A mãe de Iarla Lima Barbosa falou com o GP1 na manhã desta quarta-feira (24), durante a sessão do júri do ex-tenente do Exército Brasileiro, José Ricardo da Silva Neto, acusado de assassinar a jovem a tiros no dia 19 de junho do ano de 2017, em Teresina.
Dona Dulcineia Lima, que mora no município de Eugênio Barros-MA, relatou que sua filha havia comentado com a irmã que não continuaria o relacionamento com o acusado, mas não teve tempo de tomar atitude e acabou sendo assassinada poucos dias depois.
“No mês de abril eu vim para Teresina cuidar dela durante 8 dias. Eu fiquei aqui e depois levei ela para nossa cidade, em Eugênio Barros, no Maranhão, e no dia 1º de maio ela voltou. Foi a última vez que eu vi minha filha. No dia do crime, eu conversei com ela por mensagem meia hora antes de ela ser morta. A Ilana [irmã da vítima] disse que a Iarla já tinha falado que não iria dar certo [o relacionamento], mas não deu tempo”, comentou.
Bastante emocionada, a mãe de Iarla contou que uma semana antes do crime, no Dia dos Namorados, sua filha enviou uma foto de um buquê de flores que havia recebido do ex-tenente Zé Ricardo. Na ocasião, o casal estava em um restaurante e Iarla trocou mensagens com a mãe, relatando o momento.
“Em maio, ela me falou que tinha um rapaz que queria namorar com ela e eu disse para ela não se envolver, que terminasse o curso dela. Ela disse que conhecia o rapaz, que eles faziam faculdade no mesmo lugar. No dia 12 de junho ela me mandou uma foto de um buquê de flores, dizendo que eles estavam em um restaurante e que ele havia pedido ela em namoro. Aí com sete dias, ele tirou a vida da minha filha”, ressaltou Dulcineia Lima.
“Me sinto metade”
Dona Dulcineia Lima, que hoje vive apenas com a segunda filha, Ilana Lima, disse que se sente metade depois da morte de Iarla Lima Barbosa. Para ela, José Ricardo retirou o bem mais importante que os pais podem ter.
“Hoje a minha outra filha se recusa a sair de casa, sempre que sai é olhando tudo, tentando ver se alguém está com arma. E eu tô vivendo minha vida pela metade. Filho é a coisa mais importante na vida de um pai, de uma mãe. Hoje eu me sinto metade, só isso. Eu quero que ele receba uma pena, não importa se for pequena ou não, isso não vai tirar a dor que eu sinto e que eu vou sentir o resto da minha vida”, finalizou.
Relembre o caso
José Ricardo da Silva Neto executou, na madrugada de 19 de junho de 2017, a namorada Iarla Lima Barbosa e deixou feridas outras duas pessoas, a irmã da vítima, Ilana, e uma amiga de 25 anos, próximo ao Bendito Boteco, na zona leste de Teresina.
O ex-militar iniciou uma discussão com Iarla dentro do carro após saírem de uma festa que ocorria no Bendito Boteco. Ele teria ficado com ciúmes de Iarla e, após fazer acusações contra ela, a atingiu com dois tiros no rosto. A irmã da vítima e a amiga conseguiram fugir do carro. Uma das jovens foi atingida de raspão na cabeça e a outra no braço.
O tenente chegou a retornar para o condomínio onde morava com a namorada morta dentro do carro. Ele foi preso por uma equipe do BPRone.
O juiz de direito da Central de Inquéritos, Luiz de Moura Correia, chegou a determinar a quebra do sigilo de dados e imagens dos aparelhos telefônicos do ex-oficial do Exército com o fim de subsidiar as investigações do Núcleo Policial Investigativo de Feminicídio.
No dia 25 de julho de 2017, a juíza de direito Maria Zilnar Coutinho Leal, respondendo pela 1ª Vara do Tribunal do Júri, recebeu a denúncia contra José Ricardo.
Durante audiência realizada em novembro, José Ricardo confirmou que atirou em Iarla, mas disse que os tiros que atingiram as outras duas pessoas que estavam no veículo foram acidentais.
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