O Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa ( DHPP ), identificou, por meio de exame de DNA, nesta sexta-feira (21), que uma ossada encontrada na zona rural de Teresina trata-se de Sérgio Luiz Bezerra Monteiro Júnior , desaparecido em 21 de março de 2023, após ser vítima do Tribunal do Crime, no Centro de Teresina. Desde quando ocorreu o crime, o corpo da vítima nunca tinha sido encontrado.
De acordo com o delegado Jorge Terceiro, responsável pela investigação, Sérgio foi chamado por uma mulher até a Praça da Bandeira, onde foi atraído para o consumo de drogas. No local, ele foi abordado por integrantes do Bonde dos 40, que atuam em Timon e Teresina. O grupo suspeitou que o rapaz fosse membro de uma facção rival e o levou a um prédio abandonado, próximo ao Mercado Central, onde decidiram que ele fazia parte do grupo inimigo, sem nenhuma comprovação concreta. Após essa ocorrência, Sérgio desapareceu e nunca teve seu corpo encontrado.
“Na época em que ele desapareceu, foi aberto o inquérito policial no Departamento de Homicídios. A investigação revelou que ele foi chamado até o centro da cidade, mais especificamente à Praça da Bandeira, por uma moça que teria enviado uma mensagem para ele com a intenção de consumirem drogas. Chegando lá, após alguns instantes, um grupo de uma facção criminosa envolveu o rapaz na praça. Na época, foi o Bonde dos 40, grupo que atuava em sua maioria em Timon e no centro de Teresina, pegou um rapaz que suspeitavam ser membro de uma facção rival. Eles o levaram para um prédio abandonado próximo ao Mercado Central, na esquina do mercado. Lá, o grupo teria julgado o rapaz e decidido que ele realmente fazia parte de uma facção, possivelmente por morar em uma área dominada por outro grupo, apesar de não haver qualquer envolvimento, como foi constatado pelas nossas equipes. E, a partir desse momento, o rapaz desapareceu”, detalhou o delegado.
A investigação conseguiu reunir evidências importantes, incluindo filmagens do grupo conduzindo Sérgio até o imóvel, além de depoimentos de testemunhas que viram o momento em que ele foi levado. As investigações também identificaram todos os envolvidos, levando à prisão de seis membros da facção. Embora o corpo de Sérgio nunca tenha sido localizado, todos os acusados foram indiciados por homicídio qualificado, ocultação de cadáver e organização criminosa. Dois deles já foram julgados, com penas de até 20 anos, enquanto outros quatro aguardam julgamento.
“A investigação seguiu adiante e conseguimos filmagens do grupo levando o rapaz até o imóvel onde ele desapareceu. Também ouvimos testemunhas que viram o momento em que ele foi levado, incluindo pessoas que foram conduzidas com ele para o interior do imóvel, mas que foram liberadas logo após o grupo perceber que não tinham envolvimento. Essas pessoas também foram ouvidas no procedimento investigatório. Identificamos todos os membros do grupo e pedimos as prisões temporárias, que posteriormente foram convertidas em prisões preventivas. Mesmo sem a localização do corpo, todos os envolvidos foram indiciados por homicídio qualificado, ocultação de cadáver e organização criminosa. Os seis maiores envolvidos foram denunciados. Dois deles já foram julgados, sendo que um pegou mais de 18 anos de prisão e o outro mais de 20 anos. Ainda há quatro pessoas aguardando julgamento”, informou Jorge Terceiro.
Corpo da vítima tinha sido encontrado, mas não tinha identificação
Recentemente, a família de Sérgio participou da campanha de coleta de material genético de familiares de desaparecidos. O material fornecido foi comparado com uma ossada encontrada na região das torres de transmissão, na Taboca do Pau Ferrado, e o exame de DNA confirmou que se tratava de Sérgio Luiz.
“Somente agora, depois de todo esse tempo, com as defesas alegando que estavam sendo condenados por homicídio qualificado e que a vítima poderia estar viva em algum local desconhecido, a investigação mostrou que estava correta. Recentemente, com a campanha de coleta de material genético de familiares de pessoas desaparecidas, a família de Sérgio Luiz Monteiro Bezerra Junior, a vítima, compareceu e forneceu material genético. Esse material foi comparado com uma ossada encontrada na região das torres de transmissão, na área da Taboca do Pau Ferrão, no segundo semestre de 2023. O exame de DNA confirmou que a ossada era de Sérgio Luiz. Agora, estamos enviando os laudos para o Ministério Público, junto com outros procedimentos, para refutar as alegações de que o rapaz poderia estar vivo e nunca foi encontrado”, finalizou o delegado.