A assessoria de imprensa do jornalista Tony Trindade, preso preventivamente após deflagração da "Operação Acesso Negado", da Polícia Federal, na manhã desta terça-feira (18), divulgou uma nota expondo os esclarecimentos do apresentador quanto ao ocorrido. Tony explicou no texto que, na qualidade de apresentador de programa de televisão e colunista de jornal, se restringiu apenas a fazer seu dever de jornalista e formador de opinião, ao divulgar detalhes da Operação Delivery da PF, que investiga desvios de recursos públicos destinados à educação da cidade de União.
Ele acredita que o mandado de prisão preventiva seria a título de frear a divulgação de informações. Para Tony, “soa descabido e desproporcional, uma vez que o jornalista sequer foi ouvido pela autoridade policial antes da condução”.
- Foto: Reprodução/FacebookTony Trindade
Ainda em nota, Trindade afirmou que “é temoroso ao exercício profissional, que jornalistas sejam presos por relações com suas fontes, relações essas que são asseguradas pela própria Constituição Federal”.
Confira a nota na íntegra:
“A assessoria de imprensa do jornalista Tony Trindade considera oportuno esclarecer fatos a respeito da Operação “Acesso Negado”, deflagrada nesta terça-feira (18) pela Polícia Federal, em Teresina, Monsenhor Gil e União e que resultou na prisão preventiva do jornalista.
Conforme nota divulgada pela própria PF, a operação investiga “atos ilegais de intervenção/embaraçamento” à investigação de desvios de recursos públicos destinados à educação na cidade de União, cabe ressaltar que na qualidade de apresentador de programa de televisão e colunista de jornal, Tony Trindade ao veicular fatos da operação, apenas fez o seu dever de jornalista e formador de opinião.
O mandado de prisão preventiva a título de frear a divulgação de informação soa descabido e desproporcional, uma vez que o jornalista sequer foi ouvido pela autoridade policial antes da condução.
É temoroso ao exercício profissional, que jornalistas sejam presos por relações com suas fontes, relações essas que são asseguradas pela própria Constituição Federal.
Tony Trindade coloca-se à disposição das autoridades, certo de que atos ilegais não prosperarão com o aval da justiça”.
Assessoria de imprensa
Entenda o caso
A Polícia Federal prendeu o jornalista Tony Trindade na manhã desta terça-feira (18), em sua residência, localizada na zona sul de Teresina. Ele é o principal alvo da "Operação Acesso Negado”, deflagrada hoje. Um mandado de busca e apreensão foi cumprido no sítio do jornalista, na cidade de Monsenhor Gil.
Tony Trindade é acusado de atrapalhar investigações da Operação Delivery, ação da PF que apura desvio de recursos públicos do Fundeb destinados à Prefeitura de União, que tem como gestor o prefeito Paulo Henrique, cujo Tony Trindade é assessor de comunicação. O GP1 apurou que o jornalista teria tentado obter informações sigilosas da investigação.
A prisão preventiva foi decretada pelo juiz Leonardo Tavares Saraiva, da 1ª Vara Federal da Seção Judiciária do Piauí, com base na Lei 12.850, de 2 de agosto de 2013, que define as organizações criminosas e dispõe sobre a investigação criminal. O jornalista é acusado de embaraçar as investigações. A pena para o crime é a de reclusão, de 3 a 8 anos, e multa.
Atuação
Atualmente o jornalista Tony Trindade é o âncora dos programas Alerta Geral e Tribuna Piauí, transmitidos pela Band Piauí. Ele também é proprietário da produtora TP Propaganda, que atua no ramo publicitário e dono do Vertigo Restaurante.
Experiente, Tony iniciou a carreira jornalística aos 16 anos e, desde então, teve passagens por diversos meios de comunicação do Estado.
Operação Acesso Negado
Tony Trindade foi alvo de mandados de prisão preventiva e busca e apreensão. Além dele, um escritório de advocacia, que não teve o nome revelado, também foi alvo de busca dos agentes da Polícia Federal na manhã de hoje.
Desdobramento da Operação Delivery
De acordo com a PF, durante a Operação Delivery foram identificados atos escusos relacionados a encontros obscuros com agentes públicos com o objetivo de obter informações sigilosas, acesso indevido a processo judicial sigiloso, convergência e manipulação de versões, atos intimidatórios no sentido de frustrar a investigação policial, dentre outros fatos.
O objetivo do cumprimento das medidas judiciais é colher elementos materiais de prova e que identifiquem terceiros responsáveis por fornecer indevidamente informações de caráter sigiloso.
Os investigados poderão responder, na medida de suas culpabilidades, pelo crime de embaraço a investigação policial de crime praticado por organização criminosa (art. 2º, §1º da lei 12.850/13) cuja pena pode chegar a 8 anos de reclusão.
O nome da operação faz referência à conduta daqueles que obtém acesso ilegal a informações resguardadas pelo sigilo.
Operação Delivery
A Operação Delivery, deflagrada no dia dia 12 de maio, cumpriu 5 mandados de prisão preventiva e 10 mandados de busca e apreensão, em decorrência de uma investigação que apurou desvio de recursos públicos da Educação, destinados ao município de União, administrado pelo prefeito Paulo Henrique. Ao todo, cinco pessoas foram presas, dentre elas empresários, agentes públicos municipais e um vereador, todos investigadas por crimes de corrupção, peculato e fraudes licitatórias.
De acordo com o inquérito policial, a Secretaria de Educação de União teria adquirido livros escolares em quantidade maior que o número de alunos do município, utilizando verbas do FUNDEB para a contratação de empresas fictícias de Fortaleza/CE, responsáveis pelo fornecimento fraudulento do material didático.
Análises da CGU apontam que os contratos superfaturados utilizados para obtenção do dinheiro apreendido geraram ao FUNDEB prejuízo mínimo de R$ 500.000,00 (quinhentos mil reais).
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