O corpo do arcebispo emérito de Teresina, Dom Miguel Fenelon Câmara Filho, está sendo velado na Catedral de Nossa Senhora das Dores, localizada na Praça Saraiva, no Centro de Teresina. Ele morreu, na tarde desta quinta-feira (28), após ficar 23 dias internado no HTI com pneumonia.
Padre Amadeu Matias falou de sua convivência com Dom Miguel: "Ele chegou entre nós como nosso quarto arcebispo, vindo já de Alagoas, ele vinha de uma igreja de Nossa Senhora dos Prazeres para a Nossa Senhora das Dores e, entre nós, ele mostrou sempre este cristão que compreendeu o amor a Deus e o amor aos irmãos e às irmãs e com essa marca cristã”, declarou.
“Ele exercia o seu ministério ao Governo, mas o Governo de Dom Miguel é um Governo de alguém que dialogou, que procurou acolher e que procurou enfrentar as problemáticas humanas, especialmente as periferias de Teresina, os pobres de Teresina como também os pobres dos assentamentos rurais, sendo sempre um apoio humano, evidentemente motivado pelo amor a Deus e amor pelos irmãos e irmãs”, contou o padre.
Para sacerdote, a igreja perde a presença humana de Dom Miguel: “Então, para nós, a perda, na verdade, é uma situação assim: de um lado nós perdemos a presença humana dele, mas nós ganhamos a intercessão dele no céu, quer dizer, nós cremos na vida eterna, então para nós a morte não é um acontecimento que tão somente nos abate, do ponto de vista da saudade, mas nós damos também louvores a Deus pela vida dele, pelo ministério dele e pela presença dele intercessora para todos nós”, afirmou.
O governador Wellington Dias também esteve presente e contou da sua relação com o Dom Miguel: “Minha relação com Dom Fenelon é bem anterior à relação de vereador, deputado estadual, federal, governador ou senador. É uma relação de quando eu vim morar em Teresina. Ali, juntamente com a Trindade, a gente muito jovem, eram os meninos, como ele dizia”.
“Dom Fenelon tinha um carinho extraordinário, por isso era, sem sombra de dúvidas, disparado, da Igreja Católica, eu acho que dos que já passaram por Teresina, o mais querido da juventude. E ele não mudou. A gente foi ficando adulto e ele nos tratando com o mesmo carinho, com o mesmo zelo. É uma pessoa que sempre fez essa opção pelos mais pobres, sua preferência pelos mais pobres. Sempre presente nas lutas, momentos de conflito, momentos de tensões, seja no movimento sindical, no movimento social e é essa a memória que eu tenho dele. Hoje eu confesso, foi um dia triste”, lamentou.
Wellington disse que o Brasil perde um grande brasileiro: “Eu sou assim, como quem crer em vida após a morte, na vida eterna, como eu creio, mas hoje me marcou, eu fiquei triste. Alguém muito próximo mesmo que perdi. Eu acho que o Brasil perde um grande brasileiro”.
O governador considerava Dom Miguel um irmão: “É muito mais que um bispo, ele é como se fosse aquele irmão mais velho, aquele amigo com quem a gente tinha muita liberdade de poder conversar sobre temas, poder se aconselhar. Às vezes eu ia à casa dele sem agenda, sem nada, para tomar um café, para ouvir sobre uma decisão que tinha que tomar e é claro, conselheiro, sempre pensando no melhor para o Piauí”, lembrou.
Estiveram presentes no velório, o deputado e presidente da Assembleia Legislativa do Piauí, Themístocles Filho, o vereador e presidente da Câmara Municipal de Teresina, Jeová Alencar e a vereadora Teresa Britto, além de vários membros da Igreja Católica.
O sepultamento acontecerá, nesta sexta-feira (29), às 11 horas, após as exéquias solenes, dentro da própria catedral.
História
Miguel Fenelon Câmara Filho nasceu no dia 4 de abril de 1925, em Quixeramobim, município do Ceará. Desde criança já pensava em ser padre e com apenas 12 anos ingressou no Seminário Menor de Fortaleza. Foi ordenado sacerdote aos 23 anos, em 8 de dezembro de 1948 com o Lema: Scio cui credidi (Sei em quem acreditei). Estudou no Seminário da Prainha, em Fortaleza. Fez pós-graduação em Roma, cursando Ciências Sociais na Universidade Gregoriana; e na Universidade Pro Deo, fez especialização em Ação Social e Opinião Pública.
Foi padre no Ceará, atuando em paróquias do interior. Como professor lecionou no Seminário Maior de Fortaleza. Nomeado pelo Papa João Paulo II, a ordenação episcopal se deu em 19 de março de 1970. Desta data até o dia 5 de fevereiro de 1974 foibispo auxiliar da capital cearense. Depois seguiu para o Estado de Alagoas em Maceió, e lá foi Arcebispo Coadjutor. Em 24 de novembro de 1976 tornou-se Arcebispo de Maceió. Nessas funções, cumpriu a missão de homem consagrado.
Embora de origem cearense, sempre revelou grande amor ao Piauí, especialmente por Teresina. Chegou em Teresina no ano de 1984 e tomou posse como arcebispo metropolitano em 6 de janeiro de 1985. Foi o quarto arcebispo de Teresina, e à frente da Arquidiocese ficou por 16 anos, até o dia 21 de fevereiro de 2001. Seu episcopado foi marcado por importantes contribuições como o avanço das pastorais sociais.
Ainda como Arcebispo Metropolitano fundou o Lar de Misericórdia, Lar da Fraternidade, Casa de Zabelê e Centro Maria Imaculada. Casas de abrigo e acolhida que até hoje servem a comunidade mais carente. Ele também realizou as ordenações dos primeiros frutos do Seminário Maior Sagrado Coração de Jesus. Nas ações creditadas a ele para o fortalecimento da Igreja e reestruturação da Cúria, encontra-se ainda a criaçãodo primeiro Vicariato das Comunicações Sociais do Brasil com a finalidade de promover, articular e integrar os serviços de comunicação no âmbito de Igreja local.
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