O Ministério Público do Estado do Piauí, por meio do promotor Régis de Moraes Marinho, da 15ª Promotoria de Justiça, ofereceu denúncia em juízo nesta sexta-feira (20), contra oito acusados da morte do cabo Claudemir Sousa, assassinado no dia 06 de dezembro de 2016. A denúncia foi oferecida conforme inquérito policial do Grupo de Repressão ao Crime Organizado (GRECO), da Secretaria Estadual de Segurança Pública.
Conforme a denúncia, a ex-diretora administrativa do Hospital Areolino de Abreu, Maria Ocionira Barbosa de Sousa e o ex-funcionário da Infraero, Leonardo Ferreira Lima, encomendaram juntos a morte do cabo Claudemir Sousa, por motivação passional. “Temendo que o retorno a esta cidade - há pouco mais de um mês antes do crime em questão - da vítima Claudemir de Paula Sousa - que tencionava reatar seu namoro com a acusada, inclusive chegando a pedi-la em casamento - viesse a prejudicar a relação amorosa e financeira deles dois, resolveram encomendar a morte da vítima”, diz o documento.
- Foto: Facebook/Claudemir Sousa Claudemir Sousa
Para isso, Leonardo contactou o taxista José Roberto Leal da Silva, vulgo “Beto Jamaica”, para que este intermediasse a contratação dos matadores, mediante a promessa do pagamento de 20 mil reais, pela morte do cabo. Foi então que ele apresentou à Leonardo, os acusados Weslley Marlon Silva, Francisco Luan de Sena e Igor Andrade Sousa, vulgo “Igor Gordão”.
Em seguida, Beto Jamaica se encontrou um dia antes do crime com os três na Churrascaria Residência do Bairro Mocambinho (zona Norte), por volta de 12h, para dividirem as “tarefas” do crime e planejarem como seria realizada a execução da vítima. Na divisão, ficou estabelecido que Weslley e outro acusado de nome Flávio Willame da Silva seriam os atiradores, crime confessado posteriormente por ambos, tendo Weslley portado uma pistola calibre .380 e Flávio, um revólver calibre .38, para tirarem a vida de forma covarde do policial militar, sem possibilidade de defesa.
Claudemir Sousa foi atingido pelas costas por oito tiros, tendo seis perfurações localizadas no dorso tóraco-abdominal, uma no braço e outra no cotovelo esquerdo, ocasionando morte imediata. Conforme o laudo do exame cadavérico, ele morreu por choque hipovolêmico hemorrágico, em virtude da transfixação dos pulmões, coração, aorta e perfuração abdominal.
O acusado Igor ficou responsável para ceder aos assassinos as armas de fogo e o carro, de modelo Fiat Uno Vivace 1.0, cor preta, ano 2012, chassi 9BD195152C0333041, de placa ODU-9144, que estava adulterada para a de número NIU-0454. O veículo estava licenciado no nome de Josefina Maria da Silva, mas era de propriedade de Cintya Maria Nunes de Santana. A mesma foi vítima de Igor, no dia 28 de novembro do ano passado, quando por volta das 19h40, o acusado, juntamente com dois comparsas, subtraíram o veículo dela, com o uso de arma de fogo. O assalto aconteceu na Rua Celso Pinheiro, próximo à Pizzaria D’Goes, situada no Bairro Cristo Rei (zona Sul).
Já os acusados Francisco Luan e Thaís Monait Neris de Oliveira ficaram como olheiros, para avisarem aos executores do homicídio, o exato momento em que a vítima sairia da academia de ginástica onde estava em direção à motocicleta. Segundo a denúncia, os dois fizeram isso a partir de um trailer, que fica localizado em frente à academia, sendo confirmado a presença deles no local, pelo proprietário do estabelecimento.
A denúncia foi formalizada por considerar nos autos, indícios suficientes de autoria e prova da materialidade delitiva, após depoimentos de 30 testemunhas, a intenção de Leonardo e Maria Ocionira de tirarem a vida do cabo Claudemir, considerando também que Leonardo já possuía uma pistola .380 e um pedaço de papel com informações sobre a moto da vítima, encontrado pela polícia na cabeceira da cama do acusado.
Além disso, os amantes já estavam com passagens compradas para passarem o final de ano em Natal (RN) e as férias em janeiro de 2017 para a cidade de Amsterdam, na Europa, além de reservas de hospedagens para o mesmo hotel e suíte. Sendo que no mesmo dia do homicídio, Maria Ocionira, fria e calculista, em conversas no “whatsApp” com a mãe da vítima, mandou fotos do apartamento montado por ela para, supostamente, morar com a vítima, após o casamento, marcado para 25 de fevereiro de 2017.
Assim, estando provadas as autorias delitivas do crime, conforme inquérito policial, o Ministério Público pede à Justiça que determine que os acusados sejam citados para responder à acusação, por escrito, no prazo de 10 dias, bem assim intimados para a audiência de instrução e julgamento e demais atos processuais, ouvindo-se todas as testemunhas, e interrogando, em seguida, os acusados, para que os réus sejam julgados e condenados pelo Tribunal Popular do Júri da Comarca de Teresina.
Vale ressaltar que não foi ofertada denúncia Wagner Pereira Falcão, a nona pessoa indiciada após a conclusão do inquérito, tendo praticado o crime de falso testemunho, por saber do envolvimento de Maria Ocionira e Leonardo e negar o fato à polícia.
Ver todos os comentários | 0 |