contra a jornalista Emanuelle Madeira do Globo Esporte Piauí - TV Clube, ocorrido durante uma briga generalizada entre jogadores e funcionários da Associação Atlética de Altos, o presidente do Tribunal de Justiça Desportiva do Piauí (TJD - PI), Marcelo Leonardo Barros Pio, resolveu interditar o Estádio Felipe Raulino, o Felipão, e também determinou que o acusado da agressão à jornalista, João Paulo dos Anjos Abreu, não pode mais adentrar, mesmo fazendo parte da organização, em nenhum evento esportivo realizado pela Federação de Futebol Piauiense (FFP). A decisão foi dada nessa sexta-feira (07).
Nos autos, pontuou-se que por meio dos vídeos apresentados, ficou claro a agressão que a jornalista sofreu, tendo ainda sido alvo, durante aquele momento, de ameaças e inclusive teve seu aparelho celular retirado à força.
“No presente caso, como foi constatado pelos vídeos apresentados, dois integrantes do time da Associação Atlética De Altos/Pi, que teriam a obrigação de zelar pela boa conduta, andamento e segurança do evento, agrediram e ameaçaram pessoas, tendo inclusive arrancado a força o celular de uma jornalista. Cabe aqui neste momento fazer uma pequena digressão sobre censura e que nos tempos de hoje não existe mais espaço para tal pratica. Ao falar de censura devemos lembrar da influência do poder, ou seja, é preciso entender que, ao longo da história o poder é o responsável por ditar a censura. Os episódios de censura ocorrem em diferentes momentos da história e com diferentes grupos ideológicos no poder, geralmente típicos de grupos autoritários ou inquisitivos”, destacou.
Ainda em sua decisão, o presidente do TJD ressaltou que no caso estão presentes os requisitos que levam a tal medida, pois ficou apontado que no Estádio Felipão existe precariedade física e também referente a segurança.
“No presente caso estão presentes os requisitos autorizadores da medida excepcional, já que os fatos narrados e demonstrados pelas provas que arrimam a exordial são gravíssimos e suficientes para indiciar a precariedade da praça desportiva e da segurança a ela imposta para a realização de eventos desportivos. As cenas narradas na súmula, no relatório do delegado da partida e pelas notícias e vídeos veiculados pela imprensa estadual e nacional são absolutamente lamentáveis, e não deixam dúvidas acerca da necessidade de adotar providências eficientes para que se evite que se repita episódios dessa natureza”, acrescentou.
Por fim, ficou determinado a interdição do local até que o Clube de Altos apresente documentação que diga o contrário e que o acusado de agredir a jornalista seja julgado pelo órgão.
Entenda o caso
A repórter Emanuele Madeira filmava a briga após o jogo do time do Altos x Fluminense quando teve o celular arrancado à força pelo homem, que a agrediu no braço e chegou a agarrar seu pescoço.
O fato aconteceu ao final da partida disputada pela 9ª rodada do campeonato estadual, onde o Altos venceu o Fluminense-PI por 2 a 0. A TV Clube emitiu uma nota repudiando o ocorrido, e segundo a emissora, a confusão começou com uma discussão entre o técnico do Fluminense e o presidente do Altos, o deputado Warton Lacerda (PT).
“Um bate-boca entre o técnico Wallace Lemos, do Flu-PI, e o presidente do Jacaré, Warton Lacerda, desencadeou uma batalha campal na porta dos vestiários do estádio Felipão, em Altos”, diz a nota.
Em um vídeo divulgado pelo Globo Esporte, é possível ver que a jornalista registrava o momento da confusão quando o homem disse que ela não deveria filmar. Ele tomou o celular da profissional e ela, ao tentar recuperar o aparelho, foi agredida por ele, que agarrou seu pescoço. “Enquanto filmava a briga, a profissional da TV Clube, afiliada da Globo no estado, teve o celular arrancado à força e foi agredida no braço por uma pessoa que depois a agarrou pelo pescoço se recusando a devolver o material de trabalho da jornalista”, afirma a TV Clube na nota.
Por fim, a emissora repudiou as agressões sofridas pela jornalista Emanuele Madeira. “A Rede Clube repudia de forma veemente as agressões físicas e verbais sofridas pela nossa colaboradora”, finaliza. A jornalista registrou Boletim de Ocorrência junto à Polícia Civil.
Ver todos os comentários | 0 |