Pesquisadores do Curso de Ciência Política, da Universidade Federal do Piauí , que estudam a desocupação imobiliária no Centro comercial de Teresina, constataram que o processo, conhecido por “vazios urbanos”, avança rapidamente sobre o centro de Teresina e em seis meses cresceu 5%. No levantamento anterior, na primeira parcial semestral, essa “desertificação” causava há seis meses um prejuízo de pelo menos R$ 108 milhões à economia local.
As pesquisadoras Lara Beatriz, Ilmária Carvalho e Iury Campelo realizam trabalho de campo e acompanham mês a mês a evolução do problema. De acordo com o pesquisador Iury Campelo, de dezembro a junho mais 57 pontos comerciais foram desocupados, numa área de pouco menos de 100 quarteirões. “Agora já são 1.209 imóveis comerciais sem ocupação. A situação é preocupante, pois pontos comerciais de rede varejista, pequenas e médias lojas fecharam. São mais duas centenas de empregos a menos, impostos a menos, e isso impacta no fluxo de pessoas que consomem no Centro de Teresina, ampliando a pressão sobre os comerciantes que ainda operam na região”, explica o pesquisador.
“Centro de Teresina já tem data para colapsar: 2030”. Comércio de Timon e bairros como Dirceu e Parque Piauí tomaram o fôlego do empresarial da região. O que se observou nesses seis meses foi severo. Se os fatores que deram causa a esse problema não forem compreendidos e atacados, o Centro de Teresina tem data para colapsar: 2030. Conseguimos identificar por meio de pesquisas qualitativas que o perfil dos usuários do comércio de Teresina são os moradores dos bairros contíguos e a população da vizinha cidade de Timon”, explica.
“Timon ainda sustentava o consumo no Centro de Teresina nos últimos dez anos. Mas, com o crescimento da cidade que dista do Centro apenas os 400 metros do rio Parnaíba, colocou novos elementos na outra ponta da equação. A população de Timon já consome os mesmos produtos comercializados no Centro de Teresina na própria cidade do Maranhão. Lá existe um grande incremento imobiliário, com também, um aumento nas lojas comerciais, e um Shopping Center quase que de frente para o Shopping da Cidade (de Teresina). Os preços das mesmas mercadorias são menores no Maranhão. O Centro de Teresina está perdendo seu fôlego comercial nas mercadorias populares, que já estava perdendo para bairros como Dirceu Arcoverde e Parque Piauí. Agora, começa a perder para Timon, que já tem as mesmas lojas varejistas do outro lado do rio Parnaíba.
Especulação imobiliária deixa Centro de Teresina na mão de poucos empresários
Outro fator relevante apontado pela pesquisa foi levantado por Iury Campelo. “O Centro de Teresina, historicamente, era uma área residencial e com forte vocação comercial. Hoje é explorada com fins especulativos por cinco ou seis grandes empresários, que concentram os imóveis disponíveis para locação e, também, aqueles que já estão lacrados em alvenaria, sem uso, e pelo valor cobrado nos alugueis, não justificam qualquer tentativa de negócio ou ocupação. Imóveis que poderiam ser produtivos, são objeto apenas de reserva imobiliária, sem nenhuma ocupação, sem destino, sem finalidade social”, finalizou o pesquisador.
De acordo com os pesquisadores, esse trabalho é financiado por recursos próprios e subsidia uma startup que eles irão implementar. O resultado será divulgado e será de domínio público.
A pesquisa se concentra no quadrilátero composto pela Avenida Maranhão, Rua 24 de Janeiro, Rua São Pedro e Desembargador Freitas, cujas praças eram o maior entroncamento de linhas de transporte público do Piauí, confluência de milhares de pessoas todos os dias”, explica a pesquisadora Ilmária Carvalho.