O delegado Paulo Gregório Furtado da Silva , da 8ª Delegacia Seccional de Teresina, instaurou inquérito policial no dia 28 de janeiro de 2025 para investigar uma quadrilha acusada de aplicar o golpe conhecido como “Boa Noite Cinderela” em diversos bares da capital piauiense. Os investigados foram identificados como Sandra Maria Alves da Silva , Ítalo Francisco Alves Silva e Karoline Guedes do Nascimento , supostamente envolvidos nos crimes de roubo, estelionato e associação criminosa.

Conforme o delegado, os três são familiares e atuam em um modus operandi comum, tendo feito diversas vítimas, que tiveram celulares, cartões e dinheiro roubado após serem dopados e caírem no sono. Sandra, mãe de Ítalo, é a responsável por ir aos estabelecimentos e escolher uma vítima, normalmente homens. Assim que percebe que a pessoa já está embriagada, convida para se juntar a ela.

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Sandra Maria, Ítalo Francisco e Karoline Guedes

Nesse momento, a vítima começa a tomar uma bebida com alguma substância que a hipnotiza e assim acaba informando as senhas de celular e cartões, e logo depois adormece. Enquanto o homem dorme, Sandra foge do local e leva os pertences da vítima. Em seguida, a mulher usa uma maquineta para passar os cartões roubados, além de efetuar compras com o dinheiro subtraído dos homens.

O filho dela, Ítalo Francisco, recebe os celulares roubados pela mãe e usa as redes sociais das vítimas para pedir dinheiro emprestado aos amigos e familiares. A esposa dele, Karoline Guedes, também participa dessa etapa do crime. Conforme denunciado por uma das vítimas, as transferências bancárias são feitas em nome de uma terceira pessoa, que após receber os valores, transfere a quantia para Karoline Guedes, sem saber que o dinheiro era oriundo de golpes.

Homem "apagou" e acordou sem nada

Um dos casos envolvendo a família investigada é de um homem que, no dia 19 de dezembro de 2024, foi gravado inconsciente em um bar de Teresina. Assim que acordou, ele percebeu que teve a carteira e o celular roubados, razão pela qual procurou denunciar o caso à Polícia Civil. Ele relatou que consumiu cinco cervejas no estabelecimento e após pagar a conta, uma mulher lhe convidou para tomar mais uma cerveja em outra mesa.

Depois de tomar duas cervejas na companhia da mulher, ele disse que ingeriu um energético e “apagou”. Assim que acordou, o dono do bar avisou que, enquanto o homem dormia, a mulher que estava com ele pagou a conta utilizando o cartão do banco e a senha da vítima, e depois foi embora em uma motocicleta. A vítima então percebeu que teve a carteira com os cartões de débito e crédito e um celular roubados.

Depois, a mulher fez um saque e compras nos cartões, que acarretaram em um prejuízo de R$ 6.504,00. Além disso, relatou que outras pessoas usaram o seu Whatsapp e Instagram para pedir dinheiro emprestado. Ao decorrer das investigações, os policiais localizaram o aparelho celular na casa de Ítalo Francisco Alves Silva, que negou a posse do telefone.

Entretanto, ao verificar a documentação do indivíduo, um detalhe chamou a atenção das autoridades: a mãe dele, Sandra Maria Alves da Silva, tem o mesmo nome da proprietária da maquineta utilizada para fazer compras com os cartões roubados. Da mesma forma, o Pix encaminhado aos familiares das vítimas era de um amigo de Ítalo Francisco, que desconhecia da prática delituosa e repassava os valores para Karoline Guedes.

Ítalo e a mãe já respondem pelo mesmo crime, praticado com o mesmo modus operandi, ocorrido no ano de 2019. Na sede da delegacia, a vítima ainda reconheceu Sandra Maria como a mulher que o abordou no estabelecimento, e logo depois sumiu com seus pertences.