A Polícia Civil do Piauí indiciou, no último dia 14, quatro pessoas acusadas de participação no assassinato de Miguel José de Sousa, crime ocorrido na cidade de Vera Mendes no dia 29 de abril. Ronivaldo de Sousa Vera, Fábio da Silva, Jakson Carvalho Rodrigues e Jesmael Natal dos Santos Mendes responderão pelos crimes de latrocínio – roubo seguido de morte – e associação criminosa.

O inquérito foi conduzido pela delegada Robianne Nunes. Miguel José foi morto com vários disparos de arma de fogo na sede da Associação de Moradores do povoado Gameleira, zona rural de Vera Mendes, na manhã seguinte à Feira da Agricultura Familiar, evento realizado naquele local.

Foto: Reprodução/WhatsApp
Miguel José de Sousa foi morto a tiros

Segundo a polícia, Fábio da Silva e Jakson Carvalho realizaram o assalto na sede da associação e levaram o dinheiro apurado do evento, no montante de aproximadamente R$ 20 mil. Miguel José, que estava no local ajudando na limpeza, tentou reagir e foi alvejado, junto com outro morador que também se encontrava lá no momento.

Os tiros foram efetuados por Fábio, antes de subir na motocicleta conduzida por Jakson e empreender fuga, de acordo com o inquérito

Mandante

Logo após iniciar as primeiras diligências, a polícia chegou ao possível mandante do crime: Ronivaldo de Sousa Vera. A investigação concluiu que o latrocínio se deu no contexto de uma disputa por distribuição de bebidas em Vera Mendes, isso porque Ronivaldo, que, até 2022 monopolizava o comércio na cidade, se viu diante de um concorrente, e nessa festa de 2024 não forneceu produtos para o evento.

O objetivo de Ronivaldo, segundo os investigadores, era mandar os assaltantes tomarem o dinheiro apurado no evento para dividirem entre si.

Dono da motocicleta

Posteriormente, a Polícia Civil chegou ao responsável por fornecer a motocicleta utilizada no crime: Jesmael Natal dos Santos Mendes. Conforme as autoridades, ele cedeu a moto de sua propriedade – retirando a placa para a execução do crime – e depois a revendeu.

Indiciamento

Diante disso, a delegada Robianne Nunes concluiu pelo indiciamento dos quatro acusados, pelos crimes de latrocínio e associação criminosa.

Continuidade das investigações

Ao concluir pelo indiciamento, a delegada também destacou a necessidade da continuidade da investigação dos outros envolvidos, Ronivon Raimundo da Vera e Valdenor da Silva Vera, suspeitos de outros atos ilícitos, inclusive crimes eleitorais.

Conforme a investigação, foi cumprido mandado judicial de busca e apreensões nos endereços de Valdenor, tendo resultado na apreensão de 2 armas de fogo e na sua prisão em flagrante. "Cumpre ressaltar que todas as ações criminosas envolvendo a associação criminosa se deram com emprego de arma de fogo, o que torna possível haver envolvimento do investigado Valdenor com os demais criminosos ora investigados", destacou a delegada.

Consta ainda que dados telemáticos obtidos apontaram que, possivelmente, Valdenor mantinha contato frequente com outros investigados, tais como Fafá e Jakson. “Chama atenção a presença de indícios que sugerem a prática de crimes de outras naturezas. Em particular, há evidências de possíveis crimes eleitorais, manifestados pela oferta de pagamento de passagens para supostos eleitores residentes em outros estados. Além disso, foram identificados recebimentos de valores cuja origem e finalidade não foram devidamente especificadas, o que sugere a participação de figuras políticas do seu município em possíveis ilícitos eleitorais. Dessa forma, se faz necessário a continuidade das investigações, com atuação de outras diligências cabíveis e/ou envio do material para outras autoridades competentes para o prosseguimento de praxe”, frisou a autoridade policial.

Diante disso, a delegada determinou o encaminhamento dos autos para a Delegacia Especializada de Combate às Facções Criminosas, Homicídios e Tráfico de Drogas, para que seja instaurada investigação a respeito da existência de possível organização criminosa atuando na macrorregião de Picos. Com a evidência de condutas ilícitas no âmbito eleitoral, ele concluiu pela necessidade de se encaminhar o material apreendido em poder de alguns investigados para a Polícia Federal.