A defesa do jornalista e apresentador Tony Trindade, preso pela Polícia Federal nessa terça-feira (18), durante a Operação Acesso Negado, ingressou com pedido de liberdade provisória com ou sem fiança, no início da tarde desta quinta-feira (20). O advogado responsável pelo pedido é Lucas Villa Lages.
O recurso foi distribuído às 12h11 e às 12h14 os autos foram remetidos para a 1ª Vara Federal Criminal, que ficará responsável pelo julgamento do pedido, onde também foi expedido o mandado de prisão pelo juiz Leonardo Tavares Saraiva no último dia 30 de julho de 2020.
- Foto: Reprodução/FacebookTony Trindade
No pedido, a defesa alega que o jornalista possui uma série de comorbidades que desaconselham sua manutenção em penitenciária superlotada por conta da pandemia do novo coronavírus.
Foi alegado ainda que a soltura do jornalista não trará qualquer risco à sociedade ou às investigações em curso e que a manutenção da sua prisão trará “irreparáveis prejuízos à sua saúde física e mental, à sua reputação e carreira profissional, bem como atinge seus direitos e garantias fundamentais constitucionalmente assegurados”.
É pedida então a revogação da prisão preventiva e, no caso de negativa, a defesa pede a substituição da prisão por medidas cautelares diversas, nos termos do art. 319 do Código de Processo Penal, ou por prisão domiciliar.
Entenda o caso
O jornalista Tony Trindade foi preso pela Polícia Federal durante a Operação Acesso Negado deflagrada na última terça-feira (18), acusado de atrapalhar investigações da Operação Delivery, que apura desvio de recursos públicos do Fundeb destinados à Prefeitura de União, que tem como gestor o prefeito Paulo Henrique. A prisão foi decretada pelo juiz Leonardo Tavares Saraiva, da 1ª Vara Federal da Seção Judiciária do Piauí.
- Foto: Lucas Dias/GP1Carro com o jornalista Tony Trindade chega a sede da Polícia Federal
Segundo o chefe da Delegacia Repressão a Corrupção e Crimes Financeiros (DELECOR) da Polícia Federal, delegado Alan Reis, Tony Trindade estava obtendo informações de caráter sigiloso, orientando os investigados da Operação Delivery na tentativa de, segundo a Polícia Federal, “manipular as provas a serem juntadas no inquérito”.
“A gente apresentou à Justiça de forma bem clara com provas de que esse jornalista estava realizando monitoramento diário das investigações, estava obtendo informações de caráter sigiloso, onde só seria possível através de um acesso ao processo judicial, que é sigiloso. Essa mesma pessoa estava orientando um dos investigados para que se reunisse com testemunhas e outros investigados para que apresentassem depoimentos convergentes, o que demonstra a intenção de manipular as provas a serem juntadas no inquérito. Ele fala em atos intimidatórios, é uma coisa forte você falar isso no intuito de minimizar as investigações. Ainda vamos investigar se é para intimidar a polícia ou a população. Os dois advogados que foram alvo de busca tentaram acessar de forma ilegal processos judiciais, mas o ato deles foi só isso. É grave, mas não tanto como os fatos como o do jornalista”, explicou o delegado Alan Reis.
Operação vazou
Conforme o delegado Allan Reis, os investigados da Operação Delivery foram avisados antecipadamente da ação policial e, por esta razão, provas foram destruídas. “O que a gente percebeu é que foram depoimentos convergentes [dos investigados da Delivery]. Uma mesma versão apresentada de forma bem pontual e uma situação peculiar que ocorreu foi que, na data que a gente protocolou pedidos à Justiça, nesta mesma data os investigados foram informados que haveria operação. O que prejudica bastante o trabalho policial, houve destruição de provas, celulares que foram descartados. Devido a atos de um dos investigados o trabalho da polícia foi atrapalhado”.
O delegado reiterou que Tony Trindade realizou encontros com investigados da Delivery no intuito de manipular depoimentos. “Não foi só esse monitoramento. Não foi um ato pontual que ocorreu. A reiteração do monitoramento de uma investigação judicial com acesso indevido a um acesso judicial sigiloso, estar se encontrando com investigados a fim de manipular. Isso é gravíssimo. Você não sabe se o agente público foi identificado. A polícia não está aqui para passar a mão na cabeça de ninguém, seja jornalista, advogado ou servidor público”.
Oito anos de cadeia
De acordo com a superintendente da Polícia Federal no Piauí, Mariana Paranhos, os investigados da Operação Acesso Negado podem pegar até 8 anos de prisão.
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