O caso do envenenamento de uma família em Parnaíba segue cercado de mistérios. Na última sexta-feira (31), Maria dos Aflitos , matriarca da família, foi presa sob suspeita de envolvimento direto no crime. Dias antes, seu companheiro, Francisco de Assis Pereira da Costa , já havia sido detido, acusado de ser um dos responsáveis pelas mortes. As suspeitas recaíram sobre o casal porque ambos foram os únicos que não consumiram o arroz envenenado.

Confissões e detalhes do crime

Durante depoimento, disponibilizado pela polícia, Maria dos Aflitos admitiu participação no crime e confessou ter assassinado Jocilene. Ela afirmou que envenenou a vítima acreditando que isso poderia ajudar a libertar Francisco de Assis, comparando a situação com o que aconteceu com Lucélia. "O que houve é que eu estava cega de amor pelo Assis, e para tê-lo de volta, poderia acontecer o mesmo caso. Gosto muito dele, ainda gosto", disse Maria.

Foto: Reprodução
Maria dos Aflitos Silva e Francisco de Assis Pereira da Costa

Ela também declarou que os primeiros envenenamentos foram cometidos por Francisco, que desprezava seus filhos e netos. Segundo Maria, ele premeditou o plano utilizando cajus como álibi para justificar o mal-estar das crianças, desviando a atenção da polícia. As duas primeiras vítimas infantis teriam sido envenenadas por meio de um refresco, enquanto, durante a madrugada, Francisco adicionou veneno ao arroz sem que Maria percebesse.

Já no caso de Jocilene, Maria contou que encontrou o veneno atrás do fogão e misturou todo o conteúdo no café que preparou e serviu à vítima. Após ingerir a bebida, Jocilene usou o mesmo recipiente para tomar água e, cerca de 30 minutos depois, começou a passar mal ainda dentro da residência. Maria descartou a embalagem no lixo, que foi recolhido antes da chegada da perícia.

A versão de Francisco de Assis

Em depoimento, que também foi divulgado, Francisco de Assis tentou se isentar de culpa e insinuou que Jocilene ou Lívia poderiam ter visto Maria adicionando veneno à panela. Ele afirmou que Lívia costumava usar o celular na cozinha e, por isso, acredita que Jocilene pode ter sido a responsável pelo envenenamento. "A Jocilene não gostava do meu relacionamento com a Maria. Ela tramou tudo para me incriminar," declarou Assis. Segundo ele, as duas tinham um caso e, por isso, Jocilene teria planejado o crime para afastá-lo.

Francisco também utilizou outras estratégias para desviar as investigações. No primeiro crime, aproveitou a chegada de cajus na casa para criar um álibi e alegar que os frutos teriam causado o mal-estar das crianças. No segundo episódio, utilizou peixes (manjubas) doados por terceiros como justificativa para novas mortes, induzindo a polícia ao erro.

As investigações apontaram que Francisco de Assis exercia um rígido controle sobre os alimentos da casa, armazenando-os em um baú trancado e carregando a chave pendurada no pescoço, o que resultava em episódios de fome entre os moradores.

Relacionamento

Francisco de Assis afirmou ainda em depoimento que Jocilene e Maria mantinham um relacionamento amoroso e que ele tinha conhecimento da relação. Ele relatou que frequentemente via as duas dormindo juntas e que, quando estavam no quarto, saía para deixá-las à vontade. "Elas tinham uma relação. Várias vezes as vi dormindo juntas. Eu acredito que elas tinham um relacionamento, mas nunca fizeram nada na minha frente", declarou.

Ele também alegou que Jocilene não aprovava seu relacionamento com Maria: "Além de querer ficar com a Maria, ela achava que eu não era um bom homem dentro de casa porque não dava dinheiro para Maria, ao contrário dela, que ajudava financeiramente".

Maria dos Aflitos e Francisco de Assis responderão pelas mortes de oito pessoas. O caso segue sendo analisado pelas autoridades, que buscam esclarecer todos os detalhes do crime.