Depois de 16 anos de trauma, a britânica Anna Ruston (nome fictício), hoje com 44 anos, resolveu lançar um livro chamado Secret Slave, que significa ‘Escrava Secreta’. Na publicação, ela conta como sobreviveu após passar 13 anos mantida em um cativeiro, onde era constantemente estuprada e espancada.
De acordo com a BBC Brasil, o caso aconteceu na região central da Inglaterra e o drama começou quando Anna tinha apenas 15 anos. No livro, ela conta que foi rejeitada pelos pais e conheceu o taxista Malik, em 1987. Um dia, ele que era aparentemente bondoso, a convidou para tomar um chá e conhecer a família dele. Na mesma noite, Anna foi estuprada.
- Foto: DivulgaçãoLivro Escrava Secreta
"Eu imaginava que um dia ele ia entrar no quarto e dizer: 'Calce os sapatos e vamos'. Mas isso nunca aconteceu.'(...) Ele me chamava de 'escória branca' e dizia: Faça tudo o que eu mando ou você sabe as consequências", diz em trechos do livro.
Anna conta que era sistematicamente abusada por Malik [nome fictício] e também por parentes e amigos do sequestrador. Ela teve quatro filhos, que foram dados a desconhecidos. "Nunca me deixaram amamentar, trocar fralda, mudar roupinha. Simplesmente mantinham o bebê longe de mim. (...) Tiraram todos eles de mim", complementa.
Por conta das torturas e das tentativas fracassadas de suicídios e fugas, a vítima foi parar diversas vezes no hospital, mas descreve que não conseguia fugir, porque sempre três ou quatros pessoas ficavam com ela enquanto estava internada e a acompanhavam até mesmo para ir ao banheiro. "Eu nunca ficava sozinha com os médicos e não podia falar com eles. Só balançava a cabeça. (...) Eu torcia para alguém sair da sala para eu poder dizer ao médico: preciso de ajuda, estou em cativeiro, tenho que sair. Mas eles nunca saíam do meu lado. (...) À noite, dormiam perto de mim e diziam que estavam cuidando de mim", narra.
Anna relata que só conseguiu escapar depois de entregar um bilhete para uma assistente social que tinha ido visitar o seu quarto filho, e se dispôs a ajudá-la. Antes disso, Malik havia anunciado que Anna, juntamente com ele e a família, iam para o Paquistão. "Quando ele disse isso, pensei que só tinha duas saídas: me matar ou fugir. Eu sabia que não estava indo para uma festa e achava que provavelmente eles iam me apedrejar até a morte”, diz.
Foi durante as preces do Ramadã, o mês sagrado dos muçulmanos, que ela finalmente conseguiu fugir. "Eles rezavam no quarto ao lado e eu vi que a chave estava na porta. Desci, abri a porta, senti o ar fresco e corri, corri muito até o carro da assistente social, que esperava na esquina", afirma.
Ao tomar conhecimento do caso, a polícia tentou interrogá-la várias vezes, mas por medo de morrer, ela não revelou a verdadeira identidade de Malik. "Ele tirou tudo de mim. Eu me sentia péssima, suja. Espero que as pessoas não me julguem e que seja feita justiça por tudo o que esse homem me fez passar", conclui.
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