Tradicional na Semana Santa, a apresentação do espetáculo Paixão de Cristo sempre atrai um número expressivo de pessoas nas cidades de Bom Jesus, Teresina e em Floriano que tem o segundo maior teatro a céu aberto do Nordeste.
Em Teresina, a peça era apresentada apenas pelo Grupo de Teatro do Monte Castelo (GTMC), mas há quatro anos surgiu o Grupo Ato de Teatro do Lourival Parente, com objetivo de levar a apresentação para os moradores da região do bairro. A encenação da Paixão de Cristo pelo Grupo Ato de Teatro do Lourival Parente aconteceu, este ano, pela segunda vez, no último domingo (09), no Complexo Esportivo Parentão.
- Foto: Marcelo Cardoso/GP1 Dilcon Carvalho
Dilcon Carvalho, ator e um dos fundadores do grupo explicou a criação do Ato de Teatro do Lourival Parente: “Ele é um grupo de pessoas do bairro, mas nós começamos a fazer realmente a parte teatral nos interiores, nos apresentamos em União a convite de Simone Mendes, que é secretária hoje de lá e depois em Nazária, e com essa necessidade de haver aqui em Teresina mais um grupo, resolvemos criar o Ato aqui no Lourival Parente”, contou.
Dilcon também falou sobre a origem do nome Ato de Teatro: “Antigamente se chamava 1º ato, 2º ato, 3º ato e 4º ato, hoje é 1ª cena, 2ª cena, 3ª cena, 4ª cena, mudou-se o nome, e também a gente aceitou esse nome porque traduz a história de São Paulo Apóstolo, que escreveu o ato dos apóstolos, o padroeiro aqui do bairro é São Paulo Apóstolo, por causa dessa palavra ato que já vem do teatro e por causa do apóstolo a gente escolheu esse nome”, explicou.
Para viver pela 12ª vez Jesus Cristo, Dilcon, que tem 50 anos, contou como é feita essa preparação: “Procuro estudar o personagem, reviver toda a história, estudo através da bíblia, que é a leitura que temos mais correta sobre ele, pesquisa também nos livros, então Jesus é um dos personagens mais difíceis de interpretar, inclusive foi a palavra da pessoa que interpreta o Lúcifer em nossa peça, o ator Aristóteles, mas pra mim foi uma experiência nova, por mais que eu faça há 12 anos”.
- Foto: Marcelo Cardoso/GP1 Dilcon Carvalho interpreta Jesus Cristo há 12 anos
Questionado qual a sensação de interpretar Jesus todos esses anos, Dilcon garantiu que não é a mesma coisa: “É diferente, os evangelistas mesmos, Marcos, Matheus, Lucas e João descrevem Jesus cada um de uma maneira diferente, um Jesus passa mais rápido, aquele Jesus que passa fazendo o bem, o outro já passa Jesus mais Calmo, outro passa Jesus mais amoroso, que é João Apóstolo, aquele Jesus que é igual a Deus, que é amor, e quem ama permanece em Deus, e é realmente difícil porque Jesus é uma pessoa enigmática, você olha pra ele e vê poxa ele fala assim: “eu vim trazer a paz e depois diz eu não vim trazer a paz eu vim trazer a guerra”, porque vai chegar uma hora que vai se voltar um contra o outro, pai contra filho, filho contra pai
Para Dilcon “Jesus consegue através de toda essa estrutura, dessa conjuntura que ele tem, de ser divino e humano, porque na verdade Jesus foi mais humano do que divino, para nos compreender, nos entender e tem toda essa capacidade de conhecimento através dessa vivência também e nós procuramos vivenciarmos essa permanência para poder transmitir às pessoas realmente esse Jesus que o povo escolhe e que o povo vê”.
Este ano 3.500 pessoas assistiram à apresentação, 1.500 a mais do que no ano. “Em 2016 tinha 2 mil pessoas, por causa da chuva, da falta de energia, na verdade foi um vendaval, porque até mesmo os cenários caíram por causa do vento”, lembrou.
O espetáculo foi apresentado também, no Parque Lagoas do Norte, na última terça-feira (11), e o Parque da Cidade também vai receber a peça, no domingo (16).
- Foto: Marcelo Cardoso/GP1 Ator Dilcon Carvalho como Jesus Cristo
Entenda como é feita a apresentação da Paixão de Cristo
“A gente procura fazer no 1º ato o batismo de Jesus que é quando começa a vida cristã dele, quando começa a sua vida de homem público, que ele deixa de ser seu para ser do povo, Jesus naquele momento deixa de ser de Maria, de José para ser do povo, então começa a missão dele realmente após o batismo de João. O 2º ato já é a tentação no deserto onde ele vence essas tentações, o 3º ato é a Santa Ceia que é quando ele se divide entre a dor e a alegria, a dor de ser traído pelos seus amigos, a dor de participar daquele momento de despedida e alegria de estar celebrando com eles a última ceia e alegria de servir e louvar a Deus, já no final ele canta salmos de louvores a Deus, depois vem o 4º ato que é a prisão de Jesus quando ele é preso pelo Levitas que são os soldados dos fariseus e logo após vem o julgamento perante Pilates que é o poder romano, o 5º ato é via crucis que são cenas dentro de cenas, o 6º ato é o encontro com Verônica, a mulher que enxuga o seu rosto, e que transparece o seu rosto ao enxugar, 7º ato é o encontro com Maria, logo após vem o encontro com as mulheres de Jerusalém e com Sirineu que ajuda a carregar a cruz, uma homem da cidade, e 8º e último ato é a crucificação, que é o momento ápice da peça, que é quando Jesus morre na cruz e pede perdão por todos nós, naquele momento ele volta ao passado, em 7 dias Deus criou o mundo e em 7 frases na cruz ele resume tudo, “Tenho sede”, “Mulher eis teu filho, filho meu eis tua mãe”, “Pai, eles não sabem o que fazem”, “Tudo está consumado”, “Deus Meu, Deus Meu, por que Me desamparaste?” e “Pai em tuas mãos entrego o meu espírito”. Ele liga tudo aquilo que era do começo e vai lá para o fim. E vem o encerramento com ascensão de Jesus, e logo após voltamos ao palco para agradecer o povo que está assistindo”, enumerou Dilcon.
Bom Jesus
Dilcon contou ainda que foi convidado pelo secretário estadual da Cultura, Fábio Novo, para interpretar Jesus na Paixão de Cristo da cidade de Bom Jesus, nesta sexta-feira (14): " Essa é a primeira vez que vou fazer Jesus, em Bom Jesus, em outras ocasiões eu interpretei outros personagens", afirmou.
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